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Arquitetos: MVRDV
- Área: 75 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Ossip van Duivenbode
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Fabricantes: JUNG, Solarlux
Descrição enviada pela equipe de projeto. Valley, o arranha-céu dramático, inspirado na geologia e coberto de plantas, foi projetado pela MVRDV para o incorporador Edge, inaugurado oficialmente em uma cerimônia na sexta-feira. O edifício de 75.000 m², recentemente declarado o novo melhor arranha-céu do mundo pelo Emporis Awards, destaca-se no bairro Zuidas de Amsterdã, com suas três torres de 67, 81 e 100 metros e seus espetaculares apartamentos em balanço. O edifício se distingue de várias maneiras: primeiro, combina escritórios, lojas, restaurantes, instalações culturais e apartamentos em um único edifício; segundo, ao contrário dos edifícios fechados no entorno do bairro, os terraços verdes que serpenteiam as torres no quarto e quinto pavimento são acessíveis a todos por meio de duas escadas externas de pedra. A extensa vegetação do edifício, projetada pelo arquiteto paisagista Piet Oudolf, abriga aproximadamente 13.500 plantas jovens, arbustos e árvores. À medida que estas crescerem nos próximos anos, elas darão ao complexo uma aparência cada vez mais verde, tornando o edifício um manifesto para uma cidade mais verde.
Valley é uma tentativa de trazer uma dimensão verde e humana de volta ao ambiente inóspito dos escritórios de Amsterdam Zuidas. É um edifício com múltiplas fachadas, as bordas externas do edifício possuem uma concha de vidro espelhado liso, que se encaixa no contexto do distrito comercial. Dentro desta casca, o edifício tem uma aparência natural completamente diferente, mais convidativa, como se o bloco de vidro tivesse se desintegrado para revelar faces rochosas abertas repletas de pedras naturais e vegetação.
Vários locais ao longo do complexo de três torres oferecem vistas deslumbrantes da cidade - os apartamentos, é claro, mas especialmente o sky bar no topo da torre mais alta, onde os visitantes podem acessar através da loja Molteni no térreo. O layout do edifício é adaptado a uma diversidade de moradores, trabalhadores e visitantes: sobre o estacionamento do subsolo com três pavimentos, os escritórios ocupam os sete pavimentos acima, já os apartamentos estão localizados no oitavo andar e acima. Grande parte do edifício está aberto ao público: desde o caminho de acesso público que contorna o vale central do nível da rua, até a Gruta, um átrio que configura uma rua coberta no primeiro pavimento onde o Laboratório Sapiens - um terreno fértil para jovens cientistas - será inaugurado em breve. A gruta é ligada ao exterior por duas grandes claraboias que funcionam como espelhos d'água no nível dos jardins acima, e seu piso de pedra natural, paredes e tetos - possuem a mesma pedra usada nas superfícies do complexo e das torres - deixando claro que todas as áreas públicas do edifício fazem parte da mesma formação aparentemente geológica.
O projeto e construção do Valley foi totalmente personalizado, exigindo o compromisso de centenas de projetistas, engenheiros, construtores, consultores e, é claro, do cliente. A forma enormemente complexa exigiu um compromisso especial com detalhes que melhoram ainda mais o conceito do projeto. Os especialistas em tecnologia da MVRDV criaram uma série de ferramentas digitais personalizadas para aperfeiçoar o edifício, desde uma ferramenta que garantiu que cada apartamento tivesse luz e vistas adequadas, até um programa que tornou possível o padrão aparentemente aleatório de mais de 40.000 ladrilhos de pedra de tamanhos variados que revestem as fachadas do edifício. Cada um dos 198 apartamentos tem uma planta única, possível pelo projeto de interiores da Heyligers Architects. Os estranhos balanços das torres são possíveis graças à engenharia inovadora, incluindo onze peças “especiais” de aço parafusadas ao edifício de concreto que levam a aparência geral ao próximo patamar.
O arquiteto paisagista Piet Oudolf desenvolveu uma matriz para selecionar as plantas certas para cada local do edifício, considerando fatores como vento, luz solar, temperatura e manutenção. As árvores, por exemplo, são encontradas em grande parte nos pavimentos inferiores, enquanto os pavimentos mais altos suportam principalmente plantas pequenas. No total, mais de 271 árvores jovens e arbustos e aproximadamente 13.500 plantas menores ocupam as floreiras de pedras naturais, representando 220 espécies diferentes de plantas. Nos próximos anos, o edifício amadurecerá na aparência exuberante da visão da equipe de projeto enquanto a vegetação continua a crescer. A biodiversidade desta paisagem é ainda apoiada por casas de pássaros e morcegos, assim como várias instalações para abelhas e insetos. Mantido por um sistema de irrigação automática e por "jardineiros da fachada", as árvores e plantas nos terraços afetarão positivamente o bem-estar das pessoas que vivem e trabalham no Valley.
O Valley combina insights no campo da sustentabilidade, tecnologia e saúde. O desempenho energético do edifício é 30% melhor do que os regulamentos locais exigem, além de receber a certificação BREEAM-NL Excelente para os espaços comerciais, e a área residencial obter uma pontuação de 8 em 10 na Escala de Construção GPR, uma ferramenta de medição holandesa que pontua edifícios em cinco temas de energia, meio ambiente, saúde, qualidade de uso e valor futuro. As mais recentes tecnologias inteligentes estão integradas nos espaços de escritório, incluindo sistemas de automação predial baseados em IP e vários sensores ligados ao monitoramento do uso real.
A construção do Valley levou quatro anos, com os primeiros moradores e empresários se mudando para o edifício no final de 2021. Com a cerimônia de inauguração realizada na última sexta-feira pelo proprietário do edifício, RJB Group of Companies e a incorporadora Edge, o projeto está finalmente pronto para ser totalmente ocupado pelo público.
O design marcante do edifício já atraiu a atenção e o debate da mídia, especialmente na imprensa holandesa. "Mais uma vez, a MVRDV mostra que imagens de sonho podem ser construídas", explica Kirsten Hannema para o Volkskrant. "Usando um software 3D, em que os arquitetos introduziram requisitos em relação à iluminação natural, visão, carga de resfriamento e exposição ao ruído, eles 'racionalizaram' o projeto. As fachadas de forma irregular acabam tendo cerca de dez ângulos diferentes, com o revestimento de pedra natural encaixado como um quebra-cabeça".
"Um oásis no deserto de pedra de Zuidas", escreve Bernard Hulsman no NRC Handelsblad. "Não é somente devido à floresta vertical e as partes da construção em balanço, onze das quais são tão grandes que parecem flutuar, que o Valley difere de todas as torres construídas no último quarto de século entre a estrada circular A10 de Amsterdam e o distrito de Buitenveldert. Com restaurantes e lojas no pavimento térreo, escritórios nos sete primeiros pavimentos, e acima disso, 198 unidades de aluguel em muitos formatos e tamanhos, o Valley é o primeiro edifício no Zuidas onde se misturam trabalho, vida e entretenimento".