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Arquitetos: Garcia & Melero Arquitectos
- Área: 2184 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Pablo Diaz Fierros
Descrição enviada pela equipe de projeto. O edifício fica localizado no bairro Arenal, uma trama de ruas estreitas e alongadas fora do limite das muralhas da cidade histórica, a meio caminho entre a Catedral e o rio Guadalquivir. Ele ocupa um terreno próximo aos Atarazanas medievais e à arena de touros Maestranza, um espaço que já fez parte de um antigo armazém de fundição e ferro com uma estética regionalista. Com frente para a Calle Rodo e para um pequeno e ainda mais estreito adarve, o terreno é delimitado lateralmente pelas empenas dos edifícios vizinhos.
Para fora, o edifício dialoga com a arquitetura tradicional que o cerca, integrando uma nova arquitetura que está atenta ao seu tempo, mas também imersa na memória histórica do lugar. Essa referência ao passado não se dá recorrendo à mímica, nem à ruptura às vezes tão típica do movimento moderno, mas através do diálogo com seu entorno e do respeito pelo caráter histórico do bairro, reinterpretando suas fachadas tradicionais com aberturas alongadas e pequenas varandas, mas filtradas através da peneira de uma linguagem moderna e dinâmica.
Projetamos uma fachada para ser vista não apenas de frente, mas também, dada a estreiteza das ruas, de lado. Esta vista lateral e inclinada do edifício torna-se a principal, incorporando um desenho novo e de qualidade baseado em materiais tradicionais e sustentáveis como argamassa de cal, cerâmica esmaltada e ferro pintado para varandas e portões. Em contraste com a predominância do branco, a fachada incorpora um toque de cor através dos detalhes de cerâmica esmaltada que circundam as aberturas da fachada. O simples gesto de enquadrar as aberturas dos pavimentos superiores com reentrâncias aumenta sua presença e as destaca.
Uma vez dentro do edifício, o espaço é articulado em torno de um pátio central, que é o elemento que assume o protagonismo. Coberto por um teto de vidro leve e transparente, o pátio passa verticalmente por todos os níveis, inundando o centro do edifício com luz natural. A luz natural torna-se assim o principal material que constrói o espaço interno, fluido e contínuo, íntimo e introvertido. O pátio, banhado em luz e acompanhado pelo murmúrio da água da fonte, é um lugar calmo e tranquilo para os estudantes se encontrarem e aproveitarem a vida juntos.
Este pátio não é apenas uma área de estar no térreo; nos andares superiores, duas grandes passarelas cruzam o vazio de um lado para o outro, enquanto as galerias perimetrais são generosamente dimensionadas, criando novos espaços que podem ser utilizados para múltiplos fins e que são configurados como áreas de reunião e moradia, assim como de circulação.
A planta do edifício, basicamente retangular em sua geometria, tem duas linhas centrais de unidades que se abrem para as ruas, enquanto nas laterais correspondentes às empenas há uma faixa de um lado que agrupa os elementos de comunicação vertical e do outro, dependências para uso comum como a sala de estudo, a academia e a lavanderia.
A estrutura do edifício é composta por uma estrutura metálica exposta, na qual pilares e lajes leves de chapa dobrada definem e organizam os diferentes espaços. Todos os elementos estruturais são pintados de branco, exceto as chapas de aço galvanizado dobradas das lajes do piso, que permanecem em sua cor natural e aparente, definindo assim um padrão brilhante, luminoso e vibrante nos tetos.
A organização da residência obedece ao esquema tipológico tradicional da casa sevilhana: átrio de entrada-pátio-salas. Desta forma, o salão de entrada se torna, graças a sua condição de espaço filtrante com duplo fechamento (portão de barrotes e porta envidraçada), um regulador térmico eficiente que atua em conjunto com as janelas da moldura envidraçada.
O edifício atinge a máxima eficiência energética sem o uso de sistemas sofisticados de controle climático ou máquinas caras, mas somente utilizando procedimentos simples, talvez aperfeiçoados e atualizados, que já foram testados pela tradição e memória. Estes procedimentos incluem, entre outros, um bom fator de forma, ventilação natural, controle solar adequado, iluminação natural, relação de área fechada/envidraçada, uso de energia aerotérmica, coleta de água da chuva para irrigação da vegetação e sistema centralizado de controle de temperatura.