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Arquitetos: Pedro Mosca & Pedro Gonçalves Arquitectos
- Área: 163 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:José Campos
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Fabricantes: CIN, Gyptec, JNF, Secil
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Capela CBE insere-se num edifício de acolhimento e ensino no centro da cidade do Porto e o espaço era caracterizado pela falta de luz e clareza na sua organização espacial, resultantes de intervenções poucos cuidadas executadas ao longo do tempo. A nossa intervenção pretendeu a sua remodelação interior, com vista na melhoria térmica, técnica e de conforto, e na atualização do espaço, clarificando-o e reatribuindo-lhe a dignidade. Tinha-se como objetivo que a transformação interior permitisse a melhoria de acessos e da leitura geral do espaço, pelo que a reordenação do mesmo e a marcação de pavimentos clarificaram a distinção das zonas de permanência e reflexão, assim como das zonas de circulação.
De modo a tornar o espaço mais acessível, procedeu-se à alteração da largura dos corredores internos e à eliminação de alguns obstáculos físicos e visuais, por intermédio da relocalização de objetos existentes e da atualização da iluminação. A nossa intervenção visou, também, a recuperação dos vitrais existentes, a reintegração de alguns vitrais escondidos pelas obras feitas ao longo dos anos, e a integração de elementos formais e construtivos que acentuassem a nave única existente e enaltecessem o propósito religioso e espiritual do espaço.
Deste modo, a nossa intervenção passa, primeiramente, pelo novo desenho de um tecto abobadado que percorre a nave existente e termina no espaço do altar, sobre o qual se projetou uma cúpula interrompida por uma claraboia. Posto isto, a abertura dos vãos acompanha a curvatura do novo tecto, enfatizando as cores e desenhos dos vitrais existentes. Um dos problemas identificados na capela pré-existente era a escassez de luz, pelo que, em adição ao descrito acima, são instaladas luminárias por toda a capela, aumentando, assim, as fontes de luz – natural e artificial.
A escolha de materiais nobres – como a pedra em mármore -, luminosos – como o latão -, e de cor branca – como o reboco das paredes -, têm como intenção atribuir uma sensação de leveza e calma a um espaço que pretende a introspeção do utilizador. A utilização da madeira transmite, ainda, uma sensação de aconchego, e define os espaços designados à plateia e ao coro. No que diz respeito à zona do coro, pretendeu-se diminuir a intensidade da sua presença no conjunto para que fosse recuperado o equilíbrio da hierarquia interna das zonas da capela, atribuindo, deste modo, maior destaque à zona do altar. A importância da materialidade revelou-se, também, aquando do desenho do mobiliário litúrgico, desvendando o desafio da integração harmoniosa do mesmo no espaço. O conforto trazido pela madeira vê-se, novamente, associado à utilização mundana do espaço que compõe uma capela.