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Arquitetos: llabb
- Área: 10 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Anna Positano, Gaia Cambiaggi | Studio Campo
Descrição enviada pela equipe de projeto. Estamos no Vale Trebbia na Itália, no coração dos Apeninos entre Liguria e Emilia, em uma terra longe de tudo, pouco conhecida e selvagem. Aqui, sobre os vestígios dos íngremes terraços antigos, a cabana de madeira foi construída durante uma oficina incomum, montada a seco, e desconectada de qualquer rede de infraestrutura. Inspirando-se nas casas de chá e cabanas japonesas encontradas nas florestas escandinavas, o projeto explora uma ideia original de espaço e meio ambiente.
A Hermitage é abordada de cima. O volume retangular, que se destaca do solo, é posicionado perpendicularmente à encosta íngreme, sendo primeiro visualizado na parte posterior voltada para noroeste. Aqui somente a porta de entrada é visível, marcada por uma plataforma e acessível através de uma ponte pedonal.
As paredes que definem a cabine e que a delimitam em três lados são revestidas com placas de compensado dispostas horizontalmente. O quarto lado, voltado para sudeste, abre-se para o vale. Neste trecho, o espaço interior estende-se para um terraço, fechado por quatro painéis envidraçados do piso ao teto, um dos quais pode ser aberto. A porta janela segue a modularidade do brise-soleil sobre o terraço, que por sua vez dá continuidade à estrutura da cobertura. Uma pequena janela longitudinal surge na face sudoeste.
As ripas das três paredes externas são montadas de modo a deixar um vão que em ambos os lados, da entrada e no lado leste do terraço, produz um efeito de filtro. Onde as paredes delimitam o interior, este vão é preenchido com perfis finos, ligeiramente salientes, de modo a determinar nas fachadas um jogo de sombras que realça o padrão horizontal. No piso e na parte superior do edifício, cornijas altas cercam o volume, projetando-se das paredes e delimitando a composição.
A construção é apoiada por quatro apoios metálicos com bases robustas com 60x60 centímetros, que repousam sobre leitos de arenito. Os quatro apoios, compostos de elementos de madeira emparelhados, alongam a estrutura, fazendo-a pairar acima do solo. Ao entrar na cabine, de imediato a vista do vale é destacada, mediada por uma série de características que articulam o espaço interior em três níveis diferentes. O nível de entrada apresenta uma bancada que percorre toda a parede direita e, ao guiar o olhar do visitante para fora, serve como um assento, uma mesa e um espaço de armazenamento. O terceiro e último nível, após a entrada, é o que define a maior superfície, estendida sobre o terraço. A parede que envolve o pequeno banheiro acomoda uma cama dobrável que, quando aberta, paira sobre o sofá. O sol de verão produz uma variedade de padrões de luz e sombra no interior em diferentes momentos do dia.
O projeto da cabana de 12 m² surgiu como uma expressão da necessidade de Luca Scardulla e Federico Robbiano, fundadores da llabb, transmitirem a seus colaboradores os conhecimentos adquiridos nos anos que antecederam a abertura do estúdio. De fato, suas carreiras começaram em 2013 em uma garagem em Gênova que eles converteram em uma oficina de carpintaria. Lá, como carpinteiros autodidatas, Luca e Federico aprenderam a arte de fazer, desenhar e fabricar peças de mobiliário personalizadas. Com o tempo, sua experiência artesanal caracterizou os projetos arquitetônicos desenvolvidos pelo ateliê, que retiveram sempre traços desta atitude, por exemplo, através de sua atenção ao processo de construção e precisão nos detalhes.
Estas foram as premissas da oficina realizada durante duas semanas no verão de 2021, durante as quais todo o estúdio llabb se dedicou à construção desta cabana. As paredes, o piso e o teto foram pré-montados, compostos de painéis de compensado marítimo Okoumè, uma madeira escolhida por sua resistência às intempéries. As fachadas são montadas com ripas espaçadas de modo a criar um vão entre a fachada e as paredes, melhorando o desempenho do isolamento. O telhado é feito de chapas metálicas corrugadas. Acima dele, dois painéis fotovoltaicos, conectados a uma bateria, são instalados. O protótipo foi projetado para ser totalmente independente, pois há um sanitário compostável e caixas d'água. Entretanto, a estrutura pode ser facilmente conectada a um sistema de esgoto e de abastecimento de água.