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Arquitetos: June-14 Meyer-Grohbrügge & Chermayeff
- Área: 3700 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Laurian Ghinitoiu
Descrição enviada pela equipe de projeto. Este edifício residencial de 25 unidades em Berlim foi construído por um grupo de construtores e viabilizado por uma comunidade de particulares, que se uniram para a compra de um terreno e construção, podendo assim reduzir a margem de lucro do investidor e participar das decisões relativas ao seu espaço.
A estrutura é composta por seis torres com fachadas paralelas às ruas circundantes. As torres se sobrepõem vertical e horizontalmente, com pavimentos entrelaçados como dedos. Embora variem em metros quadrados, cada unidade consiste em um espaço de altura dupla que atravessa o edifício, com janelas voltadas para a rua e para o pátio privado. Exceto pelos banheiro, não há paredes internas. Portanto, privacidade ou conexão decorre da organização de cantos, níveis e linhas de visão.
A maioria dos apartamentos possui quatro vizinhos adjacentes e, onde as unidades se interligam, formam-se espaços de menor altura. A sobreposição pode pertencer a qualquer apartamento adjacente, criando quartos ou salas abertas. Não há limites claros entre as unidades e corredores – portanto, o espaço de estar pode ser visto e usado como um continuum. Para tal, existem maneiras potencialmente infinitas de percorrer pelas unidades habitacionais. A estrutura exige um repensar das definições atuais de comunidade. Dessa forma, todo o edifício tem potencial para ser aberto, cada espaço conectado com vários outros, permitindo que os moradores escolham quando, o quê e com quem compartilhar suas vidas.
A arquitetura não impõe coabitação ou compartilhamento. Em vez disso, a flexibilidade da estrutura permite que os moradores criem espaços privados e compartilhados de acordo com suas necessidades. Os moradores são convidados a renegociar as fronteiras tradicionais entre eles e seus vizinhos – e a se aventurar na abertura de novos espaços públicos para interesses compartilhados.
O edifício também se esforça para se envolver com a comunidade ao seu redor. Bem em frente, na Kurfürstenstrasse, fica um dos mais antigos e exclusivos locais de prostituição de Berlim. Esta exposição ao norte é barulhenta e conecta o edifício à vida nas ruas da cidade, ao mesmo tempo em que contrasta fortemente com o jardim calmo, tranquilo e verde ao sul. A arquitetura responde a esses dois aspectos drasticamente diferentes da vida, se abrindo e se conectando com os dois lados igualmente. A rua torna-se parte da casa e faz parte da negociação, permitindo que qualquer pessoa no nível da rua olhe não apenas para a vida dos moradores, mas literalmente através de seus espaços para o outro lado.
Em um gesto igualmente acolhedor, o arranjo das torres rompe a parede impenetrável da estrutura das quadras europeias que divide o público do privado. A linha quebrada de Kufu 142 torna a fronteira embaçada, criando um espaço que muda a relação com a rua.
Os dois lobbies no térreo também conectam a rua ao jardim que, apesar da sua pequena dimensão, proporciona vários espaços para a comunidade e os seus filhos. Os jardins compartilhados do telhado oferecem uma cozinha e chuveiros externos também.