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Arquitetos: Fidalgo Magro arquitecto, Isla Architects
- Ano: 2020
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Fotografias:Luis Díaz Díaz
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Fabricantes: Herman Miller, Abitarum, AutoCAD, Carl Hansen, Contain, Huguet, ICONICO, Jupe, Louis Poulsen, Ricardo Perelli
Descrição enviada pela equipe de projeto. Este projeto teve um ponto de partida peculiar: começou ao mesmo tempo que a sua construção. Assim que a licença foi emitida o cliente decidiu mudar de arquiteto e nos encarregou de repensar o projeto e dar a ele um caráter contemporâneo até então ausente. O projeto teve de lidar com uma disposição de planta pré-estabelecida, constituída por quatro volumes interconectados. A casa principal deveria evocar uma casa vernacular Maiorquina, enquanto os volumes adjacentes seriam mais abstratos.
A ideia foi abraçar e incluir a paisagem mediterrânea do local, em particular o delicado garrigue (zona típica da região mediterrânea, com vegetação densa, constituída por arbustos, maquis e gramíneas), e enfatizar o pano de fundo composto pela cordilheira da serra da Tramuntana, que define um skyline e um palco no qual se desenvolveria a casa.
As rochas e pedras da escavação foram recuperadas e repostas de modo a dar forma à fachada da casa principal. De fato, a utilização não apenas das pedras, mas também da terra extraída do solo irá integrar e incorporar o volume no terreno. O tom obtido também dará cor aos elementos pré-fabricados produzidos localmente, como as molduras das janelas, cornijas, pisos e plataformas externos, tal como a cor do reboco que reveste os volumes auxiliares.
No exterior, o programa associado à piscina é entendido como uma série de peças “flutuantes” que emergem do solo, separadas do mesmo por uma expressiva linha de sombra permitindo o crescimento e a integração da vegetação local abaixo, atenuando a transição entre o natural e o construído.
A piscina flutua sobre a ligeira inclinação do garrigue através de grandes peças de concreto pré-fabricado de cor arenosa, e tem suas instalações e sala técnica no subsolo - acessíveis através de uma escada que também emerge como um anel no mesmo material pré-fabricado. Para finalizar, uma ducha flutua entre a árvores existentes. Estas peças funcionam em sequência, invitando os utilizadores a seguir um percurso durante a atividade de banho.
No interior, a casa pode ser vivida como um amplo espaço aberto, mas também poderá ser dividida em dois espaços claramente diferenciados (um mais público e outro mais privado) sendo a separação física obtida através do simples deslizar de uma grande porta painel.
O espaço principal consiste numa série de funções programáticas sob o mesmo teto em madeira: uma grande cozinha aberta, a sala de jantar e uma sala de estar junto da lareira, e pode ser vivido tanto como espaço familiar como espaço de convívio social. Na lateral da cozinha, uma parede equipada contém os acessos à despensa e à lavanderia, bem como os armários, o frigorífico e um minibar. Uma ilha em aço inoxidável separa a cozinha da sala de jantar, na qual se instalou uma ampla mesa em madeira maciça de carvalho capaz de acomodar 12 pessoas. A leste, a sala de estar é arrematada por uma lareira formada por uma grande peça de aço negro dobrado. Janelas de sacada abrem em ambas orientações, permitindo permeabilidade visual para o jardim, ventilação cruzada e vistas sobre a serra de Tramuntana e zona da piscina.
Na entrada, escondidas no volume da escada, duas portas dão acesso ao lavabo e ao armário bengaleiro. Entre a casa principal e os quartos, um espaço de comunicação serve como interface entre as diferentes áreas. Três grandes vãos separam os diferentes volumes e enquadram as vistas naturais e comunicam com o espaço exterior. A maior destas aberturas ganha espessura para servir como banco e espaço de permanência para aproveitar o sol e a paisagem que se aproxima, além de oferecer um espaço auxiliar de armazenamento.
O volume dos quartos das crianças foi projetado para poder evoluir durante o tempo acompanhando a evolução da independência dos ocupantes. O quarto principal, por outro lado, dispõe de um closet que dá acesso a uma instalação sanitária através de uma parede completamente espelhada. A casa de banho é equipada com um box duplo, revestido de mármore, e uma pia feita sob medida, esculpida a partir de um único bloco de pedra. Este quarto também tem uma lareira elevada sobre um banco de concreto, e vistas panorâmicas para o garrigue. No piso superior foi instalada uma sala familiar mais recolhida, também equipada com lareira. Na ponta Oeste, através da biblioteca, está um quarto de convidados, com banheiro e closet próprios.
O projeto teve uma ênfase especial no desenvolvimento de detalhes contemporâneos inspirados na arquitetura tradicional Maiorquina, desde os tetos em madeira das sala principal do piso térreo, o terrazzo que replica e atualiza a técnica local de trispol, as esquinas interiores dos vãos que em curva suavizam a entrada da luz, ou as soluções para as janelas e respectivas molduras, alcançando uma formalização equilibrada, enraizada no seu contexto específico mas também aberta a soluções mais amplas.