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Arquitetos: Espacio Colectivo Arquitectos
- Área: 2800 m²
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Fotografias:Santiago Robayo
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Fabricantes: Hunter Douglas
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Centro de Desenvolvimento Infantil Jaime Rentería está localizado em Siloé, uma região popular com mais de cem anos de história social e cultural na cidade de Cali. Suas origens informais remontam aos assentamentos de famílias mineradoras quando a mineração de carvão era uma atividade predominante na região.
Em sua implantação em frente ao cemitério, convergem as vias de um tecido urbano irregular, que invadiu cursos de água, ocupou densamente encostas de alto risco e de difícil acesso, e manteve poucas áreas verdes públicas.
Neste contexto, o centro de desenvolvimento infantil é um exemplo de como a arquitetura pública é um instrumento político na Colômbia, e de como os gestores materializam suas posições a respeito da ideia de bem-estar social através dos edifícios que empreendem.
Com este edifício, também chamado "Cuna de Campeones" (em português, "Berço dos Campeões"), o município teve a oportunidade de destacar a educação como um ato construtivo, reconhecendo o valor de uma comunidade que tem feito contribuições significativas para a cidade. Reconstruiu a confiança e o sentimento de pertencimento em Siloé, o único bairro da Colômbia a ter conquistado duas medalhas olímpicas, entre muitas outras conquistas, por esportistas que jogaram em suas intrincadas ruas, escadas e passagens desde que eram crianças.
Neste contexto, o projeto é uma ação urbana que promove a cidadania e recupera os valores ambientais esquecidos para oferecer novas áreas de apoio à vida comunitária, conectando as pessoas através de um espaço público inclusivo, com potencial ecológico e ambiental, em torno de um edifício para crianças, cuja imagem institucional é uma aposta poderosa para a formalização do contexto.
Por se destinar às crianças mais novas da comunidade, a ideia era isolá-las da intensidade de seu contexto, distribuindo as salas de aula em uma altura segura, como um ninho. Este duplo fenômeno, a necessidade de abrir-se ao contexto para proporcionar novas áreas de contato social e, ao mesmo tempo, a necessidade de fechar-se para controlar e isolar as crianças, foi um fator determinante no desenho do edifício. A separação das salas de aula do andar público foi a decisão que desencadeou o efeito urbano do edifício.
Uma simples estratégia volumétrica relaciona uma varanda a um parquinho. Ao liberar a planta, recuar a fachada e apoiar o volume sobre uma colunata, cria-se um limiar que resolve a transição do público para o comum. Este espaço de mediação entre o edifício e a cidade tem uma escala que lhe confere qualidade espacial, protege do sol e oferece hospitalidade às pessoas que vêm ao encontro de seus filhos.
"O cérebro de uma criança só aprende se houver emoção" Francisco Mora
Alguns elementos arquitetônicos dão valor ao informal e enchem o edifício de significado. Estas transferências conceituais ancoram o edifício às circunstâncias específicas de um setor, onde tudo tem um propósito e contém funções.
O limiar pode ser usado como uma extensão do pátio ao abrir os elementos do fechamento. Uma colunata alterna sua posição e suporta o volume das salas de aula, dando a sensação de peso e leveza, de movimento e estabilidade, típica das palafitas de encosta. Uma rampa-passeio dinamiza o pátio interno de lazer, representando os caminhos, escadas, atalhos e passagens orgânicas entre volumes. As clarabóias independentes alternam sua posição e desenham um perfil variável no volume. Elas são folheados de azul para criar um efeito de inter-visibilidade a certa distância entre o bairro e o edifício.
As cores primárias equilibram a rigidez externa do volume e sua materialidade pétrea. Um pátio perimetral serve como extensão para as salas de aula, abriga as hortas e confronta a rua. Este sequência vertical de elementos pré-fabricados de concreto serve como um brise de proteção solar e, ao mesmo tempo, forma um escudo para balas perdidas em uma região de frequentes confrontos entre quadrilhas.