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Arquitetos: Urban Ark Architects
- Área: 96 m²
- Ano: 2022
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Fabricantes: Microtopping, Schuco
Descrição enviada pela equipe de projeto. A galeria Kukje, localizada no centro histórico e cultural de Seul, tem expandido seus espaços na ordem de K1, 2 e 3 desde 1987. Song Hyun Jae [1] é o próximo passo; que consiste em transformar um antigo Hanok [2] construído em 1935 em espaços culturais. Este projeto deve ser entendido no contexto de todo o ambiente artístico formado pelas galerias Kukje. Devido à construção escalonada, a interconexão entre as galerias era difícil e a consciência espacial do visitante de todo o complexo era baixa. Além disso, a área de Sogyeok-dong, onde está localizada a galeria Kukje, fica de frente para Gyeongbokgung, o principal palácio da última dinastia na Coreia, então, havia a questão de preservar a tradição de acordo com o Plano de Unidade Distrital da região. Portanto, os arquitetos e urbanistas pensaram que este projeto deveria desempenhar um papel ativo como um meio contemporâneo para fortalecer a conexão espacial entre as galerias, apresentando a estética tradicional do próprio Hanok.
Song Hyun Jae foi um projeto muito desafiador, pois teve de acomodar três programas diferentes sob o mesmo teto: uma livraria, uma sala de exibição e uma sala privada com lounge.
Originalmente construído para fins residenciais, este pequeno Hanok em forma de 'U' teve de satisfazer novas funções e volumes. Além disso, questões regulamentares locais muito estritas limitaram quaisquer mudanças excessivas na aparência existente em termos de layout original de estrutura e materiais.
Para resolver esses problemas, focou-se na estrutura espacial tradicional e no Madang [3]. A essência da arquitetura tradicional coreana reside em sua dimensão espacial deliberadamente solta que permite espaços flexíveis e versáteis. No Hanok, pisos internos e externos, incluindo um pátio externo chamado Madang, são elementos importantes.
A planta é vagamente definida com divisórias móveis e paredes baixas para formar espaços internos e externos individuais e, quando outras funções são necessárias, o piso se expande elasticamente criando um novo espaço que rompe os limites claros entre dentro e fora da casa.
No entanto, apesar da natureza do Hanok, infelizmente, a antiga residência havia perdido sua aparência original e riqueza espacial devido às modificações pouco condizentes ocorridas desde 1935.
Para atender aos novos requisitos, o Madang, um espaço vazio pequeno, mas elaborado, foi combinado com o espaço interior contendo as funções necessárias. Esses espaços internos e externos foram conectados por uma grande janela, que funciona como uma moldura de arte entre eles, e pelo mesmo piso. Desta forma, o espaço se expande visual e fisicamente para abraçar outros eventos com flexibilidade. A livraria está localizada na fachada frontal como uma vitrine para receber o público, e a sala de exibição e a sala privada com lounge estão dispostas em ambos os lados da forma em 'U'. Cada programa com um Madang individual opera de forma independente, mas mantém a integridade espacial geral ao compartilhar o Madang principal posicionado no centro do Hanok.
Song Hyun Jae é finamente projetado de forma contemporânea, herdando a estética da materialidade e flexibilidade espacial do Hanok tradicional. O passado não deve ser preservado por seu mero valor de relíquia, mas deve ser redescoberto e reinterpretado como material para construir a função e a sensibilidade estética do presente. A edificação mostra, portanto, o "passado vivo e o futuro antigo" como ideia da galeria Kukje e do arquiteto deste projeto. Assim, Song Hyun Jae chega até nós, não como resultado de uma restauração tradicional, mas como uma arquitetura contemporânea com a mesma intensidade. Agora, espera-se que Song Hyun Jae se torne um local cultural que fortaleça a imagem da galeria Kukje enquanto compõe parte da paisagem na região histórica.
[1] Song Hyun Jae é um nome poético para o projeto; o que significa "uma casa onde você lê e recita enquanto toca a tradicional cítara coreana".
[2] Normalmente, Hanok refere-se a uma casa coreana tradicional com uma estrutura de madeira. Hanoks construídos com técnicas e materiais tradicionais de carpintaria coexistem com Hanoks modernos construídos para aliviar a superlotação em cidades como Seul no início do século XX. Song Hyun Jae é um projeto de renovação deste último.
[3] Madang: É principalmente um pátio de casas isoladas ou antigas casas tradicionais na Coreia. Ao contrário dos jardins japoneses e ocidentais, os pátios de estilo coreano são lugares onde a vida diária interna é expandida e são conceitualmente considerados como uma sala, mesmo que seja ao ar livre. Por esta razão, a palavra Madang também é usada no sentido idiomático de "onde algo está sendo feito".