-
Arquitetos: APTO Architecture
- Área: 9343 m²
- Ano: 2020
-
Fotografias:Fernando Guerra | FG+SG
-
Fabricantes: Binderholz, Investwood, Navarra, Saint-Gobain, Unni
Descrição enviada pela equipe de projeto. O foco desta intervenção foi reabilitar o Mercado Municipal da década de 50, preservar e valorizar a sua traça, ampliando-o com uma nova cobertura sobre a praça exterior e encerrando-a com uma nova Ala. A distribuição funcional foi reorganizada e foram adicionadas novas valências de forma a adaptar a estrutura aos dias de hoje.
A área de acesso ao público que se encontrava dispersa e fundida com áreas de serviço foi circunscrita à nova praça central. Isto permitiu que o utilizador passasse a navegar o espaço como um todo, exponenciando as relações vendedor/comprador. Todas as áreas de serviço foram também reorganizadas, segregando-as dos circuitos públicos, criando circuitos de sujos e limpos e atualizando as condições higiossanitárias. Foram também acrescentadas novas áreas funcionais, como cais de cargas e descargas, áreas de deposição e tratamento de lixos, central de produção de gelo, e salas de desmancha, cozinhas e fumeiros para os talhos, apetrechando simultaneamente os operadores com novas ferramentas de forma a otimizar o funcionamento deste equipamento.
A Ala principal do edifício original assumiu um caráter mais lúdico passando a área de restauração para catalisar a vivência do edifício e promover a sua atratividade cativando novos públicos.
A intervenção formal no edifício relaciona-se diretamente com as novas áreas e os novos fluxos funcionais. Na construção existente com três alas em forma de “U”, as alterações (compartimentação e fachadas) foram acumpunturais aproveitando as suas características originais e adaptando-as ao seu propósito sem prejudicar a sua leitura original, tendo todas as frentes de loja sido direcionadas para a praça central. Na praça central, que passa a ser o novo centro de interações, a intervenção foi mais profunda e impactante.
A praça original dividia-se em dois grandes espaços: largos corredores perimetrais sobrelevados e um núcleo central a uma cota inferior. A diferença de alturas entre eles originava genericamente uma disposição de bancas fragmentada, havendo a necessidade de abrigos individualizados que tornavam a perceção de todo o espaço confusa e caótica.
Assim, além do objetivo de alcançar um espaço uno, harmonioso e acolhedor, havia questões técnicas e funcionais a resolver. Gerado a partir da espinha dorsal que liga os dois acessos públicos, criou-se um sistema de rampas hierarquizado que resolve o desnível existente, abole barreiras à mobilidade e facilita as operações logísticas. A articular os corredores dispuseram-se em anfiteatro os vários núcleos de bancas em betão pré-fabricado.
Para o desenho da cobertura recorreu-se a um processo generativo de exploração formal que permitiu agilizar esta fase e a metodologias paramétricas para otimizar os seus elementos que conferiram assertividade a um processo que se pretendeu de pré-fabricação e assemblagem em obra. O recurso a algoritmos foi essencial na criação e contenção de escala da estrutura dinâmica da cobertura, recorrendo ao regular contour (madeiras), parametric truss (metal), e regular tesselation (vidro). A nível tectónico optou-se por uma estrutura em aço que suportasse o revestimento de vidro, bem como as vigas não estruturais de sombreamento e deflexão acústica em madeira, promovendo a sua geometria a circulação de ar por convecção.