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Arquitetos: JSPA Design
- Área: 9400 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Schran Images
Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizado em Ningwu, na província de Shanxi, o projeto consiste na criação de uma fábrica que transforma aveia crua em produtos de farinha. O processo de produção, majoritariamente automatizado, necessitava de duas linhas de produção distintas com maquinário de grande porte e espaços abertos ao público com lojas, cafés e escritórios.
Os arredores do projeto ofereciam uma qualidade muito baixa com edifícios industriais recém-construídos, paisagens secas e minas de carvão, parecendo interessante desenvolver a fábrica como um edifício introvertido que recriaria seu próprio ambiente natural. Além de satisfazer todos os requisitos funcionais, pensamos no projeto como um edifício que estimulasse os sentidos humanos e propusesse uma experiência surpreendente ao visitante. A ideia era usar um sistema de paredes de tijolos para fechar e esconder os vários espaços técnicos da fábrica em um piso térreo opaco e colocar no topo um volume simples de concreto para abrigar todos os espaços públicos do programa. Pátios e jardins irão permear todo o edifício, para fornecer luz natural enquanto criam impressionantes dilatações espaciais dentro da fábrica. Os espaços centrais de produção também receberão luz natural de galpões de concreto, abrindo o telhado para a luz norte.
O sistema de paredes de tijolos começa na frente da fábrica, onde uma área de paisagismo é aberta ao uso da comunidade local com bancos e piscinas de água para as crianças brincarem. As paredes de tijolo crescem lentamente da forma de bancos para se tornar a cerca de propriedade da fábrica e, posteriormente, a fachada de todo o edifício. A forma das paredes de tijolos formará e definirá as diferentes vias da fábrica, cada uma delas com uma função específica: a entrega de matérias-primas, o carregamento de produtos, a entrada de funcionários e a entrada de visitantes. Separados por trajetos distintos, funcionários e visitantes nunca se cruzam dentro da fábrica e enquanto os trabalhadores desfrutam de uma organização funcional, o visitante passará por uma experiência espacial planejada. Por um momento apenas, a linha de produção é apresentada ao visitante em um corredor elevado com vista para a oficina.
O dormitório dos funcionários foi montado nos fundos da fábrica e concebido como uma arquitetura invisível. A cerca de tijolos foi engrossada para abrigar o edifício e pátios foram criados para trazer luz aos quartos, preservando sua intimidade. O espaço entre a fábrica e o dormitório torna-se um jardim no qual foram montadas uma mesa de concreto e cadeiras quadradas.
A escolha dos materiais de construção carrega um forte significado: o uso do tijolo cinza é uma forma de criar uma relação profunda com o terreno, usando métodos construtivos locais. O concreto aparente, por outro lado, enfatiza a modernidade do edifício e permite que a estrutura e a arquitetura sejam unidas. O projeto paisagístico também está totalmente integrado ao restante e a água da chuva coletada na cobertura é redirecionada para piscinas de água em diferentes níveis por meio de exaustores de água de concreto moldado no local, tornando a circulação natural da água da chuva parte da experiência do espaço. A água flui até a entrada da fábrica onde a última cachoeira, combinada com uma parede de concreto em balanço de doze metros, convida o visitante a entrar na arquitetura.
Ao longo do processo de projeto, algumas questões regulatórias foram resolvidas por meio do design. Os regulamentos de combate a incêndios exigiam um reservatório de água no telhado que decidimos projetar como um elemento independente, uma caixa de aço inoxidável em balanço, como uma escultura no telhado.