- Ano: 2022
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Fotografias:Marisa Morán, Arturo Arrieta, Dinorah Schulte, Walter Shintani, Rafi Segal
Descrição enviada pela equipe de projeto. Sonhos (passados ou futuros); uma aspiração, ambição ou ideal acalentado.
Esta instalação arquitetônica participativa revela histórias sobre a Cidade do México através de quatro materiais, sua proveniência e sua promessa para o futuro. Por meio da adaptação crítica do papel tradicional, da reutilização criativa da madeira reciclada e do uso inovador da terra e do concreto, esta instalação nos convida a reconhecer o palimpsesto das histórias urbanas e a imaginar novas possibilidades exortando o público a compartilhar seus sonhos para a cidade.
Sonhos com Fibra/Madeira
Reflete sobre o passado e o futuro da Cidade do México. Construído com madeira reciclada da icônica montanha-russa da cidade (Montaña Rusa de La Feria), o pavilhão inclui papel picado: forma de arte pré-colombiana cujas aberturas convidam os ancestrais para o presente.
É a primeira estrutura construída com madeira recuperada da Montanha Russa que foi doada pela empresa investidora Mota-Engil, escolhida para reconstruir e reabilitar o recentemente fechado parque de diversões, rebatizado de Parque Aztlan. Construída em 1964, La Montaña Rusa capturou a imaginação de milhões de pessoas que visitaram La Feria, o primeiro parque de diversões do México. Semelhante a outros projetos urbanos de grande escala construídos na Cidade do México na mesma década, a montanha-russa capturou uma era de grandes transições socioeconômicas e o consequente desenvolvimento da infraestrutura cívica.
As perfurações do papel picado, uma forma de arte mesoamericana influenciada pela China e outras culturas, são vistas como aberturas entre o passado e o presente. No México, esta forma de arte é frequentemente associada ao Dia dos Mortos porque o papel foi criado principalmente a partir da fibrosa árvore Amate (Ficus insipidus), cujas raízes proeminentes acima do solo eram consideradas portais para o submundo. Essa associação espiritual-vegetal, juntamente com a flexibilidade e as qualidades absorventes do papel, fizeram do papel amate o principal meio utilizado nos códices pré-colombianos. O papel Amate era uma forma fundamental dos astecas preservarem e compartilharem o conhecimento e, portanto, era considerado uma ameaça à ordem colonial. Os colonos espanhóis proibiram seu uso e a produção de papel amate e as instalações de fabricação foram destruídas. A tradição, porém, foi mantida viva em alguns locais fora da cidade.
Localizado na esquina da histórica Plaza de la Alameda, o pavilhão cria um novo espaço urbano de encontro e reflexão. Ativando o local à noite, o projeto de iluminação surgiu de diálogos com os artesãos Otomi que produziram o papel amate para o pavilhão.
Sonhos com Terra/Concreto
Explora o futuro da habitação acessível no México por meio de métodos de construção com baixo impacto material. Este pavilhão foi desenvolvido em parceria com a New Story, organização internacional pioneira na proposição de soluções para o déficit habitacional mundial, e a Échale, empresa social mexicana que oferece soluções habitacionais por meio do desenvolvimento integral da comunidade. A estrutura horizontal da cobertura toma como ponto de partida o sistema de vigotas e abóbadas existentes, otimizando a forma das vigotas pré-moldadas de concreto armado para minimizar o uso de material e seu impacto ambiental associado em 50%. Essa geometria elegante, esculpida por seções de largura e profundidade variáveis, é obtida usando métodos de design computacional desenvolvidos por pesquisadores do MIT.
As abóbadas de cerâmica impressas em 3D são colocadas entre vigas como fôrmas perdidas, para posteriormente despejar a laje superior de concreto, fabricada por MANUFACTURA e ANFORA Studio. O uso do tepetato, solo local com alto teor de argila, permite a fabricação de blocos compactados e secos ao sol que compõem as paredes do pavilhão. Esta solução econômica e de baixo carbono, utilizada na construção de habitações há mais de 30 anos, é reinterpretada com um sistema pós-tensionado que facilita a montagem e desmontagem. A instalação combina técnicas de construção local com novas tecnologias de fabricação digital, resultando em um pavilhão no qual indústria, empresa social e academia colaboram como um modelo para um ambiente construído mais sustentável.