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Arquitetos: Memola Estúdio, Vitor Penha
- Área: 150 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Alexandre Disaro
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Fabricantes: Aladin, Antigua Cerâmicas, Coisas D Casa, Estúdio Bola, Fahrer, Fernando Jaeger, Gail Cerâmicas, Lustres ypiranga, Maricota Decor, Navarro Marcenaria, Pavanny, Pedras Passinho, RTB Vidros, Suvinil, São Domingos Granitos, Thonart, Toldos Dias
Descrição enviada pela equipe de projeto. Purgatório é um pequeno bar de aperitivos localizado no bairro dos Pinheiros, em São Paulo. Inspirado nos bares de tapas de Portugal e do sul da Espanha, a sua ambiência concilia uma visualidade pulsante e irreverente com resgates de lugares antigos, tradicionais. Os contornos elegantes da marcenaria e dos caixilhos de madeira convivem, assim, com o protagonismo da cor vermelha dos revestimentos, com a qual se invoca o vinho consumido no local e o teor religioso do nome: purgatório é nem céu nem inferno, “é o estado e o processo de purificação ou castigo temporário em que as almas daqueles que morrem em estado de graça são preparadas para o Reino dos Céus”.
Já na entrada, a fachada revestida com azulejo de vermelho intenso e brilhante anuncia a dramaticidade dos interiores e contrasta com a tonalidade amarela da madeira do par de caixilhos. Alinhados em altura e desenhados com o mesmo princípio de emoldurar ora painéis de vidro ora o próprio azulejo em uma conformação que lembra portas-balcão, de um lado a janela até o chão tem uma abertura horizontal que comunica o exterior com o bar e, do outro, está a porta de ingresso. Os caixilhos permitem a ampla visualização dos interiores e o pátio de entrada acolhe mesas e banquetas de modo a enfatizar a descontraída presença do bar no espaço externo.
O piso de mosaico português se prolonga nos interiores numa relação de continuidade que é característica do projeto e cujo destaque é a aplicação do mesmo azulejo vermelho da fachada e do balcão do bar no teto do salão central. Nele, luminárias antigas com vidro craquelado e base dourada reverberam o traço tradicional da marcenaria, cujas molduras com arestas arredondadas estão presentes na caixilharia, nos quadros aplicados sobre a parede do bar e na moldura do teto. Um armário de madeira especialmente desenhado para o projeto é também vitrine para o armazenamento e exposição dos pães do cardápio e, na sua frente, sobre a bancada de mármore vermelho, uma prateleira alta e fixada no teto serve para a mostra das garrafas de bebidas.
As paredes laterais e de fundo do salão central foram descascadas, mas não se vê diretamente os tijolos aparentes. Telas metálicas perfuradas foram sobrepostas a eles e no pequeno afastamento entre os materiais inseriram-se luminárias contínuas e de luz indireta, dispostas na horizontal. Além de criar um grafismo que contrasta com a paginação e a textura dos revestimentos, tal solução amplia visualmente as dimensões do ambiente porque confere efeito tridimensional às paredes.
O pavimento superior foi projetado para acolher eventos temporários e a intervenção estrutural de maior impacto ocorreu nos fundos do imóvel, onde ambientes que eram compartimentados foram unidos para abrigar a cozinha. Ela é reservada mas se comunica com o pátio lateral dos fundos através de pequenas janelas altas. Este corredor lateral está equipado com bancada contínua e banquetas e, descoberto, tem faixas vermelhas percorrendo as altas paredes brancas que o cercam.