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Arquitetos: Java Architecture
- Área: 220 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Caroline Dethier
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Fabricantes: Monier, SUNCLEAR
Uma herança do passado recente. Esta família herdou do avô uma casa na região de Perche, na Normandia. A edificação estava situada em uma clareira no meio de uma maravilhosa floresta. Entretanto, a família estava apegada à casa existente e não sabia exatamente o que fazer.
O volume foi erguido na década de 70, enquanto uma garagem e uma estufa foram adicionadas posteriormente. As casas desse período costumam ser chamadas de “casas Phoenix”, sendo Phoenix um dos principais construtores dos anos 70. Como muitas edificações deste período, a casa foi bem construída, mas não parecia se adequar ao modo de vida dos novos proprietários. Os principais problemas eram a falta de isolamento, de luz natural e de integração ao contexto.
Os clientes nos contataram para saber qual seria a melhor opção entre um projeto de demolição/construção e uma reabilitação da construção existente. Depois de uma visita a este maravilhoso terreno, estávamos convencidos de que a reforma/extensão era a melhor opção. Considerando que a estrutura do volume existente poderia suportar uma extensão, explicamos aos clientes que a demolição não era necessária, sendo até prejudicial do ponto de vista ambiental.
Uma vez acordado o programa, a nossa principal tarefa era oferecer a esta “casa Phoenix” uma segunda vida condizente com as expectativas do cliente: melhorar o desempenho térmico; abrir a casa ao contexto; adicionar mais quartos e uma sala de estar maior; criar espaços ao ar livre para desfrutar do ambiente natural durante a maior parte do ano.
Uma fênix renascida das cinzas. Para tal decidimos cobrir o volume com um esqueleto de madeira após a demolição de partes inutilizáveis da casa (a estufa e o telhado da garagem). Esta nova estrutura foi concebida para cumprir três objetivos: criar uma extensão da sala aberta para a paisagem; transformar a garagem em uma área de convivência com espaço semiexterno; unificar as diferentes partes do volume.
A extensão da sala de estar. A fachada oeste do volume foi demolida para ampliar a estreita sala de estar e criar o quarto dos pais no primeiro andar. Para isso, foi construída uma estrutura de madeira laminada seguindo a geometria da edificação existente. A extensão é aberta em sua fachada oeste deixando a paisagem e a luz natural entrarem na sala. A fim de criar intimidade e evitar o superaquecimento no verão, o nível superior da fachada é coberto com um elemento de madeira.
A transformação da garagem. A garagem situada na parte leste do volume não era mais necessária para os proprietários. Por outro lado, a família precisava de mais quartos para os hóspedes e um espaço exterior ligado à cozinha para estar ao ar livre em qualquer época do ano. Decidimos usar a mesma estrutura da extensão oeste para criar uma segunda pele que foi estendida verticalmente gerando um dormitório infantil, enquanto o primeiro andar foi transformado em quartos de hóspedes.
A nova estrutura foi implantada na continuidade das paredes exteriores do volume central, para isso, procuramos criar um espaço semiexterior de forma a entender a antiga garagem como uma "casa dentro da casa de hóspedes". Este novo volume é aberto na área coberta ligada à cozinha comum e foi pensado para ser o segundo coração da casa remodelada, podendo ser utilizado para convívio na maioria das estações, mas também é aberto à paisagem e se beneficia da luz natural criada pelas telhas de vidro da cobertura e pela fachada de policarbonato voltada ao leste.
Unificar a edificação. Para integrar a edificação ao terreno, procuramos fundir suas diferentes partes em uma mesma volumetria, a fim de transformar as construções fragmentadas em um único volume que remete a uma fazenda contemporânea no meio clareira. Para tal decidimos revestir a edificação existente com uma estrutura isolada de madeira, alinhada com os prolongamentos, e criar um terraço comum ao longo de toda a casa.
A nova fachada do volume principal foi projetada para seguir o ritmo e a espessura da estrutura de tensão. Esta nova pele é feita de “caixas” de madeira projetadas para estocar lenha, criando uma fachada viva que muda ao longo das estações e em relação ao estoque de madeira. Esta fachada contínua de madeira conecta-se a um deck comum que foi criado para oferecer um espaço ao ar livre para as temporadas de verão, mantendo o resto do terreno o mais selvagem possível. Por fim, para reproduzir os materiais do telhado em todo o volume, decidimos usar telhas de segunda mão para a nova extensão, procurando dar a sensação de que a edificação sempre esteve aqui.
Preservar em vez de destruir. Trabalhar neste projeto foi uma grande experiência para nós, o que prova que vale a pena preservar qualquer edificação, mesmo que pareça desatualizada ou sem interesse arquitetônico. A prevenção não deve ser reservada apenas para edifícios históricos de alto valor, mas aplicada a qualquer tipo de construção.
O mundo está cheio de "fênix" esperando para renascer de suas cinzas, elas estão apenas esperando que os arquitetos comecem o fogo!