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Arquitetos: A2OFFICE
- Área: 296 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:AL.MA Fotografia | Alexandra Marques
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Fabricantes: ARTEBEL, Amop, Amorim Wise, BATHCO, BRUMA, Bosch, CIN, Cortizo, Dow Building Solutions, Efapel, Falmec, JNF, Knauf, LOVE Tiles, Mapei, Neolith, Nuovvo, Oli, Rodi, Sanindusa, +3
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projecto de arquitectura desta casa nasce simultaneamente de um vazio e de uma dança: o espaço não construído do logradouro separa e une os dois volumes que compõem a intervenção e que parecem se querer comunicar através de uma dança. A casa procurou criar uma relação de diálogo, não só com a frente urbana em que se insere, mas também com a envolvente próxima. Tendo em conta que se trata de uma zona em processo de transformação construtiva e também de uso, foi premissa base desenhar o edifício na relação com os edifícios pré-existentes, mas também, e sobretudo, dotá-lo de características que lhe permitissem dialogar futuramente com novas construções vizinhas, algo que se veio a confirmar, uma vez que surgiram novos edifícios contíguos entretanto.
Decidiu-se integrar na fachada nova, pedaços da fachada original, como que fixando fragmentos da história. A nova fachada procura uma separação vincada dos dois pisos que constituem a nova intervenção: a parte de baixo, que preserva pedaços da fachada pré-existente, é propositadamente fragmentada e as superfícies têm diferentes profundidades, deste modo relacionando-se com o ritmo das fachadas dos edifícios vizinhos pré-existentes; o piso superior é claramente autonomizado, quer ao nível da proporção, quer ao nível da linguagem. Aqui surge uma superfície de ripas verticais que delimitam a fachada pública da casa, criando um filtro visual entre o espaço público e o espaço privado. Futuramente este ripado irá servir de suporte a um jardim vertical, que acentuará o filtro visual e funcionará também como um filtro de pó e cheiros provenientes da circulação automóvel constante que se observa no arruamento confrontante.
Ao longo do processo surgiram espontaneamente curvas que ajudaram a resolver o desenho: primeiramente, na fachada tardoz, a pala viu a necessidade de contornar uma árvore existente que se pretendia manter; com esta forma arredondada, a pala permite o sombreamento da fachada, cria uma zona útil coberta exterior, no prolongamento da sala e da cozinha, e uma varanda no piso superior, ao mesmo tempo que parece abraçar a árvore; pela exigência de uma relação formal e estética com o anexo, propôs-se o mesmo tipo de desenho desta cobertura, assim fazendo comunicar o edifício principal e a sua dependência de uma forma coerente e integrada (a dança); outros elementos de recorte curvo surgem também na laje do pátio frontal, onde se cria uma abertura sobre a entrada pedonal ao nível do rés-do-chão, possibilitando assim a criação de um pátio semicoberto na entrada da casa. Esta opção permitiu obter um espaço de transição, por forma a que a entrada no interior da casa não fosse feita directamente a partir da rua.
À semelhança da fachada frontal, mas por motivos distintos, realizou-se o revestimento da parte superior da fachada posterior com um conjunto de ripas verticais, que ao contrário das primeiras, de aparência estática e fechada, têm uma aparência dinâmica, permitindo a abertura dos vãos envidraçados sobre o logradouro privativo.