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Arquitetos: Terra Capobianco
- Área: 120 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Nelson Kon
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Fabricantes: Alwitra, Crosslam, GRAPHISOFT, Marcenaria Silveira, REKA
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Fazenda, A Fazenda Barreiro está localizada nas encostas das montanhas do Serrote, trecho mais ao sul da Serra da Mantiqueira, no município de Socorro/SP. Antes voltada para a criação de cavalos e posteriormente passando por degradação pelo arrendamento dos pastos para a criação de gado, a fazenda tem atividade renovada e se insere definitivamente no contexto da vocação da região, a produção de café.
O processo de regeneração do território vem sendo feito com investimentos em técnicas de produção que seguem os critérios da agricultura orgânica e sustentável, e na preservação de seus recursos hídricos com cobertura florestal nativa que vem sendo ampliada ano após ano, em parceria com ONGs especializadas na regeneração de florestas. Nos últimos dois anos foram plantados 40 mil mudas de espécies nativas da Mata Atlântica na propriedade, transformando a fazenda em referência de agricultura orgânica e de baixo carbono da região.
Além do território, o conjunto de edificações da fazenda vem sendo remodelado para o abrigo das novas funções, que mesclam o uso familiar recreativo com o da produção do café. Exemplo disso é a renovação do antigo Haras Vista Alegre, em um esforço de preservar a história do lugar, o antigo e o novo se encontram com a construção de um pavilhão, que serve para receber os visitantes interessados no café.
O Pavilhão, A estrutura do pavilhão é regular e precisa, busca o alinhamento das construções pré-existentes das baias dos cavalos. A proposta não contrapõe a escala daquilo que já existia, pelo contrário, a intervenção é discreta e ressignifica o conjunto de edificações com criação de um pátio para onde as baias dos cavalos convergem. O contraponto ao existente se dá pela nova tecnologia adotada para a construção, o CLT, Cross Laminated Timber (ou Madeira Laminada Colada Cruzada, em português). A escolha pelo sistema construtivo do pavilhão é pautada principalmente nas questões de sustentabilidade. A matéria-prima do CLT é procedente do plantio florestal, é um recurso carbono neutro, pois estoca gás carbônico, gerando impacto ambiental positivo.
A concepção estrutural para o edifício parte da premissa de racionalidade construtiva, a opção pela solução pré-fabricada reduz a quantidade de trabalho a realizar no local, otimizando o prazo global da obra além de não gerar resíduos. O Pavilhão tem 170m2 e foi levantado em 5 dias. foram 9 placas de CLT de 8cm de espessura configurando um plano contínuo de cobertura com 7,45m de largura por 22m de comprimento. O plano é sustentado por vigas metálicas invertidas que descarregam em paredes de CLT. Pelo lado interno a estrutura de madeira é exposta, já pelo lado externo, as paredes são revestidas por ripas verticais de pinus autoclavados e carbonizados, sistema de tratamento que garante a durabilidade da madeira. O mesmo revestimento foi aplicado nas portas e janelas das baias das construções existentes, na intensão trazer unidade para as edificações.
O pavilhão conta com uma copa e lavabo, que estão posicionados dividindo o salão de visitas da selaria. Para simplificar as instalações hidráulicas, optou-se por construí-los em dois núcleos de alvenaria, servindo também de travamento para a estrutura como um todo. Na selaria, os arreios estão expostos em toras maciças engastadas nas paredes de CLT. A ventilação neste ambiente é cruzada e permanente e ocorre por entre as ripas das fachadas, por onde também permeia luz natural, resultando em um efeito interessante de luz e sombra.
No salão principal uma grande bancada de basalto serve de apoio para a degustação do café produzido na fazenda, é um local para encontros e descanso das cavalgadas. A vista do salão mira os açudes, uma relação visual contemplativa através da grande janela sobre a bancada. As fachadas laterais do pavilhão por sua vez, se abrem completamente com portas deslizantes que ficam ocultas entre as paredes de CLT e o revestimento de pinus, permitindo a integração de um lado com o pátio das baias, e de outro com o entorno da fazenda.