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Arquitetos: Natura Futura Arquitectura
- Área: 90 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Gianni Di Giuseppe
Descrição enviada pela equipe de projeto. Nos últimos 40 anos, a cidade de Babahoyo, Equador, com uma população de aproximadamente 150.000 habitantes, sofreu uma diminuição significativa na construção de habitações coletivas promovidas pelo governo. Além disso, nesse período também houve um desenvolvimento de modelos urbanos especulativos com foco econômico nas periferias da cidade. Estes e outros processos urbanos resultaram na contínua deterioração de edifícios multifamiliares, segregação social, privatização do espaço público, abandono de unidades habitacionais e um aumento na percepção de insegurança.
A unidade habitacional: A Operação entre apartamentos está localizada às margens do rio no centro da cidade, onde um jovem casal que sempre esteve procurando a oportunidade de morar no centro da cidade, decidiu adquirir em conjunto um apartamento em desuso em um edifício residencial coletivo dos anos 80 de frente para o rio. A configuração tradicional do apartamento é rígida, com pouca iluminação e inviável para adaptação às novas necessidades. O objetivo da intervenção era, por isso, gerar um espaço que flexível e, acima de tudo, transformável. Com isto em mente, formulou-se o conceito de uso em seis operações.
Operações acionáveis:
Rotação: Mesa giratória (de escritório à expansão da sala de jantar).
Deslizamento: Paredes de correr (de quarto de hóspedes à expansão da sala).
Elevação: Mesa elevada com roldanas (de mesa do café da manhã à expansão da cozinha).
Dobrável: Painéis dobráveis (de sala à expansão da varanda).
Rebatível: Cama/guarda-roupa (de sala à espaço de descanso).
Uso duplo: A janela é um assento, o guarda-corpo é uma jardineira, o tronco de madeira reciclada é a iluminação principal.
Os mecanismos para cada operação foram desenvolvidos por tentativa e erro em obra, utilizando técnicas e artesanato local, assim como materiais da costa equatoriana, tais como fibras vegetais, madeira, têxteis e cerâmica local.
O objetivo é explorar novas possibilidades de habitar baseadas nas realidades contemporâneas, desde as exigências de um estudante universitário até as de uma família numerosa. Neste sentido, o uso dos espaços evolui de acordo com as ações e necessidades daqueles que os habitam. Desta forma, se mantém uma perspectiva flexível, adaptável e conversível, a partir da reflexão sobre o que já se tem.
Efeitos coletivos: Os processos de habitabilidade coletiva são complexos. A arquitetura é mais uma ferramenta para melhorar as condições de uma realidade comunitária desconectada, disfuncional e insegura. Entretanto, a intervenção no apartamento que começou em março de 2022, hoje é como uma semente. As operações foram ampliadas e por motivação da vizinhança, agora se desenvolve a recuperação de uma parte do fechamento do edifício, além da geração de uma empresa familiar no térreo. Assim como se deu a decisão coletiva de pintar as fachadas e áreas comuns de um dos quatro edifícios do conjunto, foi criado agora um bate-papo de vizinhança, onde futuras intervenções estão sendo planejadas em conjunto.
A reabilitação revaloriza espaços em desuso por meio de pequenas operações acionáveis que transformam formas de habitar, desde a unidade habitacional até a coletividade do edifício, dinamizando os centros urbanos e buscando gerar o cenário adequado para que novas formas de coletividade sejam possíveis.