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Arquitetos: Gustavo Penna Arquiteto e Associados
- Área: 7700 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Jomar Bragança
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Fabricantes: Hunter Douglas, Ambibrasil, Donata, Sonex Illtec, Vidros Sunlight - Guardian
Descrição enviada pela equipe de projeto. A responsabilidade é muito maior do que os dois pavimentos de 100 metros de frente, em um total de 10 mil metros quadrados. Muito maior até do que o endereço, em pleno coração do centro histórico de Brasília, mais precisamente no cruzamento dos eixos Norte-Sul, o ponto de partida do desenho de Lúcio Costa. Coube ao premiado arquiteto mineiro Gustavo Penna a missão de “reinventar” um icônico projeto concebido por Oscar Niemeyer (1907-2012) — e transformá-lo em um efervescente hub de arte, educação, ciência, tecnologia e inovação, o Sesi Lab.
“Fizemos uma ressignificação do lugar. E o que mais me animou foi termos podido dar a esse prédio um valor que ele ainda não tinha demonstrado para Brasília, em uma nova função, a de articulação cultural e social”, comenta Penna.
O espaço era ocupado pelo Touring Club do Brasil, em local privilegiado cedido pelo governo federal para a instituição em 1963. Com a decadência da agremiação, o prédio acabou leiloado pela União em 2005, ocupado por uma estação rodoviária, deteriorado, e depois ocupado por invasores.
Agora, 18 anos mais tarde, será inaugurado em novembro o Sesi Lab. Trata-se de uma iniciativa inovadora, mantida pelo Sesi, pelo Senai e por parceiros do setor industrial. Realização do Departamento Nacional do Sesi, com a colaboração do Instituto Euvaldo Lodi e o museu Exploratorium, de São Francisco, o projeto de requalificação arquitetônica foi todo desenvolvido pelo escritório Gustavo Penna Arquitetos e contou com assessoria museológica da equipe da Expomus.
A ideia é que o espaço sedie exposições temporárias e permanente, festivais, seminários, residências artísticas, cinema, oficinas, e conte com uma série de atividades culturais e educativas. Em uma “reinvenção” dos espaços propostos por Niemeyer, o conceito arquitetônico original foi reformulado por Penna visando a atender a objetivos pedagógico- educacionais e culturais, reintegrando o prédio na sociedade.
Essas intervenções, mantendo o que o prédio tinha de mais substantivo e emblemático, com cuidado e respeito ao mestre, procuraram criar novas conexões, num rearranjo do espaço interno com estruturas modulares, que possibilitam uma abordagem lúdica e democrática do conhecimento, onde tudo é visível para ser acessível. Para dar viabilidade aos novos usos, criou-se uma estrutura de rede de serviços, de iluminação e acústica que valoriza a estrutura. Com reaproveitamento das águas, conforto térmico, de iluminação, o uso de plantas do cerrado, o prédio vai procurar a certificação Leed para que seja exemplo de sustentabilidade.
Com a remoção de vedamentos adicionados ao longo do tempo no andar inferior, devolveu-se ao edifício a permeabilidade proposta no projeto original. Ao abrir o prédio para o entorno, restaurando uma passagem forrada de azulejos de Athos Bulcão, o SesiLab espera oferecer um novo espaço de convivência na cidade, uma praça entre e Biblioteca Nacional e o Teatro Nacional.
“O interessante é que o edifício histórico, feito na época da fundação de Brasília, continua gerando valores para o futuro”, pontua o arquiteto. “E eu acredito que todo edifício precisa mesmo ser aberto a reinterpretações no futuro, para que não fiquem congelados no tempo. Todos os prédios precisam admitir reinterpretações.”