Antecedentes Culturais: Revitalização Rural, Construção Rural e Intervenção Humana - A sociedade moderna libertou as pessoas do contrato com a terra, e o coração humano já não está preso ao solo. No momento em que as pessoas não estão mais apegadas à terra, as vilas rurais enfrentam o dilema de como crescer e reter seus habitantes. Com o rápido desenvolvimento das cidades, o campo tornou-se um fornecedor abnegado de fatores de produção, como recursos fundiários e capital humano. As vilas que não são ricas em terras aráveis, como Beigou, só podem exportar mão de obra jovem e de meia-idade para o mundo exterior. Esta perda de população desertificou a terra e deixou as habitações em ruínas. O que não pode ser ignorado na revitalização do campo é reverter esse fluxo unidirecional do campo para a cidade, permitindo que as pessoas retornem para a zona rural, seja para consumo de curto prazo ou para viver a longo prazo.
Confrontados com uma comunidade rural à espera de uma revitalização econômica e cultural, os arquitetos de fora, como nós, exigem uma âncora para a prática. Agarrar-se ao caminho estreito é a prescrição padrão da arquitetura moderna; desdobrando-se em vários símbolos e clichês tentadores. No entanto, a resposta não reside nas formas construídas. A força da construção rural reside na sua capacidade de trazer de volta os trabalhadores e visitantes, invertendo assim o fluxo unidirecional de pessoas e repovoando o campo. A construção de novas relações e interações (entre locais, visitantes, construtores, proprietários da terra, trabalhadores das vilas, aldeões, oficiais, equipes de construção estrangeiras, turistas e arquitetos) é tão importante quanto erguer edifícios. A experiência de Beigou nos diz que a interação entre as pessoas e a colisão entre grupos é o processo e o resultado da construção rural. A chave é, de fato, o humano.
Alvo e Espaço de Exibição - O objetivo do Village Opera é usar a arquitetura como uma amostra da complexa relação e interação dos personagens por trás da construção rural. Ao fazer a curadoria de uma exposição com múltiplos tons e melodias, as interações entre grupos (de diferentes formações, interesses, responsabilidades e direitos) são transformadas em cenários da mostra. Os personagens sobem ao palco e as perspectivas das exposições mudam constantemente, convidando os aldeões e visitantes para a encenação. A exposição está dividida em sete espaços principais, dos quais seis são a linha principal da peça no WAAAM (WA Art. Architecture Museum): Prólogo, Coro, Negociação, Solilóquio, Dueto e Epílogo quando Extra (ou "bis") se localiza no enredo de "Ambeigoity ", onde foi realizado o Experimento de Uso do Solo Rural. Prólogo se conecta com a praça central da vila e é a sala de abertura da exposição. Trabalhadores, arquitetos, aldeões, promotores, turistas... Existem fronteiras intransponíveis entre os diferentes papéis? As pessoas se observam e se imitam em Beigou e, finalmente, se reúnem sob o beiral do WAAAM.
Coro, o primeiro ato, está localizado no térreo, dentro da fundação da casa rural original, sobre a qual fica o WAAAM. Bases de entulho estão espalhadas e a exposição enfatiza a presença arqueológica. O conteúdo apresenta a Fase de Construção da Aldeia San Sa, a Estação Nostálgica de Beigala e o Coletivo da Casa dos Agricultores. Casas antigas, novos edifícios, antigos aldeões e equipes de construção estão constantemente provocando o território um do outro no processo de desenvolvimento da vila. A equipe de construção parece ter se tornado um grupo arqueológico quando emergem as discussões sobre história e memória.
Ato II, Negociação está localizado no segundo andar do local original. O espaço é nítido e sóbrio, ao contrário da miscelânea multimídia do Coro, para apresentar o WAAAM como um empreendimento rural e um projeto arquitetônico. A alternância de diferentes papéis no processo de construção do WAAAM expressa a definição e intervenção de diversos pontos de vista sobre a construção de um museu numa vila e sobre o próprio edifício.
Solilóquio (Ato III) é um espaço sonoro localizado dentro de um pequeno nicho sob a parede de azulejos, onde a luz e a sombra estão repletas de tensão dramática. A exposição dos Monólogos dos Arquitetos da Aldeia San Sa convida os visitantes a percorrerem o estreito corredor de profunda autorreflexão e debates internos, confrontando e questionando como aqueles que têm o direito de projetar podem usar o espaço e, finalmente, reconciliar-se com eles próprios.
Serpenteando a torre, novo marco da vila, o Dueto (Ato IV) começa na galeria da escadaria e termina com a "grande vista" do terraço. Seu elenco apresenta o Novo Refúgio da Olaria - Arquiteto vs. Turista; tanto o seu conteúdo quanto a forma de exibição expandem o tema da perspectiva na concepção de cenários no campo. Como os arquitetos e visitantes (ambos forasteiros da vila) devem desvendar as cenas em suas mentes? Perspectivas diferentes perderão/cruzarão os sentimentos umas das outras? Esse projeto equilibra cuidadosamente os detalhes, e apenas a Grande Muralha à distância sempre ignora tudo.
Localizado nos grandes degraus está o Epílogo final. Quando aqui se reúnem todos os personagens e visitantes surge a sensação de estar num cinema ao ar livre na entrada da vila. Os momentos de Beigou mudam na tela com seu próprio povo, fomentando o senso momentâneo de heroísmo.
Extensão: Ambeigoity_Ativação Espontânea e Experimentação do Uso do Solo
Em Beigou já se passaram 7-8 anos desde nossa primeira participação nos projetos de revolução ambiental e revitalização rural. No entanto, quando todo o desenvolvimento progressivo se torna realidade e é implementado nas experiências interativas reais, a falta de certas questões particulares torna-se óbvia. Um súbito deslizamento de terra destruiu a antiga casa, deixando dezenas de metros quadrados de espaço aberto, e o impacto da epidemia continuou reduzindo a demanda original por refeições, o que trouxe incerteza do propósito do espaço, proporcionando assim um local possível para a imaginação e experimentação da expansão da agenda rural. Uma exploração improvisada do local, como uma exposição temporária experimental de "Village Opera, Um ensaio da construção rural", começou imediatamente. Trata-se de uma pesquisa baseada no grau de integração entre residentes rurais e urbanos. É uma tentativa e discussão sobre o sistema de desenvolvimento existente de Beigou e sua extensão. Ao mesmo tempo, é também uma espécie de estímulo para o futuro, mas a resposta e os resultados permanecem desconhecidos.
Fase 1 – Narrar a intenção de desenvolvimento do terreno com representações visuais e registrar as reações.
Fase 2 – Construir sanitários e outras infraestruturas necessárias de apoio à construção, combinadas com a exposição, para destacar as possíveis mudanças nas atividades e a possibilidade de que a linguagem rural pode ser derivada do entendimento tradicional.
Fase 3 – Com base na imagem e layout definidos, posicionar o mobiliário externo (no âmbito da definição do objetivo final do espaço), para criar desafios e configurações em termos de conforto programático convencional e observar as reações.
Fase 4 – Solidificar a função espacial para caracterizar o local e avançar em novas formas de compreender a vida rural.
A ideia não se concretizou. Com as condições sociais em mudança, a orientação caminhou na direção oposta.
Atual Fase 4 - Na ausência de uma resposta proativa, o espaço acabou por se tornar uma plataforma de instalação de apoio à exposição "Village Opera, Um Ensaio da Construção Rural".
Atual Fase 5 - A situação social muda, a demanda por espaço aumenta acentuadamente e o atributo original deve ser restaurado.
A evolução dinâmica e progressiva do ambiente rural reflete a integração da prática e do seu conteúdo. A ideia ou hipótese final desta experiência não se concretizou, mas o esclarecimento em relação ao desenvolvimento, definido no início, e a resposta efetiva podem oferecer uma compreensão mais objetiva das metodologias de intervenção rural/urbana e ajudar a vida no campo a encontrar o melhor grau de interação. Esse tipo de "intervenção" parece mais uma "interação" obtida pela "prática unidirecional", e essa "interação" pode ser a verdadeira inspiração para a construção rural.
