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Arquitetos: Perkins&Will
- Área: 1300 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Fran Parente
Descrição enviada pela equipe de projeto. Envolvida pelo verde do campo, a Residência Fazenda da Grama faz uso da topografia acidentada do terreno para organizar a vida dos moradores em meio a natureza, em uma diluição dos limites entre o interno e o externo. Um jogo de linhas marcantes e volumes sobrepostos – ora encostados, ora distantes entre si –, acompanhado por aberturas zenitais e transparências, permite recortes estratégicos da paisagem e cria relações singulares entre dentro e fora, instigando a curiosidade daqueles que ali habitam.
Com cinco setores (íntimo, social, ‘fun’, hóspedes e de serviços) distribuídos em três níveis e 1300 m², a casa traz como grande premissa resguardar a vida particular da família – um casal e seus dois filhos –, ao mesmo tempo em que também admite um caráter convidativo; tudo isso sem abrir mão da sua horizontalidade predominante. No nível inferior estão os acessos de serviço e social. Em seguida, uma extensa escadaria leva ao nível intermediário, onde estão concentradas as grandes atrações do lar – o bloco social, com sala multifuncional diretamente ligada ao pátio com grama e piscina, ‘fun’ e hóspedes. Ali, um pergolado sombreia o caminho e se liga à marquise, atravessando o volume e conectando perpendicularmente todos os setores. Por fim, no último nível está a área íntima, isolada dos demais usos e com privacidade garantida.
Percursos que permitem as transições entre blocos são aqui explorados, de forma a proporcionar diferentes experiências arquitetônicas; a partir da rota traçada pelo usuário, novas perspectivas são originadas. E, é justamente através de um design funcional e eficiente que se torna possível abraçar uma versatilidade de usos e calibrar os níveis de privacidade.
O trabalho de paisagismo de Renata Tilli e de Juliana do Val (Gaia Projetos) reforça a integração com o verde, uma vez que a casa mais parece repousar delicadamente sobre um jardim pré-existente, tamanha sua naturalidade. Através de jabuticabeiras, lago com peixes e linhas orgânicas que acompanham o ritmo das plantas, a natureza é trazida para o interior do projeto e os limites entre interno e externo são pulverizados, ao ponto de suscitar a dúvida: estamos dentro ou fora da casa? Para além disso, a proximidade do condomínio onde se insere com o Aeroporto de Viracopos gera altos índices de vento; logo, a vegetação também é aplicada como barreira de proteção, posicionada lateralmente à área social e fechando a área da piscina.
A opção por materialidades de tons claros e derivadas de elementos naturais dialoga diretamente com a iniciativa de mesclar-se harmoniosamente com a paisagem. A mesma pedra que envolve o exterior também acaba por entrar na casa e revestir as paredes, sem uma clara definição de onde um espaço começa e o outro termina; o mesmo vale para a madeira no forro, que traz aconchego e remete à toda a vegetação circundante. Já os elementos metálicos que definem a marquise trazem leveza e contemporaneidade.
Os interiores, assinados por Camila e Mariana Lellis, também se prezam por elementos naturais, com forte protagonismo da marcenaria. "O objetivo do projeto foi criar uma decoração que estivesse em harmonia com a arquitetura proposta e com as necessidades dos clientes", afirma Camila.
A pedido da família (casal com filhos pequenos), a casa de lazer usada aos finais de semana deveria ser um ambiente aconchegante e um lugar de encontros. A dupla partiu do princípio de que a casa deveria ter uma atmosfera de campo e proporcionar acolhimento. Para isso, foi usada madeira em abundância, criando estantes que são preenchidas com livros e memórias afetivas da família, em contraste com o piso frio e paredes de pedra.
Tons terrosos e caramelos permeiam toda a decoração e adicionam texturas agradáveis ao olhar e ao tato. É possível perceber as variações dos tons, ora em tapetes e cortinas, ora nos objetos e almofadas, dando a sensação de um contínuo degradê. Entre os móveis e obras de arte prevalece o design nacional.
Entusiastas de música, a família tinha o sonho de ter um piano antigo, algo que com a generosa área social tornou possível. Mesas grandes e espaçosas foram pensadas também para acomodar o maior número de convidados, já que a família adora receber amigos para almoços longos e animados.
Quando o sol se põe, entra em cena a luz dos abajures, evidenciando ainda mais os caramelos e trazendo o tão desejado clima de aconchego. Já na área íntima, a paleta de cores segue os mesmos tons da área social, com papéis de parede rústicos revestindo os quartos.
"Acreditamos ter conseguido uma sinergia entre o projeto de arquitetura, a decoração de interiores e os desejos dos clientes, que relatam querer voltar todo final de semana para usufruir da convivência familiar e aproveitar o contato com a natureza", diz Mariana Lellis.