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Arquitetos: ARC Arquitectos
- Área: 11000 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Fernando Guerra | FG+SG
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Fabrica de Processamento de Nozes da Nogam localiza-se na Herdade das Atafonas, no Concelho de Évora, e tem cerca de 11000m2. Procurou-se implantar a unidade de processamento de nozes de forma a responder não só às condicionantes legais como também as condicionantes programáticas e geográficas. Partindo de uma forma triangular de referência dada por uma das condicionantes legais, optou-se por seguir essa forma e distribuir o programa em volta de um pátio central.
O programa para a unidade de processamento das nozes funcionava como um trabalho continuo que facilmente se adaptou à implantação de sentido “circular” proposta. Uma das primeiras premissas a ter em conta para a distribuição do programa foi que a zona de secagem das nozes se situasse a favor dos ventos dominantes. Para isso foram também acrescentados pátios e zonas com paredes perfuradas junto à secagem, para que o ar circulasse com maior facilidade. A partir desta localização foi então desenvolvido o restante programa, quer para a frente, quer para trás em termos de funcionalidade, com a zona da recepção localizada assim antes da zona de secagem, e a zona de armazenamento, produto acabado e expedição depois da zona de secagem.
A disposição triangular do edifício com o pátio central permitiu garantir ao edifício uma grande exposição solar e arejamento natural sem que isso implicasse um devassamento para o exterior do edifício, facilitando assim o processo de entradas e saídas de pessoal e produtos, reduzindo bastante o número de acessos ao exterior (apenas uma entrada principal e uma zona de saída de produto na área de expedição). Em termos de volumetria, ao longo das três fachadas as alturas foram-se adaptando às alturas necessárias no interior (muitas vezes comandadas pela altura dos equipamentos ou empilhamentos). Esta volumetria foi então composta por diferentes alturas de fachada, com uma platibanda que fez a pendente inclinada das fachadas escondendo os desníveis da cobertura. Esta solução minimizou o impacto de uma grande fachada numa paisagem agrícola sem outra construção. Procurou-se então que o edifício estabelecesse uma relação arquitetónica e paisagística de forma mais harmoniosa e menos impositiva na paisagem, mas também responder às necessidades funcionais solicitadas.
Os materiais utilizados no edifício procuraram estabelecer uma relação com a paisagem. Pretendeu-se que o edifício tivesse uma aparência de cor argilosa para se “camuflar” com a paisagem e ajudar assim também a minimizar o impacto da sua dimensão. As paredes perfuradas que criam um vazio e transparência para entrada e saída de ar são inspiradas nas paredes perfuradas típicas do Alentejo e Algarve. Em termos construtivos optou-se por uma solução de estrutura pré-fabricada da Vigobloco que incluia os painéis duplos de revestimento em betão pigmentado com isolamento térmico. O pavimento interior é em betão afagado mecanicamente.