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Arquitetos: Paulistania Arquitetura
- Área: 215 m²
- Ano: 2014
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Fotografias:Pedro Napolitano
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Fabricantes: Bevenuto, Ladrilar
Descrição enviada pela equipe de projeto. O processo de criação da Casa Caraibas começou antes do projeto, na escolha do lugar. A reforma de um sobrado geminado com possibilidades de vistas para o vale das nascentes do (enterrado) Córrego do Água Preta notabilizou-se como grande potencial. A premissa principal do projeto, a partir de então, foi abrir radicalmente a circulação e as vistas no sentido longitudinal do nível de convivência do sobrado paulistano, tradicionalmente estreito, com 4 metros de largura, proporcionando aos moradores uma sensação de amplitude ao conectar os espaços internos (sala e cozinha) com os espaços externos ajardinados (varanda frontal e quintal).
Amplas aberturas foram criadas com as demolições de paredes e peitoris, dando lugar a caixilhos metálicos de vãos horizontais estreitos, seguros a invasões. Novas lajes varandas foram engastadas nos espaços externos, na frente e atrás, com uma leve rotação na angulação, marcando uma quebra contemporânea à ortogonalidade existente, inclinando-se sobre as vistas do vale no pavimento superior e ao mesmo tempo sombreando o pavimento inferior.
Um pórtico estrutural de concreto foi acoplado no volume posterior do sobrado para permitir as amplas aberturas ao jardim arborizado. Uma ‘fita’ em concreto pigmentado preto estende-se de fora a fora no terreno, marca sua dimensão longitudinal e extrapola as áreas internas, desdobrando-se em bancadas, prateleiras, sofá e nichos de armários e eletrodomésticos. Demolições e raspagens revelaram potencialidades escondidas do existente: a parede de tijolos portantes, a escada e os tacos em madeira maciça, as vigas estruturais em concreto bruto e as tubulações hidráulicas agora pintadas de preto.
Novas materialidades, cores e texturas definiram ambientes e espacialidades conforme a memória afetiva dos moradores: ladrilhos hidráulicos, cimento queimado, mosaico português, assim como três volumes em gradações de azul que configuram a fachada. Por fim, os mobiliários fixos em compensado naval e fórmicas coloridas e as linhas das tubulações aparentes de elétrica e rede foram desenhando e caracterizando as elevações, funcionalidades e pormenores da casa. Assim como os objetos móveis foram construindo uma pequena coleção afetiva de memórias: bancos, banquinhos, trançados, cestarias, esculturas, colheres e chapéus de comunidades indígenas, pesqueiras ou ribeirinhas, coletados em viagens a trabalho dos moradores.