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Arquitetos: Daniel Fromer, kikacamasmie+arq
- Área: 498 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Iuri Poletti
Descrição enviada pela equipe de projeto. Uma casa acolhedora, aconchegante, que transmitisse calmaria e alegria, tanto para os moradores, quanto para receber os amigos. Esses eram os desejos de um casal que têm uma vida social agitada e gosta de receber muitos convidados. A proprietária e designer de interiores, Fernanda Berendt, sempre desejou uma casa que expressasse sua paixão pela Bahia, com muita brasilidade!
Como o projeto era um sonho se realizando, ela participou ativamente de suas demandas, dando atenção aos mínimos detalhes e, como seu marido é um italiano que ama cozinhar e alegrar seus hóspedes com boa comida, a cozinha foi um dos pontos em que ela deu destaque para o layout e produção. Com esse sonho em mãos, o escritório Daniel Fromer & Arquitetos, comandado pelo arquiteto Daniel Fromer e coautoria de Kika Kamasmie, executaram este projeto de 498m² que, além de tudo, tem como paisagem um local paradisíaco, a praia do espelho, na Bahia.
Como a construção da casa começou na primeira fase da pandemia – a mais severa -, isso resultou no conceito de valorizar o que já tinham, uma viagem ao cerne do “selfie” e reconhecimento de suas virtudes e desejos mais fortes. Com o entendimento do simples, da valorização ao próximo e da sofisticação do simples, a designer entendeu as concepções que daria para a casa. Fernanda decidiu que a casa teria uma paleta neutra, com as cores da terra, do barro, da madeira, não teria revestimentos que vedassem essa conexão com os elementos da casa, nem que chamasse muita atenção, queria ela porosa, uma casa que respirasse e tivesse conexão com a natureza, com o simples e o natural.
O local influenciou – e muito – mais um dos desejos da proprietária, já que um dos pedidos foi que a casa tivesse um “toque” do escritor baiano Jorge Amado, e que ganhasse o ar de um de seus mais célebres romances e se tornasse uma versão contemporânea chic de “Gabriela Cravo e Canela”. Além disso, a casa foi implantada ao redor de um Cipó, motivo principal pelo qual ela escolheu o terreno. A paixão foi além da árvore e do terreno, se estendendo para a produção da casa e também no design de interiores. A proprietária, Fernanda Berendt, viu um de seus sonhos se realizarem, mesclando a influência da literatura de Jorge Amado, o mobiliário e outros recursos locais, participando ativamente, escolhendo todos os detalhes do layout e produção do imóvel.
A área privilegiada foi a social e de convivência. Para que todos pudessem fluir entre os ambientes preferidos e conseguissem se conectar com facilidade, a sala-varanda se abre para o jardim e se integra à cozinha, aproveitando ao máximo a área útil de ambos os espaços. Além do núcleo social, uma sala de convivência conecta o núcleo íntimo, que abriga a suíte do casal e das duas filhas.
Pensando no conforto dos amigos que frequentemente recebem, o arquiteto projetou e executou mais um núcleo, implantando, neste, três suítes, sala de TV, escritório que serve de apoio para os dias de trabalho em casa, pensado para que a concentração aqui seja um forte ponto para quem o utiliza ou até mesmo queira um momento de calmaria e isolamento. A intenção aqui era executar um layout singelo, atemporal e que remetesse às casas do Sul da Bahia. O design de interiores acompanha e se complementa com a atemporalidade da casa, trazendo frescor na paleta e materiais escolhidos.
Para criar um layout de uma casa local, brasileira e despretensiosa, as técnicas de sustentabilidade foram amplamente utilizadas neste projeto. Nas paredes, foram utilizadas as alvenarias caiadas, piso cerâmico de lajotas de terreiros de produção local, telhas de coxa reutilizadas de antigas construções da Chapada Diamantina e esquadrias feitas de peroba de demolição. Para a mão de obra, a designer de interiores e o arquiteto também preferiram utilizar a local. Fernanda relembra que, em razão da pandemia, a região, que vive basicamente de turismo, teve seus rendimentos muito afetados, então, ela fez questão que casa – e todos os outros itens, tantos os de produção quanto os de décor -, tinha que ser feita ao máximo por produtores locais. A parceria deu tão certo que se estendeu para outros projetos na região - além da preocupação em se valer de técnicas sustentáveis, o projeto se debruçou sobre a importância da funcionalidade de cada ambiente.
Para manter a temperatura da casa amena e sempre arejada, o layout dos ambientes foi disposto para que a ventilação e a iluminação natural fossem extremamente valorizadas, diminuindo até mesmo o uso do ar-condicionado. Além da madeira de reflorestamento, o mobiliário, luminárias e metais foram, em sua grande maioria, produzidos por locais.
Complementando o layout de muita brasilidade e atemporal, o paisagismo, assinado por Rodrigo Oliveira, utilizou espécies nativas preexistentes, e trabalhou em torno do Cipó, dando a sensação de que o jardim sempre pertenceu àquela casa, proporcionando frescor ao trabalho.