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Arquitetos: BLOCO Arquitetos
- Área: 250 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Maíra Acayaba
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Fabricantes: Alva Design, Arquivo Contemporâneo, Auping, Carminati tapetes, Hill House, Jader Almeida
Descrição enviada pela equipe de projeto. O edifício Bretagne, inaugurado em 1958 pelo construtor Artacho Jurado, é um ícone paulistano, tombado pelo CONPRESP em 1995. O tombamento, em nível P2, impõe a manutenção dos revestimentos das áreas comuns e de características da fachada, mas não impede a reforma nos interiores dos apartamentos, que podem ser reformados e reconfigurados.
O projeto foi feito para uma cliente sem filhos e com grande interesse em design e arte contemporânea. A ideia principal da intervenção foi maximizar a área social do apartamento através da retirada de dois quartos para ampliar a área de estar. Transformamos, então, um apartamento de 140 m2 de três quartos em um apartamento de apenas um quarto. Durante a fase de levantamento de dados e informações iniciais para o projeto não tivemos acesso às plantas de estrutura e instalações originais, portanto, a estratégia foi descascar as paredes e estruturas para analisar a viabilidade da transformação, antes do início do estudo preliminar.
Descobrimos uma complexa estrutura de vigas com 7 distintas dimensões. Diferente de projetos com preceitos modernos, onde a planta livre e a estrutura racional, por regra, permitem reformas mais fáceis de serem adaptadas, o projeto do Bretagne exibiu intrincadas estruturas de vigas e pilares, que optamos por deixar expostas. Expusemos, portanto, todos os elementos do projeto original, descascamos todas as paredes e as pintamos de branco. As estruturas de vigas, pilares e lajes de concreto foram mantidas aparentes. Os elementos arquitetônicos, paredes e estruturas foram expostos quase em seu estado natural, enquanto as novas paredes foram totalmente cobertas por armários, painéis ou revestimentos com o intuito de sinalizar uma camada de intervenção. A mesa de jantar é fixa e fica contígua à bancada de concreto e madeira da cozinha, que é aberta para a sala.
A cozinha é ladeada por dois grandes painéis de madeira: de um lado o armário embute uma despensa, a chapelaria e todos os eletrodomésticos, e do outro lado o painel esconde um grande louceiro e a porta de acesso à área de serviço. Mantivemos um chuveiro no lavabo para que o acréscimo de um possível quarto mantivesse a funcionalidade do apartamento. A suíte principal tem uma ampla área de closet que adentra o banheiro, não havendo uma separação muito clara entre esses ambientes. Dessa forma, o banheiro da suíte está parcialmente “dentro” do closet e parte do closet adentra o quarto.
Utilizamos uma combinação de mobiliário e objetos de grandes designers brasileiros. O hall de entrada recebeu duas estantes Cross da Alva Design feitas sob medida para o local. Elas servem como divisória entre o vestíbulo e a sala de estar. Utilizamos o sofá Matriz de Jader Almeida em formato “L” nos dois ambientes de estar. Duas poltronas de balanço de Lina Bo Bardi, criadas em 1948 e reeditadas pela Etel, foram revestidas com couro rosa e ficam em frente à mesa pigmento, na cor branca, da Ovo Design. No outro ambiente de estar, o sofá Matriz envolve a mesa de centro Cacau, da designer Maria Cândida Machado. A poltrona Vira-vira de Pedro Useche funciona como estação de trabalho da cliente, que trabalha com tecnologia e não precisa de uma mesa de trabalho tradicional.
As banquetas altas Dudu produzidas pela Etel com desenho de Pascali Semerdjian, utilizadas na cozinha/sala de jantar, fornecem o conforto de uma cadeira em formato de banqueta. Na suíte, utilizamos a cama Essencial da Auping e a poltrona Tetê de Sérgio Rodrigues com apoio lateral do banco bandeirola do arquiteto Ivan Rezende. As obras de arte do apartamento foram selecionadas juntamente com a cliente. Destaque para a obra Abismo de Lucas Simões ao lado da obra de Vivian Caccuri. A foto no vestíbulo é de Ayrson Heráclito, a tela quadriculada é de Vânia Mignonge, a escultura com espelho é de Flavio Cerqueira, a foto na parede da cozinha é de Shinji Nagabe e o apartamento ainda conta com obras do artista brasiliense Nazareno e da fotógrafa Karime Xavier.