Playtime movie (Jaques Tati 1967) . Image via screenshot
Espera-se que a crítica de arquitetura e o jornalismo anunciem “o bom, o ruim e o feio” na arquitetura e no ambiente construído. Seus propósitos, porém, vão além disso. Como disse Michael Sorkin, “vendo além da novidade brilhante da forma, é papel da crítica avaliar e promover os efeitos positivos que a arquitetura pode trazer à sociedade e ao mundo em geral”. Em outras palavras, ao nos dizer o que estão vendo, os críticos também estão nos mostrando onde olhar para identificar e abordar os problemas que assolam nosso ambiente construído.
O campo do jornalismo de arquitetura tem sido liderado por escritoras mesmo em tempos nos quais que a busca pela carreira na arquitetura era desencorajada e inacessível para as mulheres. Ada Louise Huxtable estabeleceu a profissão de jornalista de arquitetura ao ocupar o primeiro cargo em tempo integral de crítica de arquitetura em um jornal americano de interesse geral. Em 1970, ela também recebeu o primeiro Prêmio Pulitzer de crítica. Esther McCoy começou sua carreira como desenhista em um escritório de arquitetura mas, por causa de seu gênero, foi desencorajada a se formar como arquiteta profissional, apesar de suas ambições de se especializar na área. Através de seus escritos, ela conseguiu chamar atenção para a cena arquitetônica negligenciada da costa oeste americana e defender os valores do modernismo regional.
O benefício comunitário é um dos principais aspectos destacados ao anunciar um novo projeto público, especialmente no caso dos ginásios esportivos, que prometem melhorias no bem-estar e na coesão social. Existem duas tipologias de ginásios esportivos, cada uma com diferentes níveis de envolvimento com a comunidade: por um lado, há grandes arenas dedicadas a competições internacionais, que podem acomodar milhares de pessoas e se tornam marcos modernos, semelhantes aos estádios. Por outro lado, existem ginásios de menor escala, geralmente anexados a escolas e localizados em bairros ou áreas rurais com acesso limitado a outros serviços públicos. Embora muitas vezes sua presença seja subestimada, esses ginásios desempenham um papel multifuncional importante, oferecendo oportunidades para praticar esportes, promover conexões, organizar eventos e apoiar diversas atividades comunitárias.
Para as cidades, sediar um evento olímpico é uma honra e uma oportunidade significativa de crescimento, mas também representa um desafio importante. Com mais de 200 nações participando dos Jogos, eles se destacam como a maior competição esportiva do mundo. No entanto, adaptar a infraestrutura pública e esportiva para acomodar o aumento repentino de pessoas e a escala desses eventos pode resultar em problemas após o encerramento, como estruturas subutilizadas conhecidas como "elefantes brancos". Apesar disso, as Olimpíadas incentivam transformações urbanas, levando as cidades a investir em melhorias em transporte, moradia e espaços públicos. Um exemplo marcante é Paris, que inaugurou sua primeira linha de metrô durante a segunda edição dos Jogos Olímpicos, em 1900.
Quando se trata dos locais olímpicos, surge o desafio da reutilização adaptativa: a arquitetura precisa encontrar maneiras de transformar esses espaços, inicialmente projetados para acomodar milhares de pessoas durante os Jogos, de modo a se tornarem parte sustentável da oferta esportiva da cidade após o evento. Em várias partes do mundo, alguns desses locais têm conseguido prolongar sua utilidade além do encerramento dos jogos, integrando-se às comunidades locais e oferecendo uma variedade maior de eventos esportivos e de lazer. Apesar dos altos custos de construção, muitos desses espaços se tornaram ícones da identidade local e atrações turísticas populares, continuando a ser utilizados décadas após receberem as multidões olímpicas.
Guillaume Bontemps/Ville de Paris. Imagem cortesia dos Jogos Olímpicos de Paris 2024
A história recente de Paris está entrelaçada com os Jogos Olímpicos. Em 1900, Paris sediou a segunda edição dos Jogos, marcando o início de uma série de adaptações urbanas e desenvolvimentos arquitetônicos para preparar a cidade. Uma das mudanças mais notáveis foi a introdução da Linha 1 do metrô, inaugurada em 1900, que conectava os locais da Exposição Universal aos Jogos Olímpicos em Vincennes. Apenas 24 anos depois, Paris sediou uma das edições mais influentes dos Jogos Olímpicos, a primeira a ser transmitida por rádio, o que aumentou significativamente a popularidade do evento. Foi nessa edição que nasceu o conceito de Vila Olímpica. Muitas das infraestruturas e locais construídos há mais de um século ainda estão em uso em Paris, e alguns deles serão novamente utilizados como sedes de eventos olímpicos.
A Biblioteca Municipal de Pequim, projetada pelo Snøhetta, abriu suas portas ao público, apresentando um espaço único para aprendizado e compartilhamento de conhecimento na cena cultural de Pequim. Um dos projetos mais aguardados de 2024, a biblioteca destaca-se pelo maior espaço de leitura climatizado do mundo, além de diversas instalações voltadas para criar um destino cultural vibrante na cidade. O escritório foi premiado com a Biblioteca Municipal de Pequim em 2018, por meio de um concurso internacional, e o projeto foi concluído com o parceiro local ECADI.
O Museu do Prazer Temporal. Esta imagem foi criada, no Midjourney, usando 7 prompts de linguagem e alguns pequenos refinamentos. Imagem cortesia de John Marx/Form4 Architecture
Desde sua introdução ao público, as tecnologias de inteligência artificial parecem propensas a mudar o cenário de trabalho para profissionais em todos os campos, e a arquitetura e o planejamento urbano não são exceção. Enquanto muitos temem seu impacto negativo, as tecnologias de IA também podem ser vistas como um conjunto diferente de ferramentas no arsenal de arquitetos e designers. Por mais revolucionárias que sejam, há uma infinidade de aplicativos e plataformas sendo desenvolvidos não para substituir, mas para ajudar, descarregar tarefas repetitivas e ajudar a visualizar ideias ou grandes conjuntos de dados, tudo para fornecer uma base para o processo de tomada de decisão do arquiteto.
Em um esforço para encontrar estratégias eficazes para mitigar os efeitos adversos das mudanças climáticas, a administração de Biden-Harris divulgou um rascunho de uma nova iniciativa legislativa que se esforça para impor uma Meta Nacional para Edifícios de Emissão Zero. Supervisionado pelo Departamento de Energia dos EUA (DOE), o rascunho propõe uma base padronizada e verificável para definir as condições mínimas comuns para tais edifícios, bem como caminhos para verificações transparentes por entidades públicas e privadas. O DOE lançou agora uma "solicitação de informações" pedindo feedback da indústria, academia, laboratórios de pesquisa e outros interessados antes de finalizar o documento.
Localizado ao longo da orla de Manhattan do Rio East, o Freedom Plaza tem como objetivo criar um novo centro cívico e cultural, introduzindo um novo espaço aberto e verde em uma área densa, com planos para adicionar um Museu da Liberdade e Democracia no parque. Além disso, o projeto feito pelo BIG-Bjarke Ingels Group inclui unidades habitacionais acessíveis, dois hotéis, comércio e restaurantes. Desenvolvido pelo Soloviev Group e Mohegan, o empreendimento Freedom Plaza reimagina um dos maiores terrenos vagos de Manhattan, medindo 2,7 hectares, localizado ao sul da sede das Nações Unidas no bairro de Midtown East.
O Salone del Mobile.Milano anunciou as datas de abertura e o programa de eventos, expandindo a feira comercial para abranger mais narrativas e projetos relevantes para a comunidade de design. A 62ª edição acontecerá na Rho Fiera Ilano de 16 a 21 de abril de 2024. Serão mais de 1900 expositores de todo o mundo, com contribuições de designers emergentes e várias escolas de design no SaloneSatellite, agora em sua edição de 25 anos. O programa cultural também inclui instalações imersivas, como as "Salas de Pensamento" de David Lynch.
A Qatar Museums divulgou imagens que mostram o futuro Museu de Lusail, projetado pelo escritório de arquitetura suíço Herzog & de Meuron. O museu abrigará uma das maiores coleções de arte orientalista, explorando o movimento de pessoas e ideias ao redor do mundo e ao longo dos séculos. A nova instituição também visa proporcionar oportunidades de estudo avançado para acadêmicos, formuladores de políticas e curadores. O edifício é concebido como "um souk em camadas verticais, ou uma cidade em miniatura contida dentro de um único edifício", visando incentivar conversas, debates e reflexões sobre questões globais.
O projeto de implementação de uma quarta linha de metrô na capital grega começou em 2021, com o objetivo de reduzir a necessidade de automóveis na cidade lotada. Como a nova linha de 15 estações é estimada para transportar 340.000 passageiros por dia, até 53.000 carros poderiam ser retirados das ruas diariamente. Embora a abertura da linha possa estar a cinco anos de distância, a obra começou para reformar sete praças urbanas que se tornarão estações. Apesar do apoio público à iniciativa, o projeto também tem gerado controvérsias, com os residentes temendo a gentrificação.
Templo - Caroline Ghosn, 2024. Renderização do projeto - Maissa Sader. Imagem cortesia de Burning Man
O festival anual Burning Man divulgou o projeto do Templo de 2024 na Cidade Black Rock, que se tornará a instalação central durante o festival que acontece entre 25 de agosto e 2 de setembro de 2024, no Deserto Black Rock, em Nevada. Intitulado "O Templo de Todos", a proposta foi projetada por Caroline Ghosn e tem inspiração na arquitetura religiosa neogótica e nos estilos art déco, além das técnicas de tecelagem libanesas Khaizaran. Selecionado através de uma competição internacional, o projeto busca trazer intervenções inovadoras que se encaixem na tradição do Burning Man.
A Autoridade Portuária de Nova York e Nova Jersey divulgou uma proposta revisada para o Terminal de Ônibus de Midtown, projetado por Foster + Partners e A. Epstein and Sons International Inc. Após a primeira versão do redesenho ter sido divulgada em 2022, agora as autoridades anunciaram a publicação das plantas do projeto revisado que levam em consideração o feedback de partes interessadas importantes, incluindo os passageiros e a comunidade em geral. A infraestrutura de US$ 10 bilhões foi projetada para acomodar o crescimento previsto dos passageiros entre 2040 e 2050 e proporcionar uma experiência melhor para um dos terminais de ônibus mais movimentados do mundo.
Zaha Hadid Architects divulgaram imagens do seu projeto para a primeira infraestrutura de abastecimento de hidrogênio para embarcações de lazer do mundo. Seguindo a experiência da ZHA em projetos marítimos, as estações serão instaladas em 25 marinas e portos italianos. Lançadas pela NatPower H, as estações começarão a ser implementadas no verão de 2024, com planos de expansão para mais de 100 locais ao redor do Mar Mediterrâneo nos próximos seis anos.
O Laboratório Urbano UN-Habitat publicou "My Neighborhood", uma publicação que oferece uma lista de princípios de projeto urbano com o objetivo de criar cidades mais sustentáveis e resilientes. Contendo ações aplicáveis à escala do bairro, o guia se dedica a apresentar uma abordagem integrada que responde a setores-chave, como transporte, iniciativas urbanas locais, moradia, espaços públicos, serviços públicos e outros.
Studio Monnik, 'Alles Komt Goed', 2023. ‘Poreuze Stad’, ilustração de Jan Cleijne. Um cenário toekomst para Amsterdã em 2089. Imagem cortesia do Het Nieuwe Instituut
Ainda assim, o país enfrenta desafios tanto esperados quanto inesperados, desde uma grave escassez de habitação até a crescente preocupação em relação às alterações climáticas e à evolução das ideias sobre ecologia. Nas palavras da curadora Suzanne Mulder, o país está "mais uma vez na prancheta", à medida que arquitetos, urbanistas e designers retomam as conversas sobre o futuro, olhando para as lições do passado. Para auxiliá-los nesse processo, o Nieuwe Instituut de Roterdã está organizando a exposição "Projetando os Países Baixos: 100 anos de Futuros Passados e Presentes".