Arquiteto chileno Nicolas Valencia é o ex-Chefe Editorial da ArchDaily, liderando uma equipe editorial global. Premiado como Arquiteto Jovem de 2022 pelo Colégio de Arquitetos do Chile ---- @nicolasvalencia.cl | nicolasvalencia.cl | hellonicolasvalencia@gmail.com
No dia 14 de dezembro do ano passado, foi inaugurada em Madri a primeira ponte peatonal do mundo construída a partir de impressão 3D. Desenvolvida pelo Instituto de Arquitectura Avanzada de Cataluña (IAAC) em um processo que levou mais de um ano e meio para ser concluído, a estrutura cruza um córrego do parque Castilla-La Mancha em Alcobendas.
Embora existam iniciativas similares na Holanda, esta é a primeira a ser construída. Trata-se de uma estrutura impressa em concreto micro-reforçado de 12 metros de comprimento e 1,75 metro de largura.
Oito meses antes do fim da Segunda Guerra Mundial, no fronte europeu, o exército soviético avançava posições na Polônia anexada pela Alemanha, no começo de 1945. Isso motivou os nazistas a esvaziarem o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, onde foram torturadas e assassinadas mais de um milhão de pessoas -principalmente judeus- nos cinco anos de sua existência.
A evacuação durou quatro dias, começando em 17 de janeiro de 1945 e ante a evidência de sua sistemática matança, os nazistas decidiram explodir parte da infraestrutura construída, alguns crematórios, porões e câmaras de gás, para tentar esquecer a existência dessa fábrica de cadáveres.
Hoje, 72 anos depois da liberação do campo de concentração mais extenso do Terceiro Reich, a fundação encarregada de Auschwitz-Birkenau busca “conservar a autenticidade”, restaurando a infraestrutura em condições mais próximas às originais da época em que os nazistas abandonaram o lugar.
Conheça o desafio que Auschwitz enfrenta, a seguir.
A fotografia publicada é forte: Guillermo Vázquez Consuegra, Jean Nouvel, Norman Foster e Arata Isozaki posam em uma sacada, junto com o prefeito de Sevilha e o presidente do grupo hoteleiro Urvasco, todos preparados para anunciar um ambicioso projeto nos terrenos da Cruz del Campo. São 1.963 apartamentos em blocos de 14 a 16 pavimentos, um hotel de luxo, um museu da cerveja e um parque com um investimento de 750 milhões de euros. A fotografia é de 2006, um ano antes da crise econômica espanhola. Como é de se imaginar, o projeto não deu em nada.
Na metade deste ano, o Prêmio Rafael Manzano Martos reuniu na sua escola de verão alunos e professores de diferentes universidades espanholas e norte-americanas para trabalhar em uma proposta urbana alternativa para a Cruz del Campo. Como explicam os organizadores, é "um importante marco na paisagem sevilhana, mas seu entorno foi se degradando a medida que péssimas intervenções urbanas foram acontecendo. Com a demolição de boa parte do complexo Cruzcampo, apresentam-se duas alternativas: tentar reverter este processo ou continuar remexendo a ferida".
Como fenômeno de transformação urbana, o conceito de gentrificação ganhou uma grande força nos últimos anos, saindo das discussões acadêmicas e alcançando, inclusive, os meios massivos de comunicação que simplificaram sua definição. Na sequência, como uma verdadeira caça as bruxas, parece que todos somos, ao mesmo tempo, gentrificadores e gentrificados.
Desde sua origem, como conceito nos anos 60, a maioria dos autores optaram por diferenciar, especificar e categorizar os processos de gentrificação segundo sua localização (países desenvolvidos/sul global), seus fomentadores (investimento público, 'sofisticação' urbana, imobiliárias, especuladores) e suas consequências (expulsão de residentes, hipsterização urbana, 'recuperação' urbana).
Deste modo, fizemos uma seleção de 20 casos documentados em diferentes formatos pelo Museo de los Desplazados(Museu dos Desalojados) uma iniciativa digital e colaborativa criada pelo coletivo espanhol Left Hand Rotation, também autores do projeto audiovisual Ficción Inmobiliaria.
As autoridades de Andaluzia, Espanha, decidiram não construir Puerta Nueva, o projeto para o novo átrio de Alhambra, concebido por Álvaro Siza e Juan Domingo Santos e vencedor de um concurso internacional realizado em 2010. De acordo com o jornal El País, a comunidade autônoma tomou a decisão com base no último relatório da Icomos, que rechaça a proposta porque esta teria uma "impacto negativo no valor universal excepcional deste Patrimônio Mundial."
O projeto ocasionou uma longa discussão com o patronato do monumento, a Prefeitura de Granada, e outras instituições culturais de Andaluzia devido à alta concentração de serviços comerciais que a proposta incluiria. "Como é possível argumentar que o projeto não está integrado e é invasivo na paisagem quando o júri destacou que uma de suas principais virtudes era sua integração em um lugar tão sensível e alterado desde os anos cinquenta do século passado", responderam Siza e Santos à decisão de Andaluzia.
Sabemos que a história é escrita por aqueles que vencem e impõem seu próprio relato. Também sabemos que o relato do ocidente é o da Europa e Estados Unidos, enquanto o resto dos atores são minimizados ou inviabilizados; chineses e japoneses durante a Segunda Guerra Mundial; com o Império Otomano na Europa do século XVI e com as maiorias raciais na leitura da independência latino-americana. O mesmo ocorre com a arquitetura.
Temos insistido que o boom do Hemisfério Sul não se apoia unicamente em uma obra nova, mas também no reconhecimento de uma nova arquitetura inviabilizada e aparentemente não digna de ser publicada em revistas nos anos 1990. Este cenário mundial mudou com o surgimento de uma humanidade multipolar, mais local. Globalizada mas heterogênea, acelerada mas desequilibrada. Não há países vermelhos ou azuis, mas uma ampla paleta de cores explodidas, como num quadro de Pollock.
Isto serve de preâmbulo para ponderar os melhores edifícios de 2016 de acordo com a opinião do crítico britânico Oliver Wainwright, que elaborou um mapa mundi delimitado por Nova Iorque (a oeste) e a cidade norueguesa de Utoya (a leste), com a exceção de Birzeit, na Palestina.
Entre mais de 800 propostas, o escritório espanhol González Hinz Zabala foi selecionado em setembro de 2015 como vencedor do concurso de projeto para o novo Museu Bauhaus Dessau. A proposta, definida como uma "caixa preta", consiste em uma barra alongada paralela à rua e "pode ser vista como um legado iconográfico: menos é mais", segundo os arquitetos autores da proposta.
A instituição já realizou a cerimônia da "primeira pedra" e espera que o museu abra suas portas em 2019, ano que coincide com o centenário de fuandação da Bauhaus. O novo equipamento cultural abrigará a grande coleção da Fundação Bauhaus Dessau, que conta com mais de 40 mil objetos expostos.
A dupla de escritórios Foster + Partners e Rubio Arquitectura foi selecionada como vencedora do concurso internacional de ideias para a nova ampliação do Museo del Prada em Madri, Espanha, segundo informou o jornal El País. Entre 47 participantes e oito finalistas, incluindo os escritórios Cruz y Ortiz Arquitectos, OMA e Eduardo Souto Moura, a dupla ficará a cargo da remodelação e transformação do Salón de Reinos, que tem mais de 2.500 metros quadrados.
Segundo o El País, a execução do projeto custará mais de 30 milhões de euros e prevê "um grande átrio de acesso na fachada sul do edifício que leva a um grande espaço expositivo no primeiro pavimento", além de potencializar "a peatonização do parque linear acessado pela rua Felipe VI."
A cada vinte anos, a ONU organiza uma conferência internacional sobre Habitação e Desenvolvimento Urbano Sustentável. Sua terceira edição aconteceu e outubro deste ano, pela primeira vez na América Latina (em Quito, Equador), recebendo as delegações de 193 países membros da ONU para discutirem o futuro das cidades.
Por ocasião do evento internacional, o atual diretor da ONU-Habitat, Joan Clos, conversou com o jornal colombiano El Tiempo sobre os principais desafios enfrentados pelas cidades, enfatizando o papel do Estado no planejamento urbano. "Em Nova Iorque não deixam de fazer negócios por que há normas; pelo contrário, fazem porque lá a definição de espaço público é absoluta e radical."
Em ocasião do HAY Festival Segovia 2016, as arquitetas Benedetta Tagliabue, Izaskun Chinchilla e Carme Pigem (RCR Arquitectes) fizeram parte do projeto The Workshop of Dreams junto a Jacob Benbunan, cofundador da Saffron. Os quatro criadores foram desafiados a materializar os sonhos de outras quatro personalidades espanholas ligadas às áreas da arquitetura, gastronomia, literatura e paleontologia.
Em conversa exclusiva com o ArchDaily, as três arquitetas compartilhara suas experiências neste projeto e como foi a relação com as outras personalidades, como definiram, conjuntamente, o "problema" e a "solução" a partir de uma série de conversas no local habitual de trabalho de cada um dos envolvidos.
A construção da Sagrada Família, a inconclusa obra prima de Antoni Gaudí em Barcelona, ao longo de seus 134 anos, havia evitado três conflitos: a ausência da permissão de construção (atualizado), o pagamento de impostos, e a incerteza se seria ou não construída a grande explanada sudoeste idealizada por Gaudí, que atualmente exigiria a desapropriação de 3 mil moradoras próximos à fachada da Glória da Sagrada Família.
Nos últimos dias, os três problemas eclodiram quase que simultaneamente. Amargurado por este que, segundo sua visão, é "um projeto sem planejamento em nome de Gaudí", o conselheiro de Arquitetura, Paisagem Urbana e Patrimônio de Barcelona, Daniel Mòdol, classificou a Sagrada Família como "uma mona de páscoa gigante".
Suas palavras, divulgadas pela imprensa há três semanas, ofuscaram uma (já aprovada) proposta municipal que exige que a comissão dê seguimento às obras do templo "se pensa modificar o planejamento dos arredores da basílica", em um prazo máximo de seis meses. Esta medida diz respeito à grande explanada projetada originalmente por Gaudí em frente à fachada da Glória (entre Mallorca e Aragó): um passeio de 60 metros de largura que conectaria a basílica com a avenida Diagonal.
Sob o título de "A oficina dos Sonhos", as arquitetas Benedetta Tagliabue, Izaskun Chinchilla e Carme Pigem (RCR Arquitectes), junto com Jacob Benbunan, co-fundador de Saffron, foram desafiadas a materializar os sonhos de quatro criadores locais, personalidades inspiradoras no âmbito da arquitetura, da culinária, da literatura e da paleoantropologia, respectivamente.
Em uma iniciativa criada por American Hardwood Export Council (AHEC), a IE School of Architecture & Design e HAY Festival Segovia, os arquitetos e designers convidados trabalharam lado a lado com seus inspiradores, sempre levando em conta a principal condição: as peças deveriam ser desenhadas unicamente em madeira, a partir do amplo catálogo de árvores dispostas pela AHEC e seriam fabricadas pelos artesãos da legendária carpinteira espanhola La Navarra.
Benedetta Tagliabue, inspirada na sabedoria técnica dos shakers de Nova York, desenhou um conjunto de mesas para Martha Thorne. Izaskun Chinchilla criou uma 'nuvem' de utensílios para a dupla de cozinheiros vascos Juan Mari e Elena Arzak. Carme Pigem desenhou uma poltrona especialmente adaptada para as atividades (e o corpo) do escritor Javier Cercas, enquanto Jacob Benbunan concebeu uma cabana móvel para o paleoantropólogo Juan Luis Arsuaga.
A arquiteta mexicana Frida Escobedo foi escolhida como vencedora do AR Emerging Architecture 2016 por seu projeto La Tallera em Cuernavaca, México. A conversão do estúdio do falecido muralista mexicano David Alfaro Siqueiros em um novo museu foi elogiada pelo júri do prêmio, que decidiu premiar a arquiteta com £10.000.
"A partir de um único gesto -- abrir o pátio do museu para a praça ao rotacionar os murais de Siqueiros -- a proposta para La Tallera busca gerar uma nova relação entre o museu/ateliê e os espaços que o cercam", explicou a arquiteta, escolhida entre 18 projetos finalistas.
A arquiteta espanhola Carme Pinós foi premiada com o Berkeley-Rupp Prize 2016, concedido pelo College of Environmental Design (CED) da UC Berkley e que oferece US$ 100 mil a um designer ou arquiteto que "tenha realizado uma contribuição significativa no avanço pela igualdade de gênero na arquitetura, e cujo trabalho enfatize o compromisso com a sustentabilidade e a comunidade." Além da quantia em dinheiro, o prêmio inclui também uma cadeira de um semestre, uma conferência pública e uma exposição no CED.
Desde 2009, Mario Carvajal registra incríveis fotografias panorâmicas de seu país natal -- Colômbia -- e outras cidades ao redor do mundo. O fotógrafo já subiu o Empire State Building em Nova Iorque e a torre Colpatria em Bogotá, registrando com sua câmera a beleza destas e outras grandes cidades.
De acordo com Carvajal, as imagens em 360° "permitem ao espectador imergir em um 'mundo virtual' para experimentar sensações imersivas atraentes e interessantes". E com o recente impulso que esse tipo de fotografia recebeu com a popularização dos equipamentos e possibilidade de compartilhamento através do Facebook, o trabalho de Carvajal atinge outros níveis, permitindo que milhares de pessoas conheçam o mundo a partir desse ponto de vista aéreo.
A seguir, veja alguns dos trabalhos do fotógrafo. Para uma experiência mais completa, recomendamos o uso do Google Cardboard.
Após o terremoto que afetou a região central da Itália no dia 24 de agosto deixando cerca de 300 mortos e 2.900 edificações danificadas, o primeiro ministro Matteo Renzi se reuniu no domingo passado com Renzo Piano antes de apresentar publicamente um plano de reconstrução das regiões afetadas.
Em matéria da ABC.es, Renzo Piano -Prêmio Pritzker de 1998 e Senador vitalício desde 2013- explicou: "somos herdeiros indignos de um grande patrimônio que nos foi deixado. Indignos porque não o protegemos. Antes de catástrofes dessa natureza não se pode falar em fatalidade."
O concurso latino-americano para estudantes de arquitetura "Pensar la vivienda, vivir la ciudad" concedeu o primeiro lugar à equipe composta por Soledad Patiño, Betina Garelli e Agostina Zampieri (Universidade Nacional de Córdoba, Argentina), que propuseram Conexión HDMI (Habitat, Densidade, Fusão, Infraestrutura), uma série de estratégias para a "reconstrução da saúde ecológica" dessa região de Córdoba (Argentina).
O concurso é organizado pela Faculdade de Arquitetura, de Urbanismo e Desenho (FAUD) da Universidade Nacional de Córdoba e promovido pela ONU-Habitat ROLAC. O júri destacou a complexidade do concurso ao abordar problemáticas "frequentes nas cidades latino-americanas" e sua capacidade de oferecer "uma possível convivência entre a residência e sua densidade necessária, com a escala territorial e as infraestruturas viáveis".
Ao desenvolver o plano mestre de iluminação urbana para Medellín, a empresa estatal colombiana EPM (Empresas Públicas de Medellín) sobrepôs em uma análise as camadas de infraestrutura e iluminação noturna sobre a cartografia da cidade, revelando verdadeiras ilhas de escuridão em meio ao tecido urbano.
Para surpresa da organização, estas ilhas de escuridão correspondiam a 144 reservatórios de água que haviam sido construídos nas periferias da cidade. No entanto, a progressiva expansão urbana de Medellín acabou rodeando-os, incorporando-os totalmente nos povoamentos informais do Vale de Aburrá. Pior, tornaram-se focos de violência e insegurança em bairros totalmente desprovidos de espaços públicos e equipamentos básicos.