José Tomás Franco

NAVEGUE POR TODOS OS PROJETOS DESTE FOTÓGRAFO

Como (e por que) integrar terra e bambu em um projeto de arquitetura

Ao conhecer e analisar as múltiplas possibilidades construtivas e arquitetônicas do bambu, é natural que surjam as seguintes perguntas: Como aproveitar suas qualidades e potencializar seu uso em climas mais frios, que requerem necessariamente uma espessura que possibilite o isolamento de paredes, pisos e coberturas? O que ocorre se mesclarmos com materiais que complementares?

Conversamos com Penny Livingston-Stark, arquiteta e professora de permacultura que tem trabalhado durante 25 anos no campo dos projetos regenerativos com base em materiais naturais não-tóxicos, para aprofundar as oportunidades na junção entre terra e bambu.

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Maquetes tornam os projetos de bambu realidade

Cada material carrega suas particularidades e o processo de projeto e construção devem ser adequados a essas características. Um edifício em estrutura metálica, por exemplo, deve ter uma precisão acurada para que os componentes e as partes, geralmente fabricados fora do canteiro de obra e transportados até lá, encaixem-se durante a montagem. Um edifício de madeira pode ter suas seções transversais drasticamente modificadas de acordo com a espécie e resistência da mesma, ou mesmo segundo a direção das cargas em relação às suas fibras. O bambu, por sua vez, exige uma aproximação distinta, por conta de sua composição e características próprias.

Mas de que forma é possível trabalhar com um material com tantas minúcias e desafios?

Aprendendo conexões básicas em bambu com artesãos indonésios

O objetivo principal do BambooU build and design course é promover o bambu como material de construção sustentável e fornecer conhecimento para arquitetos, designers, construtores, engenheiros e carpinteiros de todo o mundo com o intuito de valorizar este material e aumentar seu uso.

A versão de 2017 do curso convidou seus participantes a fazer parte de uma oficina de carpintaria básica, na qual os artesãos indonésios - liderados por I Ketut Mokoh Sumerta - ensinaram a construir a base de uma estrutura simples em Bambu, sem usar outros materiais e experimentando com o corte e junção de peças diferentes.

Veja o processo desta construção abaixo.

Os arquitetos precisam sair de suas mesas e aprender na obra, de acordo com nossos leitores

Os arquitetos sabem o suficiente sobre construção e materiais? Perguntamos isso a fim de provocar uma discussão entre os nossos leitores, e o número de respostas em nossos sites foi enorme.

Tendo lido e coletado todos esses comentários, é claro que a maioria dos nossos leitores concordam que o que atualmente é ensinado sobre materiais e processos construtivos não é suficiente. A grande maioria deles admite que adquiriram esse conhecimento através do trabalho de campo, anos depois de terem se formado. Então, novamente, perguntamos: se o conhecimento material é tão importante para o desenvolvimento de nossa profissão, por que não é uma parte fundamental dos currículos nas universidades de todo o mundo?

No entanto, alguns de nossos leitores contestam essa visão, afirmando que os arquitetos não precisam saber tudo e que não podemos sacrificar o bom desenho às restrições que impactam o processo construtivo. Baseiam seus argumentos na presença de especialistas, a quem devemos recorrer sempre que necessário, em um processo coeso e colaborativo entre as diferentes disciplinas.

Veja os melhores comentários recebidos e junte-se à discussão abaixo.

Zaha Hadid: Uma homenagem de Patrik Schumacher

Foi em 1988, na Tate Gallery de Londres, durante a conferência de Deconstructivism realizada antes da exposição homônima do MoMA, que eu encontrei Zaha Hadid pessoalmente. Ela estava dando palestras entre seis co-expositores: Peter Eisenman, Rem Koolhaas, Frank Gehry, Wolf Prix, Bernard Tschumi e Daniel Libeskind. Eu havia encontrado seu trabalho alguns anos antes, quando era estudante de arquitetura (na Universidade de Stuttgart) e fiquei impressionado pelo grau de liberdade composicional, versatilidade e dinamismo em seu trabalho. Até então eu não tinha tido tanta certeza se a arquitetura era uma boa escolha de carreira para mim. Eu estava um pouco displicente e aborrecido com a arquitetura, mas, depois do meu encontro com o incrível trabalho de Zaha, a arquitetura inesperadamente se transformou em uma aventura. Os limites das possibilidades arquitetônicas haviam mudado. Trinta anos depois, a aventura continua. Zaha mudou nosso campo e mudou tudo para mim.

Vale a pena investir em uma boa arquitetura? O caso do 'Iceberg' em Aarhus, Dinamarca

Muitas vezes se escuta que a arquitetura somente encarece os projetos. Que os arquitetos agregam uma série de complexidades - arbitrárias e caprichosas - que poderiam se evitadas a fim de diminuir os custos e que o projeto continuaria funcionando exatamente igual sem todas elas. Isso acontece em todos os casos? Mesmo que possivelmente mais rentáveis desde o ponto de vista econômico, os seres humanos não parecem ser felizes habitando frias 'caixas' de concreto; sem receber a luz solar ou a brisa do vento quando necessário; ou em bairros inseguros onde não existe a possibilidade de reunir-se com amigos e familiares ao ar livre. A qualidade na arquitetura é um valor que, cedo ou tarde, devolverá algo em troca.

A chave está no equilíbrio e um bom desenho nunca será completo se não for eficiente para além do ponto de vista econômico. Como, então, alcançar esse ideal? Revisamos o processo de desenho do 'Iceberg' em Aarhus, Dinamarca: um projeto que conseguiu convencer as autoridades e investidores ao propor um desenho de alto impacto e um orçamento limitado, que em sua forma procura responder totalmente o objetivo de garantir a qualidade de vida dos seus usuários e vizinhos.

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As curiosas histórias por trás de 10 icônicos arranha-céus

Enquanto houver edifícios, a humanidade continuará a procura por construir o seu caminho para o céu. De pirâmides de pedra aos arranha-céus de aço, sucessivas gerações de arquitetos criaram maneiras cada vez mais inovadoras de aumentar os limites verticais da arquitetura. Seja em pedra ou aço, cada tentativa de atingir alturas sem precedentes representou um vasto empreendimento em termos de materiais e trabalho - e quanto mais complexo o projeto, maior a chance das coisas darem errado.

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5 edifícios emblemáticos de Giuseppe Terragni

Através de uma carreira de somente 13 anos, o arquiteto italiano Giuseppe Terragni (1904-1943) deixou um importante legado de obras construídas que hoje são referências obrigatórias da arquitetura moderna e racionalista.

Viajamos às cidades de Como e Milão para visitar quatro obras emblemáticas que refletiam claramente sua forma de projetar; baseado na configuração organizada dos elementos arquitetônicos, que aparecem limpos, puros e expressivos... individuais, mas conformando parte essencial de um conjunto harmônico.

Novocomum, Casa Rustici, Asilo Sant'Elia, Casa Giuliani Frigerio e um bônus, a seguir.

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Como integrar os 12 princípios da permacultura para um projeto realmente sustentável

Os 12 princípios publicados aqui são explicados detalhadamente no livro Permaculture: Principles and Pathways Beyond Sustainability, de David Holmgren.

Em 1978, os ecologistas australianos David Holmgren e Bill Mollison cunharam pela primeira vez o conceito de permacultura como um método sistemático. Para Mollison, "permacultura é a filosofia de trabalhar com e não contra a natureza, após uma observação longa e porfunda." [1] Enquanto isso, Holmgren define o termo como "aquelas paisagens conscientemente projetadas que simulam ou imitam os padrões e as relações observadas nos ecossistemas naturais." [2]

Em 2002, Holmgren publicou o livro Permacultura: Princípios e Caminhos Além da Sustentabilidade, que define 12 princípios de projeto que podem ser utilizados como um guia ao gerar sistemas sustentáveis. Estes princípios podem ser aplicados a todos os processos diários a fim de humanizá-los, aumentar a eficácia, e, a longo prazo, assegurar a sobrevivência da humanidade.

E se nós aplicá-los ao processo de concepção de um projeto de arquitetura?

Como os arquitetos dinamarqueses se conectam com seus usuários para criar a melhor arquitetura possível?

Convidados pelo The Architecture Project e no contexto de um Tour de Imprensa relacionado com a arquitetura da saúde, visitamos a cidade de Aarhus, na Dinamarca, para conhecer os últimos projetos de 'cura' (healing) que se estão sendo construídos na cidade.

Após anos suplantada por Copenhague, Aarhus é uma cidade portuária que procura reinventar-se e voltar a brilhar - e está conseguindo. A grata surpresa é que foram os arquitetos que impulsionaram esta mudança e que foi a arquitetura que invadiu todos os espaços, desde seu esquecido porto industrial até seu centro histórico cheio de valiosos edifícios patrimoniais.

Esta visita nos deixou importantes lições: "a arquitetura da cura" não se relaciona exclusivamente com os projetos hospitalares, mas com espaços que estimulam positivamente as pessoas, criam lugares amáveis para viver e conviver, ao conectar-se (o máximo possível) com o usuário para dar o que ele realmente necessita.

Confira algumas das suas estratégias, a seguir.

Sete lições sobre ganhar confiança da comunidade no desenho participativo

Continuando nossa cobertura de Espaços de Paz 2015 em Venezuela, lhes apresentamos uma série de reflexões sobre os desafios que representa o trabalho com uma comunidade quando falamos de desenho participativo sobretudo quando as gerações mais jovens de arquitetos latino-americanos começam a mostrar interesse e dedicação por esta forma de metodologia.

Durante uma semana, percorremos os projetos em construção do Espaços de Paz em Caracas, Barquisimeto, San Carlos, Cumaná e La Guaira: todos localizados em bairros socialmente frágeis e comunidades desconfiadas de intervenções deste tipo por promessas anteriores jamais cumpridas. Por isso, aproveitamos esta oportunidade para refletir e conversar com arquitetos e vizinhos, tentando responder uma das perguntas fundamentais por trás da fotografia do final feliz: como realmente de ganha a confiança ao trabalhar com comunidades?

Conheças as lições a seguir.

Sete lições sobre ganhar confiança da comunidade no desenho participativo - Image 1 of 4Sete lições sobre ganhar confiança da comunidade no desenho participativo - Image 2 of 4Sete lições sobre ganhar confiança da comunidade no desenho participativo - Image 3 of 4Sete lições sobre ganhar confiança da comunidade no desenho participativo - Image 4 of 4Sete lições sobre ganhar confiança da comunidade no desenho participativo - Mais Imagens+ 10

Espacios de Paz, esperança na Venezuela

Em um recente artigo publicado pelo The Architectural Review com o título de Venezuelan urban acupuncture: Spaces of Peace by PICO Estudio, Nicolás Valencia comenta sobre como uma geração de jovens arquitetos venezuelanos enfrenta os desafios mais práticos da arquitetura em um contexto local tenso e conflituoso.

Todavia, estas condições não impediram o surgimento de novos coletivos que apostam no trabalho participativo e em projetos de caráter social. Este é o caso do "PICO Estudio, um escritório que desde 2014 desenvolve o projeto Espacios de Paz, um ambicioso exercício de acupuntura urbana e desenho participativo em oito cidades venezuelanas". De acordo com Valencia, "durante cinco semanas, vinte coletivos latino-americanos refletem, projetam e constroem equipamentos públicos em bairros afetados pela pobreza, violência e desemprego."

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Arquitetos que fazem ver uma esperança (para a comunidade e para a profissão)

Seguindo nossa cobertura de Espaços de Paz 2015 na Venezuela, refletimos em torno da crise da figura do arquiteto que trabalha em abstrato ao território e seus problemas, e o fortalecimento de uma arquitetura coletiva, honesta e eficiente, que não só beneficia as comunidades afetadas mas que, indiretamente, vem 'regenerando' a maneira com que exercemos nossa profissão.

Em tempos de crise, a necessidade de avançar nos obriga a movermos. Ainda que as problemáticas latinoamericanas estimulam a geração de instâncias que permitam melhorar a qualidade de vida dos bairros mais vulneráveis. Os arquitetos -que são abundantes na região- vêem-se pressionados a ampliar seu campo de ação e a buscar novos espaços férteis para exercer. Esse encontro de forças não só traduz-se em um aporte real a uma determinada comunidade, mas revela sutilmente uma mudança na maneira que enfrentamos o exercício de fazer arquitetura.

Frente a um encargo de alta complexidade que deve responder a pessoas com necessidades urgentes e recursos limitados, o arquiteto latinoamericano vê-se obrigado a trabalhar baseado na eficiência e no trabalho em equipe, resgatando suas virtudes essenciais para pô-las a serviço do ser humano. Virtudes que são básicas para demonstrar que nosso trabalho é fundamental, e não somente nas zonas esquecidas da cidade.

Por que o arquiteto na América Latina parece estar voltando às origens?

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Concreto romano: uma alternativa mais sustentável à produção atual de cimento

Ao observarmos o Coliseu de Roma, vemos que, na realidade, a obra não é estruturada por blocos de pedra; estas atuam como forma para o concreto.

Um novo estudo da Universidade da Califórnia Berkeley mostra que esse "concreto romano" é muito mai s sustentável que a mistura que fazemos hoje em dia. Os pesquisadores resumiram suas descobertas na revista da American Ceramic Society e garantem que a antiga combinação de pedra calcária, cinza vulcânica e água do mar requer muito menos calor (e combustível) que o processo atual de fabricação do concreto. Isto sugere que a aplicação contemporânea do método romano antigo poderia produzir um concreto mais resistente e duradouro com um impacto ambiental muito menor.

Mais detalhes e um vídeo sobre o estudo, a seguir.

Alejandro Haiek Coll: "Devemos substituir o papel do especialista pelo do cidadão"

Em um recente artigo publicado pela Architecture Now, Justine Harvey entrevista o arquiteto e artista venezuelano Alejandro Haiek Coll, cofundador do LAB.PRO.FAB e do The Public Machinery, além de professor da Universidad Central de Venezuela. Alejandro é descrito como "um dos jovens urbanistas mais inovadores do momento", dedicando sua carreira a recuperar paisagens inativas, contextos sociais degradados e situações pós-catástrofe. Coll participou de vários projetos em Christchurch, Nova Zelêndia, e no projeto Espacios de Paz na Venezuela, entre outros.

Trabalhando com a ideia de que as cidade estão em constante ameaça e que são organismos que podem ser reprogramados para se adaptar às necessidades e exigências de seus cidadãos, Alejandro propõe iniciativas participativas e comunidades ativas capazes de transformar e melhorar seu entorno construído. Substituindo o papel do arquiteto e urbanista pelo do cidadão, pode-se criar uma força poderosa capaz de replicar experiências e fomentar uma colaboração integradora. O desafio é agora estabelecer novas legislações e novas formas de ação coletiva.

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Espaços de Paz 2015: cinco cidades, cinco comunidades, vinte coletivos de arquitetura

Entre os dias 17 e 18 de maio foram inaugurados em cinco cidades da Venezuela os projetos da segunda edição de Espaços de Paz. Criado como um genuíno exercício prático de desenho participativo, vinte coletivos latino-americanos de arquitetura trabalharam durante cinco semanas com comunidades de bairros dominados pela pela violência, pelo abandono escolar e delinquência; buscando converter espaços deteriorados e abandonados em espaços públicos de paz.

Coordenado pela oficina local PICO Estudio, com a tutoria de instituições públicas e sob a direção de Isis Ochoa - Comissária Presidencial do Movimento pela Paz e Vida- em cada projeto, representantes de quatro coletivos jovens de arquitetura desenvolvem um processo de diálogo, pesquisa, desenho e finalmente, construção de um equipamento poliesportivo, social ou educativo que será administrado pela própria comunidade local.

Convidados por PICO Estudio, os editores Nicolás Valencia M. e José Tomás Franco analisaram e documentaram estes cinco espaços na sua etapa final de construção, conversando com arquitetos e representantes da comunidade, comprometidos desde a apresentação até a execução dos espaços, sem isentar-se de desafios e conflitos.

Iniciando uma série de artigos sobre Espaços de Paz 2015, lhes convidamos a conhecer estes cinco projetos, a seguir.