Este artigo é parte da nossa nova série "Material em Foco", onde os arquitetos compartilham conosco o processo de criação através da escolha de materiais que definem parte importante da construção de seus projetos.
O projeto da Casa da Enseada foi desenvolvido pelo escritório porto alegrense Arquitetura Nacional em 2015 e conta com 317 m2 utilizando uma interessante composição volumétrica e de materialidade tradicional.Nós conversamos com a arquiteta Paula Otto, uma das sócias do escritório para saber mais sobre as escolhas dos materiais utilizados no projeto e sobre a influência que desempenhou estas escolhas no conceito de projeto. Leia a seguir a entrevista:
O uso do concreto aparente na arquitetura paulista é histórico, o material está presente em diversos edifícios icônicos de São Paulo, como o MuBE e a FAUUSP. Atualmente, o concreto ainda é um dos materiais mais adotados pelos arquitetos na capital paulista e surgem diferentes soluções, sendo utilizado como um elemento pré-fabricado ou em estruturas mistas. Assim, o Arquivo desta semana buscou por dez projetos contemporâneos que adotam o concreto aparente em sua arquitetura.
O concreto é uma das tecnologias construtivas mais usadas no mundo. Com aplicações tanto na pré-fabricação como em canteiros de obras, o material se tornou alvo de tentativas de aprimoramento e evolução, de formas monolíticas incríveis a impressão 3D.
Mas por trás de todo este sucesso, houve muitas tentativas falhas, incluindo uma técnica bem intencionada do famoso inventor estadunidense, Thomas Edison. Arquivada no dia 13 de agosto de 1908, a patente de Edison consistia em uma casa que poderia ser construída com uma única forma de concreto, afirma a página Slate. Embora Thomas Edison tenha anteriormente se aventurado com concreto - do projeto de uma fábrica de cimento na cidade de Stewartsville, New Jersey, a melhorias no processo de fabricação do cimento - sua empreitada com a construção em concreto foi ambiciosa demais.
Não é segredo que na profissão da arquitetura, uma das maiores fontes de culpa é nossa excessiva confiança no concreto - usado em muitos dos edifícios que criamos. Arquitetos sabem mais que todos das implicações ambientais deste material e ainda assim continuam usando ele a uma taxa alarmante. Mas que alternativas temos para fazer nosso trabalho? Em um artigo escrito para a Forbes, Laurie Winkless discorre sobre três alternativas que têm uma boa chance de mudar o modo como construímos com concreto.
O projeto é o marco do ambicioso projeto da Cidade Satélite, um loteamento de caráter residencial encomendado ao arquiteto Mario Pani a nordeste da Cidade do México. Luis Barragán, no ano de 1958, recebe o encargo de Mario para realizar uma estrutura que servisse de maneira distintiva à entrada pela principal via de acesso da urbanização.
Para isso, o renomado arquiteto mexicano projetou, junto ao escultor Mathias Goeritz, cinco torres de concreto, de plantas triangulares e diferentes cores e alturas (a mais alta tem 52 metros). Com um caráter totalmente escultórico, a função primordial era destacar-se e ser contemplada desde longe e em movimento.
https://www.archdaily.com.br/br/783429/classicos-da-arquitetura-tribunal-de-justica-do-estado-do-piaui-acacio-gil-borsoiAna Rosa Soares Negreiros Feitosa
Quatro estudantes de mestrado da Bartlett School of Architecture - Francesca Camilleri, Nadia Doukhi, Alvaro Lopez Rodriguez e Roman Strukov - desenvolveram um novo método de impressão 3D de estruturas autoportantes de concreto em grande escala. Com seu projeto Fossilised, a equipe, conhecida como Amalgamma, combinou dois métodos existentes de impressão 3D - impressão por extrusão e impressão com pó - para criar uma forma de extrusão portante que permite estruturas de concreto "mais volumétricas".
"O método de extrusão portante apresentou a oportunidade de projetar formas que são mais variadas e volumétricas, em oposição às formas tão verticais alcançadas até o momento", comentou a equipe.
Desenvolvido por cientistas liderados por Lin Wan da Northwestern University, este "concreto marciano" é apenas um dos muitos desenvolvimentos científicos que serão necessários para realizar o objetivo de levar humanos - e eventualmente colonizar - o planeta vermelho.
O sistema de laje de concreto do Holedeck usa 55% menos concreto que um alaje tradicional, o que o torna significativamente menos agressivo ao meio ambiente que os sistemas mais comuns, além disso, as lajes são também mais finas, o que permite um maior número de pavimentos em edifícios em altura.
Projetado por Félx Guyon, do Les Ateliers Guyon em Verchères, Quebec, "Sails Benches" é um monumento às famílias fundadoras de Verchères, realizado a pedido da prefeitura da cidade. Tendo trabalhado em Montreal por tantos anos, Guyon retornou à sua cidade natal para este projeto, que foi selecionado como vencedor da categoria "Mobiliário" do World Interiors Awards 2015 em Londres, "encantando" os jurados com a narrativa pessoal e sensibilidade de "Sails Benches".
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Sistema Gomos resulta de um projeto de I&D empresarial e consiste num sistema modular em betão* armado que apresenta uma resposta concreta e eficaz para a necessidade contemporânea de simplificar e acelerar os processos construtivos. É um sistema evolutivo em que cada um dos módulos (ou Gomos) sai de fábrica completamente pronto, incluindo todos os acabamentos interiores e exteriores, isolamentos, caixilharias, instalações de água e eletricidade e até as peças de mobiliário fixas. A montagem do edifício in loco faz-se em poucos dias, simplesmente juntando estes módulos. O processo construtivo resume-se, assim, em quatro fases: (1) produção da estrutura, (2) acabamentos e instalações, (3) transporte e (4) assemblagem.
"Ao passo que o espaço começa a ser capturado, fechado, moldado e organizado pelos elementos de massa e volume, a arquitetura passa a existir."
Influenciados por importantes edifícios de concreto, como a Vila Savoye de Le Corbusier, a Casa da Cascada de Frank Lloyd Wright e a Igreja da Luz de Tadao Ando, o Material Immaterial studio, de Mumbai, criou o SPACES, uma série de miniaturas de concreto.
Utilizando um inovador método de esvaziamento de concreto em moldes leves de tecido, os arquitetos do Orkidstudio - junto a StructureMode - se associaram com um grupo de mulheres Khmer em Sihanoukville, Camboja, para reconstruir um centro comunitário no coração urbano da cidade.
A técnica foi desenvolvida e provada meses antes pelos engenheiros do StructureMode, combinando provas físicas e a análise computacional através do software Oasys GSA Suite, com o qual foram capazes de predizer o estiramento requerido do tecido para logo derramar o concreto em seu interior. Para completar o processo em conjunto, as mulheres alfaiates e os construtores puderam compreender a sequência da construção da cofragem através de croquis tridimensionais, assim o projeto foi concluído em apenas oito semanas.
O concreto sempre possuiu uma estreita relação com a terra; como material preferido para a criação das fundações dos edifícios, um dos seus usos mais comuns é efetivamente como o substituto mais viável para a terra. No século XX, a capacidade do concreto de transformar nossa interação com o solo foi levada a outro nível. Na medida que tanto arquitetos como engenheiros exploravam as oportunidades que oferece a combinação do concreto armado e da mentalidade modernista, foram feitas várias tentativas de substituir a terra de uma maneira mais dramática: através da criação de uma nova base, separada do chão. O exemplo mais difundido entre estes foi a autopista elevada que surgiu em todo o mundo, e a mais relevante para os arquitetos, as "ruas no céu", baseados em obras como a Robin Hood Gardens de Alison e Peter Smithson.Newcastle oferece um exemplo de cidade sobre esta teoria, iniciando um ambicioso plano para tornar-se a "Brasília do Norte" por meio da criação de uma rede elevada de passagens de pedestres totalmente separada dos automóveis. O projeto foi abandonado na década de 70 e estas ideias foram implementadas apenas em pequenas partes.
Depois da dramática queda do modernismo na década de 70 e 80, o projeto de reinterpretar o solo com concreto foi, em grande medida, esquecido. Claro que os arquitetos ainda utilizaram o concreto nos seus desenhos, mas estavam felizes com a relação puramente tradicional com a terra: seus edifícios era entes discretos que estavam assentados sobre a terra, e nada mais. Entretanto, este material explorado em profundidade no livro de 2001 de Stan Allen e Marc McQuade: Landform Building: Architecture's New Terrain, nos últimos anos demostrou que os arquitetos estão dispostos a trabalhar, uma vez mais, o solo com novas e emocionantes formas. Nos anos posteriores à publicação do Landform Building, esta tendencia se intensificou, como demostram os seguintes três projetos.
O estúdio DITTEL | ARCHITEKTEN GmbH desenvolveu a Pop Up Box, um espaço comercial flexível localizado em um shopping center na cidade de Stuttgart, Alemanha. Com seu desenho cúbico, a caixa serve como uma área de mostruário adaptável e auto-contida, onde os vendedores podem mover três ou quatro peças para criar seu próprio espaço de vendas.
Talvez o único material no mercado conhecido por sua "sede", o concreto ultra poroso está sendo considerado o futuro da gestão hídrica urbana. O novo material ganhou popularidade devido a um vídeo viral que mostra uma vaga de estacionamento comum absorvendo uma quantidade incomum de água. Muita gente ficou impressionada ao assistir 4 mil litros de água desaparecerem em uma superfície aparentemente sólida de concreto em menos de 60 segundos. 1,2 milhão de visualizações depois, o vídeo iniciou um debate acerca da viabilidade e possibilidades de uso do material.
O concreto ultra poroso está ganhando credibilidade devido a extensas pesquisas conduzidas por arquitetos e engenheiros de todo o mundo. Conhecida por seu clima chuvoso, uso ousado de materiais inovadores e arquitetura nada conservadora, não é surpresa que a cidade de Roterdã, Países Baixos, tenha iniciado testes com este concreto de absorção.
Foram divulgadas as imagens do primeiro projeto de Eduardo Souto de Moura nos EUA. Concebido para substituir um posto de gasolina na 2715 Pennsylvanian Avenue NW, em Washington DC, o edifício de cinco pavimentos de tijolo e concreto contará com um restaurante no térreo, oito apartamentos de aproximadamente 190m² com balcões, uma academia e um grande apartamento de cobertura.
Segundo o BizJournals, a proposta está sendo chamada pela EastBanc Inc. como a nova "entrada de Georgetown". O arquiteto português escolheu o tijolo avermelhado "porque parece o mais apropriado para esta parte da cidade."