O universal é o local sem paredes Miguel Torga - Poeta, dramaturgo e ensaísta português (1907-1995)
Um ponto de vista
Este texto foi escrito para a edição francesa do catálogo da exposição Os universalistas, 50 anos de arquitectura portuguesa, evento que a Delegação da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris organizou nessa cidade, no âmbito do seu 50º aniversário, em co-produção com a Cité de l’architecture et du patrimoine. O evento é agora apresentado, em 2018, em Portugal, na Casa da Arquitectura, em Matosinhos.
https://www.archdaily.com.br/br/892363/os-universalistas-50-anos-de-arquitectura-portuguesa-parte-1Nuno Grande
Lisboa tem recebido enorme atenção internacional nos últimos cinco anos que ocasionou grandes mudanças na vida urbana da capital portuguesa. De investimentos externos no campo da tecnologia ao fomento de iniciativas culturais, as transformações são boas e ao mesmo tempo ruins - tema complexo que vem sendo debatido sob o prisma da gentrificação e faz coro com o que aconteceu em outras cidades do mundo, como por exemplo Berlim, Portland e San Francisco.
No âmbito cultural, a cidade apresenta uma impressionante diversidade de frentes, da inauguração de grandes museus de escala internacional - MAAT, Coches - a uma rica cultura de murais urbanos de grafite, apoiados por iniciativas como a plataforma cultural Underdogs, que desde de 2013 tem trabalhado junto a artistas de todo o mundo para a realização dessas pinturas em muros da cidade.
Que o turismo de massa gera grandes inconvenientes para os moradores locais, beneficia grandes grupos empresariais em detrimento dos pequenos empreendedores e causa estragos que podem descaracterizar justamente o que torna atrativo um lugar, já sabemos. Mas também é forçoso admitir que o turismo traz empregos, aumento de renda, estimula novos negócios e melhora a qualidade urbana em muitos aspectos, via revitalizaçoes urbanas, melhoria da infraestrutura e construção de equipamentos culturais, por exemplo.
Lisboa vivencia há alguns anos um boom turístico que têm estes dois aspectos. A cidade mudou, sem dúvida. Reabilitações urbanas deram nova vida às áreas deterioradas, com a revitalização de espaços públicos, investimentos na recuperação e retrofitizacao de edifícios que de outro modo, em muitos casos, estariam condenados a ruir,. Novos equipamentos culturais foram construídos, como o Museu de Arquitetura, Artes e Tecnologia - MAAT, projetado pela arquiteta britânica Amanda Levete e o novo Museu dos Coches de Paulo Mendes da Rocha, em associação com os escritório MMBB arquitetos e Bak Gordon Arquitetos.
Foram anunciadas hoje, dia 14 de Dezembro, pelas 18h, no Salão Nobre da Sede da Trienal, a proposta vencedora e as duas menções honrosas do Concurso de Ideias para o Mercado de Santa Clara. Lançada em Julho passado, esta iniciativa organizada pela Trienal de Arquitectura de Lisboa, visa encontrar a melhor solução de adaptação do mais antigo mercado coberto da capital a negócios da economia cultural e criativa associados ao Design, Media, Artes, Cultura e Inovação.