“Casa é tanto um lugar (…) físico como um conjunto de sentimentos. (…) o lar é uma relação entre materialidade e reinos e processos imaginativos, em que a localização física e da materialidade e os sentimentos e ideias estão unidos e se influenciam mutuamente, ao invés de estarem separados e distintos. (…) a casa é um processo de criação e compreensão de formas de habitação e de pertença. A casa é vivida, bem como imaginava. O que significa casa e como ela se manifesta materialmente é algo que é criado e re-criado de forma contínua através das práticas domésticas de todos os dias, que são, elas próprias, ligadas ao imaginário espacial da casa”.1 A frase supramencionada constitui-se como ponto de partida da presente reflexão, num exercício que marcará de forma significativa a minha abordagem à forma de projetar casas.
Muitas são as formas de conhecer um lugar. Pergunte a um grupo de pessoas quem conhece Veneza e há boas chances de todos terem alguma imagem mental da cidade e seus canais. Pergunte, novamente, quantos já visitaram a capital do Vêneto e é possível que poucas ou ninguém de fato o tenha feito. Embora viajar seja a forma mais completa de experienciar um lugar, ela não é a única - imagens de cidades, lugares e edificações estão por toda a parte, da publicidade às artes, do Instagram ao cinema, e elas deixam impressões profundas na nossa memória e imaginação.
Uma casa provavelmente da década de 50, com varal próximo ao tanque de três bocas, banheiro de azulejos grandes cobertos de tapetes e cozinha cheia de comida. Uma casa de uma família de classe média em Barretos, no interior do estado de São Paulo. Uma casa que figura como protagonista na narrativa proposta pelo trabalho "Maria, José e menino" da fotógrafa paulistana Marina Schiesari.
Seja por motivos de acessibilidade universal, fluidez espacial ou continuidade plástica, rampas trazem qualidades singulares e geralmente muito bem vindas aos projetos de arquitetura. Ao menos, quando se consegue "encaixá-las" no desenho –tarefa normalmente trabalhosa devido às exigências das normas de acessibilidade que definem inclinações máximas.