Bilbao: a arte como propulsora da cidade

Texto por Francisca Codoceo via Plataforma Urbana. Tradução Archdaily Brasil.

16 anos se passaram desde que inauguraram o Museu Guggenheim de Bilbao, o singular edifício de curvas prateadas idealizado pelo arquiteto canadense, Frank Gehry, que hoje em dia é um postal desta cidade basca para o mundo. Em grande parte, a construção do museu foi responsável pelas iniciativas de recuperação do Rio Nervión (arredores do rio que atravessa a cidade) e sua reurbanização para as artes e o ócio, impulsionadas por novas organizações e conselhos da cidade através do Plano Estratégico de Revitalização Metropolitana de Bilbao .

Recordar esta marca não é casual: por estes dias, o Conselho Municipal de Bilbao, o Conselho Provincial de Bizkaia (algo como governo estadual) e os museus, galerias e agentes artísticos mais importantes da cidade, anunciaram o projeto Bilbao Art District, com o que se pretende levar arte para as ruas para promover o interesse artístico da cidade.

Os organizadores destacam que este projeto deva ser sustentável ao longo do tempo e o evento que lançará oficialmente no próximo 3 e 4 de Maio tem sido chamado de Fim de Semana das Artes, onde se espera que os moradores locais desfrutem ao ar livre de concertos de música ao vivo, intervenções artísticas, performances e outras propostas culturais e de ócio.

O fenômeno Guggenheim conseguiu dar a personalidade artística à cidade”, disse ao El País, Petra Perez, diretora da galeria Vanguardia e uma das promotoras do projeto. Por isso, o principal objetivo de Bilbao Art District (BAD) é colocar Bilbao em um circuito internacional de Arte, aproveitando que está em Madrid e Bordeaux, duas importantes e emblemáticas cidades que ajudariam a atrair as personalidades da cultura, colecionadores nacionais e internacionais, críticos e turistas culturais.

Para o desenvolvimento do BAD, foi proposto utilizar as ruas como plataforma para aumentar o conhecimento sobre os artistas locais e, por sua vez, potencializar os mais de 50 negócios de bairro: galerias, livrarias, restauradores, antiquários, estúdios de arquitetos, academias de música, de dança e de artes cênicas.

Mas o que há de bom neste distrito?

Uma particularidade do BAD é ser um projeto que vem para consolidar um fenômeno artístico que ocorre vários anos na zona de Ensanche, comprendida entre o Museu Marírimo, Jardins de Alba, Colón de Larreategui e o Passeio de Abandoibarra. Nesta zona, que foi um bairro industrial até antes da crise econômica dos anos 70, hoje podemos encontrar: o Museu de Belas Artes de Bilbao, o Museu Guggenheim de Bilbao, o Museu Marítimo, 3 salas de arte e conferências, 10 galerias de arte, 3 prestigiosas oficinas de restauro, 5 antiquário, 1 casa de leilões, 3 oficinas de quadros, 3 livrarias de arte e 3 lojas de decoração e desenho.

© FMGB Guggenheim Bilbao Museoa, 2013.

Questionada sobre se o momento de crise econômica que vive a Espanha pode ser ruim para o projeto, a adjunta de Cultura, Josune Aritzondo, disse ao meio de comunicação local Deia: “É importante não adiar as iniciativas motivadoras de atividade, esperando momentos melhores. Agora, mais que nunca, é necessário que realizemos este tipo de evento e que nos coloquemos em uma caminhada para programas com este positivismo, que é gerador de atividades e vitalidade que tanto necessitamos nestes tempos”.

Em geral, os organizadores do BAD mostraram-se convencidos de que a indústria criativa tem uma incidência efetiva no impulso da atividade econômica e na criação de empregos, e ainda, um alto potencial para o fomento do conhecimento e atração de visitantes. Esta visão é avaliada pelo Fundo Social Europeu (FSE), que co-financiou por 50% das ações deste projeto, na medida em que buscam a implantação de estratégias inovadoras de comercialização através da colaboração no setor de arte.

Para os dias do Fim de Semana das Artes, os museus ofereceram horários e programações especiais, as galerias inaurarão ao mesmo tempo suas exposições e os comercios e hoteis da área irão preparar interessantes propostas. Desta maneira, Bilbao se inclui em iniciativas similares realizadas em cidades como Berlim, Milão, Londres, Miami, Helsinki e Oslo.

Sobre este autor
Cita: Fernanda Britto. "Bilbao: a arte como propulsora da cidade" 09 Mar 2013. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-101909/bilbao-a-arte-como-propulsora-da-cidade> ISSN 0719-8906

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