Texto por Constanza Martínez Gaete via Plataforma Urbana. Tradução Archdaily Brasil.
Em Londres, a cada vez que uma pessoa passa seu cartão Oyster nos ônibus ou metrôs, sua viagem é contabilizada e visualizada como um dos milhões de pontos de dados que se movem durante o dia pela cidade. Ao final de cada dia, o conjunto obtido revela os deslocamentos de milhares de pessoas de um lado ao outro na cidade.
O vídeo, elaborado por Jay Gordon, planejador de transportes e investigador do MIT, mostra em um minuto, em formato time-lapse as 16 milhões de transações no transporte público efetuadas durante uma quarta-feira típica do ano de 2011.
A animação foi possível graças aos dados – que não são difundidos massivamente pois contém informações que revelam os padrões individuais de mobilidade– entregues por Oyster para a equipe de pesquisadores do MIT. Com isto, Gordon criou a animação, onde os pontos verdes representam os passageiros que viajam em ônibus ou metrô. Os pontos azuis dizem respeito aos locais onde os passageiros situavam-se antes de suas primeiras viagens do dia ou após o último deslocamento da jornada, onde se pode obter uma visão do lugar de origem. Por último, os pontos vermelhos mostram às pessoas que estão “em trânsito”, ou seja, usam o cartão para ir para o escritório, para o shopping ou utilizam outros meios de transporte, como táxis.
A partir das 3 da manhã é possível ver que os londrinos realizam suas viagens nos bairros exteriores ao núcleo da cidade. Às 17 horas visualiza-se outro notório movimento de habitantes, enquanto que à noite as luzes azuis permanecem estáticas. No caso das pessoas que optam pelo metrô, observa-se como seus deslocamentos parecem ser feitos em linha reta. Cabe mencionar que a animação exclui os passageiros que pagam a passagem em dinheiro, uma minoria entre os passageiros que utilizam o sistema diariamente. Para conhecer os tempos de viagem de cada pessoa, além dos cartões Oyster, utilizou-se o sistema de GPS dos ônibus.
As cores selecionadas para representar as viagens – vermelho, verde e azul – permitem sua superposição, sem deixar de lado alguma rotina de deslocamento em determinado horário do dia. Por exemplo, ao meio dia, aparecem pontos amarelos no centro da cidade, pois confluem pessoas que se encontram “em trânsito” (pontos verdes) ou que estão no escritório (pontos vermelhos). No caso dos pontos brancos, Gordon explica que acontece pois "- tudo está cheio, muitas pessoas estão em casa e no trabalho."
A partir dos padrões de viagens, pode-se refletir o uso do solo na cidade. Durante o dia, os nós do centro revelam a atividade comercial. Afastando-se desta área, aparecem algumas avenidas em vermelho, enquanto outras são azuis. Os vermelhos são provavelmente corredores comerciais, com viagens de ônibus pesados. Em altas resoluções aparecem algumas manchas negras na cidade, como parques públicos e o Rio Tâmisa, onde ninguém realiza deslocamentos ou são áreas onde as pessoas estão trabalhando ou dormindo.
O objetivo de Gordon não era simplesmente criar uma animação atrativa, mas gerar uma ferramenta de apoio que pudesse ser utilizada pelos planejadores de transportes. Sua ideia busca que um planejador chegue a seu escritório pela manhã e possa ver em um minuto o que ocorreu no dia anterior. Assim, pode identificar padrões e conhecer o que acontece em um lugar específico da cidade.
Antes da implantação dos cartões magnéticos no transporte público, não seria possível obter dados tão exatos dos padrões de viagens. Sem o cartão Oyster, você ainda pode ver um número de turnos da manhã e da tarde, mas sem a possibilidade de determinar interligações que criam um todo coerente.
Gordon explica isto afirmando que há 10 anos, "a única maneira de compilar estes dados era através da pesquisa, o que é um trabalho muito extenso e permite somente uma pequena amostra". Em vez disso, com o cartão, você recebe uma amostra maior de todos os dias da semana.
Cabe mencionar que a animação acima mostra milhões de deslocamentos realizados durante um dia. No entanto, estes poderiam variar durante os fins de semana ou em uma tempestade de inverno.