Aerotropolis: Cidade-aeroporto - a chave para uma cidade próspera do século XXI?

Cortesia de Evolve Media & Dr. John Kasarda

"A rápida expansão de instalações comerciais relacionadas a aeroportos está fazendo os portões aéreos de desenvolvimento metropolitano do século XXI onde viajantes distantes e locais podem realizar negócios, trocar conhecimentos, fazer compras, comer, dormir e ter opções de entretenimento sem se distanciar mais de 15 minutos do aeroporto. Essa evolução espacial e funcional está transformando muitos aeroportos de cidades em cidades-aeroportos " - Dr. John Kasarda

Os principais aeroportos internacionais tem se desenvolvido ao longo do tempo em nós chave numa produção global e sistemas corporativos através da agilidade, velocidade e conectividade. Esses núcleos de transporte são capazes de estimular dramaticamente as economias locais atraindo uma grande gama de negócios relacionados com a aviação para suas periferias e resultando no que John Kasarda, um acadêmico estadunidense que estuda e aconselha governos em questões de planejamento urbano, apelidou de "Aerotropolis". Como qualquer outra cidade tradicional, a Aerotropolis consiste de um núcleo central com anéis de desenvolvimento que permeiam este núcleo; mas diferente de outra cidade qualquer, o núcleo central desta cidade é um aeroporto e todo desenvolvimento vizinho dá suporte, e por sua vez é suportado pela indústria da aviação. Muitos aeroportos ao redor do mundo evoluíram organicamente para essas comunidades dependentes dos aeroportos, gerando enorme lucro econômico e criando milhares de empregos, mas o que Kasarda está argumentando é um apelo mais organizado e propositivo para o desenvolvimento destas Aerotropolises - o que acredita ser o futuro modelo de uma cidade de sucesso.

Leia mais a seguir para mais sobre a Aerotropolis.

Fazendo uma retrospectiva no desenvolvimento de cidades, rapidamente torna-se evidente que as cidades têm quase sempre sido um resultado e tiveram uma forte relação com a forma de transporte, o que foi relevante durante a época de seus estabelecimentos. Nos EUA, as primeiras cidades modernas se desenvolveram em torno de portos marinhos (BostonCharlestonNYC) e então cidades surgiram ao longo de rios e canais (BuffaloPittsburghDetroit). Em seguida, a invenção das ferrovias abriu áreas do interior anteriormente difíceis de se alcançar para produção e distribuição de bens (AtlantaOmahaKansas City). No século XX, as rodovias facilitaram a grande dispersão de pessoas e empresas criando os subúrbios, e mais recentemente, os aeroportos mundiais se transformaram em "motores primários de crescimento urbano, conectividade internacional e sucesso econômico."

Kasarda defende que as cidades que irão prosperar no século XXI serão aquelas com aeroportos e seus centros, para "aeroportos eficientes, grandes e bem conectados, relacionados à prosperidade acima de tudo" e "os lugares mais rápidos e melhores conectados irão ganhar."

New Songdo, South Korea - a city built from scratch next to Incheon airport. © H.G. Esch

Essas palavras certamente não caíram em ouvidos errados. Cidades-aeroporto já apareceram em Amsterdam Zuidas, Las Colinas, Texas e New Songdo, o Distrito Comercial Internacional da Coréia do Sul . Dubai é atualmente considerada a maior Aerotropolis mundial, conectando o Oriente e o Ocidente, principalmente através de transporte aéreo internacional e do comércio; no entanto, OMA acaba de revelar o masterplan para uma cidade-aeroporto competitiva no Qatar. Projetos para China Southern Airport City por Woods Bagot estão também em curso - aliás, a China está notoriamente construindo um total de 100 aeroportos a serem completados até o ano 2020. O vizinho Taiwan alocou US $ 8 bilhões para apenas um aeroporto, enquanto os EUA atribuiu um montante semelhante - US $ 9 bilhões - para todas as infra-estruturas de transporte em 2008. Com esse tipo de indiferença em relação a seus aeroportos, Kasarda previne que a economia estadunidense corre o risco de quebrar atrás dessas nações em desenvolvimento.

OMA Masterplans Airport City em Qatar

Os aeroportos de uma nação são contribuidores inegáveis para a economia. O Aeroporto Internacional de O'Hare em Chicago é o segundo maior escritório de mercado no Meio-Oeste e apenas a área do Aeroporto de Dulles em Washington possui mais vendas no comércio que qualquer outra cidade estadunidense, além de Manhattan. Detroit, uma cidade que está seriamente considerando o desenvolvimento de um novo aeroporto para estimular sua economia em dificuldade, geraria 10 bilhões de dólares em atividade econômica anual, $171 milhões em receita fiscal anual e iria criar e sustentar 64.000 postos de trabalho após 25 anos. Por que alguém morando em Detroit hoje desaprovaria uma proposta como esta?

Enquanto os efeitos econômicos da Aerotropolis são claros, seus efeitos num tecido urbano existente e nas pessoas estão talvez menos claros. Isto se torna evidente nas questões atuais em relação à Londres e seu novo aeroporto principal no Sudeste da Inglaterra, uma tarefa que tem atraído muitos dos líderes mundiais de negócios, planejamento urbano e arquitetura. Após considerar Aerotropolis como um modelo de cidade, Rowan Moore do The Guardian considera "arrepiante: um modelo de uma cidade impulsionada por uma combinação de imperativos de negócios e de controle do Estado, com os altos níveis de segurança e controle que é comum em aeroportos. Sob a ditadura da velocidade, memória e identidade individual são abolidas. Um shopping-aeroporto é, na verdade, não como uma praça de cidade [como Kasarda sugere], pela razão de que tudo o que é programado e gerenciado e espontâneo é abolido."

Cortesia de Dr. John Kasarda

Além disto, ele percebe que o modelo de Kasarda prevê a Aerotropolis sendo construída em um grande "gramado verde", o que é simplesmente impossível para Londres e muitas das áreas metropolitanas existentes. Se transforma em um desafio de reorientar uma cidade inteira para focar em seu aeroporto - um esforço monumental quando se trabalha com uma metrópole que possui centenas se não milhares de anos de história e crescimento urbano. O modelo poderia funcionar perfeitamente onde há uma tábula rasa vazia, mas simplesmente não restam espaços suficientes destes no mundo.

Enquanto a visão de Aerotropolis é economicamente atraente e já estabeleceu muitas engrenagens em movimento ao redor do mundo, nós precisamos parar e considerar um cenário maior: como este modelo mudará a maneira que nós experimentamos cidades? Perderemos a cultura e caráter individual na aura de ritmo frenético, constantemente conectada e homogeneizada de viagens aéreas ou permitirá uma maior troca de experiências culturais? Como isso irá afetar a psique humana e será que a preocupação com o dinheiro e controle irá eventualmente substituir todos os outros conhecimentos ou produzirá novos conhecimentos como resultado?

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Referências: The Guardian, Aerotropolis.com, Endeavors

Sobre este autor
Cita: Porada, Barbara. "Aerotropolis: Cidade-aeroporto - a chave para uma cidade próspera do século XXI?" [Aerotropolis: The Key to a Prosperous, 21st Century City?] 06 Abr 2013. ArchDaily Brasil. (Trad. Britto, Fernanda) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-107129/aerotropolis-cidade-aeroporto-a-chave-para-uma-cidade-prospera-do-seculo-xxi> ISSN 0719-8906

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