No final de março, uma das poucas obras de Frank Lloyd Wright em Nova Iorque foi discretamente demolida na Park Avenue 430. Este discreto espaço comercial abrigou o Hoffman Auto Showroom durante cinco décadas e, assim que foi considerada como obra a ser preservada pela Comissão de Preservação da Paisagem, os proprietários do edifício iniciaram sua demolição. Para muitas pessoas, este ato pode ser visto como ganância corporativa ou "vandalismo corporativo", porém, a designação de patrimônio a ser preservado para espaços internos é aplicada apenas a espaços públicos, segundo as leis de preservação de Nova Iorque.
Este espaço já foi algo além de uma simples propriedade privada? E, desconsiderando-se que fora projetado por um dos arquitetos mais famosos da história, o projeto tinha algum "significado histórico, arquitetônico ou cultural especial"?
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O Hoffman Auto Showroom fora projetado e construído na metade da década de 50 pelo importador da marca Mercedes-Benz, Maximilian Hoffman. O projeto original, com aproximadamente 325 m², apresentava uma plataforma giratória em seu centro e uma uma rampa sinuosa que servia como espaço de exposição. A rampa era um reminiscente do Guggenheim de Nova Iorque, que estava sendo projetado e construído simultaneamente. Apesar do espaço ser "essencialmente Frank Lloyd Wright", Ada Louise Huxtable criticou o projeto em um livro de 1966, em que escreve "A rampa espiral...que era um elemento tão belo do Guggenheim, é empregada aqui, embora muito menos efetivamente, em parte devido ao forro baixo, e em parte porque o movimento de virada, apertado e abrupto, remete muito claramente aos estacionamentos verticais de muitos pavimentos." (Crain's New York)
Se a Comissão de Preservação da Paisagem (LCP, sigla em inglês) designasse o showroom de Wright como um marco da paisagem, ela teria preservado um espaço que já fora muitas vezes alterado do projeto original. Em 1982, a obra passou por algumas renovações que incorporaram espelhos no forro e a estrela de três pontas da Mercedes. Duas décadas mais tarde, a sala de exposições foi expandida e completamente renovada. No estado em que se apresentava quando foi demolido, é incerto quanto do showroom estava ainda em condições originais para garantir sua preservação. Evidentemente, o processo teria levado em consideração estas condições antes de tomar sua decisão final, e, após demolida a obra, a comunidade de arquitetos lamenta a oportunidade perdida.