No Chile, um projeto muito especial está sendo desenvolvido.
Eduardo Godoy, um empresário de design que começou seu negócio no Chile na década de 80, sempre foi um defensor do design e arquitetura no país. No Chile, mais de 40 escolas de arquitetura têm inundado o mercado, mas o número cada vez maior de profissionais tem tido um impacto relativamente pequeno sobre as cidades chilenas. Vendo a quase infinita paisagem de conjuntos habitacionais nos subúrbios, Godoy perguntou-se: Por que não romper este modelo em pequenos pedaços, cada um projetado por um arquiteto em particular, proporcionar uma oportunidade para cada jovem profissional? Com isto em mente, e a intenção de promover a valorização dos arquitetos, Eduardo e sua equipe em Interdesign começou um projeto chamado "Ochoalcubo" . Sua ideia original era fazer oito projetos, com 8 edifícios projetados por oito arquitetos diferentes, onde a singularidade de cada peça é fundamental, a fim de demonstrar como a individualidade do arquiteto pode resultar em uma boa arquitetura.
O projeto começou com oito casas na costa chilena. Quatro projetados por renomados arquitetos locais, e quatro por jovens (na época) arquitetos, incluindo nomes que ressoam no cenário internacional de arquitetura, como Mathias Klotz, Sebastian Irarrazaval, Cecilia Puga e Smiljan Radic. O resultado foi oito casas onde os arquitetos tiveram total liberdade, incluindo a decoração de interiores e o mobiliário. O projeto tornou-se um laboratório de arquitetura e jovens arquitetos e estudantes se reuniram para construir essas casas e aprender diretamente com os arquitetos. Nesse momento ochoalcubo assumiu um novo papel no aspecto educacional. No Chile, muitas pessoas não têm a oportunidade de viajar,o que é uma parte importante da formação de um arquiteto. Assim que se Godoy pode convidar arquitetos que foram avançando na profissão, aqueles cujo trabalho você tem que visitar em algum momento de sua vida, e se possível, conhecer suas obras aqui no Chile, para os arquitetos locais e, especialmente, os estudantes é quase uma obrigação visitar e principalmente: aprender.
A segunda etapa do projeto foi, criar um mecanismo que incluíra a um grupo de arquitetos internacionais: Rick Joy, Guillaume Jullian, Kazuyo Sejima e Toyo Ito. A partir desta fase, a White O de Toyo Ito foi a único construída até agora.
E então algo grande aconteceu: um terremoto de 8,8 moveu o Chile em 2010 e, o maremoto( tsunami),destruiu muitas cidades da costa chilena. Um ano mais tarde, um terremoto semelhante chocou o Japão, e novamente um tsunami causou enorme devastação. Ambos os países estavam unidos por uma catástrofe comum, onde a arquitetura foi fundamental para os esforços de ajuda e reconstrução.
Vendo como o Japão enfrentou esta catástrofe, Eduardo sentiu que algo poderia ser feito para aproximar ambas as culturas, e pediu a seu amigo Toyo Ito para ajudá-lo a reunir o grupo pendente de oito arquitetos japoneses para trabalhar com ele em ochoalcubo, juntamente com 8 arquitetos chilenos para elaborar as próximas etapas do projeto.
Depois de uma intensa viagem a Tóquio, Eduardo e Toyo-san foram capazes de convencer alguns do arquitetos mais inovadores do Japão (e do mundo): Kazuyo Sejima, Ryue Nishizawa, Kengo Kuma, Junga Ishigami, Sou Fujimoto, Atelier Bow-Wow, Akihisa Hirata e Onishi + Hyakuda. No Chile, um grupo de jovens e conceituados arquitetos também aceitaram o convite: Izquierdo Lehmann, Cristian Undurraga, Guillermo Acuña, Alejandro Aravena, Felipe Assadi, Pezo von Ellrichshausen, HLPS e Max Nuñez.
A ideia era projetar 8 + 8 casas na costa chilena, em um projeto urbanístico desenvolvido pelo urbanista Roberto Moris. Para isso, os arquitetos japoneses viajaram para o Chile, onde visitaram um local fantástico com vista para o Oceano Pacífico, perto de Los Vilos, onde o projeto "8Quebradas" será realizado.
O espírito do projeto é a arquitetura aberta e dar acesso aos arquitetos, para isso ochoalcubo se uniu com várias escolas de arquitetura. Estudantes chilenos tiveram a oportunidade não só de assistir a palestras ministradas pelos arquitetos japoneses, mas também de participar de workshops liderados por eles, e ao fim, o projeto permitiu aos melhores alunos realizarem estágios no Japão uma grande oportunidade de expandir seus horizontes. Desta forma, o sonho de Eduardo de fomentar a arquitetura e ao mesmo tempo gerando oportunidades para jovens arquitetos tornou-se realidade, e abriu caminho para uma melhor arquitetura no Chile.