Por Constanza Martínez Gaete, via Plataforma Urbana. Tradução Archdaily Brasil.
Desde a década de 1980, Tom Every trabalho demolindo edifícios e fábricas, mas quando se aposentou, optou por dedicar seu tempo a um trabalho totalmente oposto: criar obras de arte. Mantendo sua essência industrial, começou recuperando partes antigas de carburadores, tubos e qualquer peça metálica que pudesse ser soldada. Para coletar o material necessário demorou décadas, mas ao terminar sua busca, resolveu fabricar esculturas que instalaria em um parque público que ele mesmo iria desenhar.
Denominou sua faceta de artista “Dr. Evermor”, um inventor da época vitoriana, e criou o “Parque de Arte do Dr. Evermor”, ao sul de Baraboo, Wisconsin (EUA), onde os visitantes podem tocar as esculturas, passear entre elas e escutar a música que algumas delas reproduzem. Seu entusiasmo com seu novo trabalho o levou a elaborar mais de cem obras, entre as quais se encontra uma das maiores esculturas de sucata do mundo, reconhecida pelo livro Guinness.
A fascinação que lhe provocava dar um novo uso aos artigos que para outras pessoas eram lixo surgiu quando passou sua infância em Nova Iorque e pedalava pelas ruas juntando objetos que em seguida revendia. Como demolidor, se deu conta que estava ajudando a fazer que “nossa paisagem desapareça por completo”, o que o motivou a dar um giro completo em sua vida.
O parque está localizado em um terreno de 17 quilômetros quadrados e seu grande atrativo é “Forevertron”, uma escultura gigante de 36 metros de largura, 15 metros de altura e 320 toneladas, de aspecto futurista e industrial. Todos os componentes têm entre 50 e 100 anos e não demandaram gastos na sua obtenção. Por conta das dimensões da escultura à qual deram origem, o Dr. Evermor decidiu dispô-la no solo para que tivesse maior estabilidade.
Entre os materiais industriais que deram origem a “Forevertron” se encontram vários de destaque, como um câmara de descontaminação do projeto Apolo da NASA, dínamos construídos por Thomas Edson no século XIX e resquícios coletados na Fábrica de Munições do Exército dos Estados Unidos. A altura da escultura permite que os visitantes possam ver o parque desde a rodovia que passa a alguns quilômetros e chega ao parque que também foi reconhecido como um dos dez lugares mais interessantes do país pela revista Road America.
Mas “Forevertron” não é o único atrativo do parque. O Dr. Evermor fabricou 70 esculturas em formato de pássaros que dão origem a uma banda, porque emitem distintos sons de aves. No parque existem mais esculturas com formas de animais, como uma aranha gigante e vários gatos.
Ingressando parque de arte do Dr. Evermor surgem várias sensações, como retroceder à época da Revolução Industrial, ou entrar no mundo paralelo de seu criador.
Aos75 anos, o fundador do parque continua fabricando esculturas que seguem o estilo das que já estão instaladas no exterior. A grande maioria é vendida para financiar o funcionamento de parque.
O Dr. Evermor justifica a criação de seu parque dizendo que “estamos aqui só por um curto período. Temos que deixar algo no planeta, deixa-lo um pouco melhor que o encontramos”.