Desde o furacão Sandy duas coisas passaram a ser “urgentes” para o prefeito Michael Bloomberg. A primeira é o fato de Nova Iorque estar afundando progressivamente a cada ano, e a segunda é que futuros desastres naturais podem colocar a cidade e seus habitantes mais uma vez em risco. Por estes motivos, Bloomberg lançou há poucos dias o plano “Uma Nova Iorque mais forte e resistente”, que inclui nada menos que 250 medidas com um orçamento de 19,5 bilhões de dólares. Entre elas destaca-se um novo Código de Edificações para residências e escritórios, um complexo urbano chamado Seaport City e um sistema de diques e dunas.
A lição de Sandy e as novas previsões
43 pessoas mortas, quase 400 mil evacuadas apenas em Nova York, cerca de 20 bilhões de dólares em prejuízos, mais de 8 milhões de lugares sem eletricidade em 10 Estados, todos os sistemas de transporte público paralisados e o fechamento das atividades em Wall Street por dois dias foram algumas das consequências de um dos furacões mais agressivos que passaram pela costa leste dos Estados Unidos.
Tudo isso demonstrou que a rede de telecomunicações e o sistema elétrico que alimenta a rede de transportes de Nova York e seus edifícios – hospitais inclusive – são antiquados e que é necessário colocá-los à altura dos novos desafios. E não são poucos. Com base nas mudanças climáticas e no fato de Nova York ser banhada por três rios (Hudson, East River e Harlem) e pelo oceano Atlântico, as previsões não são favoráveis. Para 2025 estima-se o aumento das temperaturas médias, o aumento das chuvas em 15% e que o nível d’água subirá 76,2 centímetros. Isso significa que os 800 mil habitantes de Manhattan, Brooklyn, Queens, Bronx e Staten Island estarão vivendo em áreas inundáveis.
O plano
A ideia é que o plano lançado por Bloomberg não só tenha início imediatamente, mas que suas 250 recomendações sirvam para abrir o debate público sobre o que deve mudar na cidade, e como. Algumas das medidas são:
- A elaboração de um novo Código de Edificações para que residências e escritórios verticalizados possam suportar condições climáticas extremas.
- A criação de Seaport City, um novo bairro elevado que deve proteger a área sudeste de Manhattan de eventuais catástrofes naturais. Um dos argumentos de Bloomberg para executar este projeto é o caso bem sucedido de Battery Park nos anos 60.
- Levantar muros de contenção nas áreas de risco da cidade.
- Criar dunas e ilhas artificiais que funcionem como barreiras naturais à chegada de tempestades pelo Atlântico.
- Construir diques que desviem a agua das cheias do mar através de canais.
- Reforçar as tubulações de gás e as redes elétricas da cidade. Além de obrigar as empresas telefônicas a fazer o mesmo com sua infraestrutura, evitando que uma nova tempestade deixe a cidade incomunicável.
- Motivar os próprios nova-iorquinos a preparar suas casas através $1,2 bilhões em incentivos para proteger edificações residenciais e comerciais de inundações, $50 milhões de dólares para proteger lares e centros de cuidados a idosos, e novos programas para reduzir o custo do seguro contra inundações.
Além disso, Bloomberg afirmou que no Grupo C40 de Cidades pela Liderança do Clima que preside desde 2010, prefeitos de todo o mundo estão cada vez mais elaborando estratégias para reduzir as emissões de gases tóxicos.
O custo se justifica?
Bloomberg admite que o orçamento de $19,5 bilhões de dólares é elevado. No entanto, argumenta que Sandy causou perdas à cidade de cerca de $19 bilhões em danos e atividade econômica perdida, e inclusive advertiu que a força das tempestades futuras podem custar cinco vezes mais que isso até meados do século.
Por Francisca Codoceo via Plataforma Urbana. Tradução Archdaily Brasil.