Esta semana em nossa série Fotografia e Arquitetura apresentamos Miguel de Guzmán, cujas fotografias e vídeos "são protagonizadas por diversos agentes inesperados nas imagens habituais de arquitetura. Seu trabalho se afasta da concepção do edifício como único protagonista, brilhante e solitário, desconectado em um tempo irreal e uma atmosfera perfeita", afirma Iván López Munuera no texto que acompanha o livro que recapitula seu trabalho realizado entre 2003 e 2013.
Miguel de Gúzman nasceu no Brasil, porém se muda para Madrid, onde realiza trabalhos para os principais estúdios de arquitetura espanhóis. Foi professor no departamento de idealização gráfica de C.E.U. de Arquitetura e o departamento de Fotografia do I.E.D. Instituto Europeu de Design em Madrid.
1. Quando e como começou a fotografar obras de arquitetura?
Comecei a tirar fotografias muito jovem e desde o começo me atraiam as imagens urbanas e de edifícios, mas comecei realmente a trabalhar seriamente em fotografia de arquitetura estando na universidade: desde fotografias de maquetes para meus colegas até reportagens de obras e edifícios para professores. Ao perceber que era um trabalho interessante tomei a decisão de me profissionalizar, investir em equipamento e me aprofundar na técnica para poder avançar.
2. É arquiteto?
Sim, estudei arquitetura na Escola Politécnica de Madrid. Durante um tempo intercalei a fotografia com o trabalho de arquitetura, me associei a Andrés Jaque e Enrique Krahe e creio que desenvolvemos um trabalho muito interessante, mas a fotografia acabou ocupando praticamente todo o meu tempo. Este ano finalizei uma residência que é minha única obra como arquiteto nos últimos 5 anos...
3. ¿Por que gosta de fotografar arquitetura?
Principalmente porque gosto da arquitetura, e acredito que ela se encontra em um momento muito interessante, com muitas mudanças e evoluções. A fotografia de arquitetura é um campo em que é possível (e penso que necessária) a experimentação para poder adequar-se às distintas formas de pensamento de cada arquiteto e comunicar da melhor forma possível as ideias por trás do projeto. Também estou começando a trabalhar com vídeos, que considero um meio impressionante para a arquitetura, sobretudo agora que a difusão através da Internet possibilita que o vídeo alcance um público muito amplo.
4. Arquiteto favorito?
É impossível nomear apenas um, me interessam muito os que trabalham nos limites ou diretamente fora da ortodoxia, que apresentam ideias novas tanto em desenho quanto em processos ou formas de trabalho. Tive a sorte de poder colaborar com muitos desses arquitetos e é estimulante a tentativa, através da fotografia, de comunicar suas ideias e jogar com os limites tradicionais da disciplina convencional da fotografia de arquitetura. Gosto muito de trabalhar com pessoas jovens e estúdios pequenos, que dedicam grandes esforços á investigação e à experimentação.
5. Obra favorita?
Também é difícil especificar. Entre as que fotografei, tenho um carinho especial pelos projetos em que a colaboração com o arquiteto e o interesse pelo projeto me fez investigar no campo da fotografia, quando o edifício é resultado de um trabalho de investigação complexo e o arquiteto está interessado em dar continuidade ao processo na elaboração das imagens finais comigo. Posso dar como exemplo edifícios de Andrés Jaque, Carlos Arroyo, Manuel Ocaña, Brut Deluxe, Linazasoro e muitos mais.
6. ¿Como trabalha? (independente? com revistas, arquitetos? viaja?)
Trabalho de maneira independente. Faço reportagens apenas quando o projeto requer contando com assessores, sobretudo quando se trata de filmagens de vídeos.
Trabalho principalmente a pedido dos estúdios de arquitetura, e portanto realizo a difusão das fotos em revistas tanto impressas quanto online. As reportagens faço em contato com os arquitetos, mantendo um diálogo para entender e poder transmitir as ideias e interesses de cada projeto. Me parece muito importante dentro do meu trabalho este processo de colaboração e intercâmbio de ideias com o arquiteto desde o primeiro contato até o processo de fazer as imagens.
7. Que equipamentos e software utiliza?
Comecei utilizando equipamento de grande formato que ainda conservo, mas agora trabalho com câmeras digitais SRL e lentes intercambiáveis, que considero que proporcionam tanto qualidade quanto flexibilidade na hora de trabalhar. Também disponho de um helicóptero com controle remoto para tomadas aéreas, e naturalmente tripés e equipamento de iluminação, embora geralmente prefira utilizar a iluminação existente, tanto natural como artificial do edifício.
Para o tratamento das fotografias utilizo Adobe Photoshop e Camera Raw, já para os vídeos, uso o Premiere e After Effects.
