Remate do Aterro do Flamengo, o edifício apresenta-se como uma barra horizontal configurada a partir de uma retícula ortogonal de pilares de seção circular que se evidenciam em ambas as fachadas maiores: a que configura a superfície voltada à cidade, e a que se volta à pista e à baía da Guanabara.
Os pilares medem sessenta e cinco centímetros de diâmetro e estão localizados a cada cinco metros no sentido da extensão das fachadas principais, configurando uma extensão total de cento e noventa metros. No eixo transversal, estão dispostas seis fileiras de pilares. Seus intercolúnios, ao contrário do intercolúnio do eixo longitudinal, não é uniforme. A partir da fachada à cidade, os dois primeiros intercolúnios medem seis metros e vinte centímetros. Em seguida, outros dois intercolúnios de oito metros e vinte centímetros: o primeiro deles configura o saguão longitudinal do aeroporto, e externamente é onde se localizam as rampas laterais de acesso de automóveis ao subsolo. E finalmente, um intercolúnio de seis metros e vinte centímetros, similar aos dois primeiros, que completa a extensão lateral total de trinta e cinco metros.
A fachada principal voltada à cidade é completamente simétrica e verticalmente tripartida. Os pilares destacam-se do limite dos dois primeiros pavimentos, marcando o caráter o embasamento do edifício. Nos dois pavimentos superiores seguintes, os pilares se escondem detrás de uma superfície de vidro, que por sua vez é protegida por uma marquise perimetral retangular que avança aproximadamente um metro em balanço sobre o passeio externo e que sustenta brises verticais ligeiramente afastados das esquadrias de vidro, dispostos a cada dois metros e meio, e que por sua vez sustentam um brise horizontal central, a quatro metros das extremidades inferior e superior da marquise. A terceira parte do edifício, o coroamento, é determinado pela platibanda da cobertura. Essa faixa horizontal superior, que esconde a cobertura metálica do edifício e em parte os blocos recuados do quinto e último pavimento, continua verticalmente pelas bordas laterais, ampliando a área do terceiro e quarto pisos e fazendo com que eles avancem lateralmente em balanço.
O acesso principal ao edifício faz-se através de uma abertura descentralizada de seis intercolúnios na fachada voltada à cidade. Localiza-se na faixa determinada pela proporção aproximada de três sextos a partir da extremidade norte, ou seja, à esquerda do eixo central. Esta abertura que leva ao saguão principal do edifício avança sem impedimentos até a fachada oposta, onde se configura externamente um volume envidraçado que avança sobre o limite dos pilares de maneira similar à marquise da fachada oposta, porém sem brises. Nesse saguão, as duas primeiras fileiras de pilares são completas, ao passo que as demais têm os seus três pilares centrais eliminados, doze no total, configurando um espaço amplio. Além disso, o segundo pavimento desse setor também é eliminado, configurando um espaço de dupla altura, e em consequência, com pilares de dupla altura, tal como se apresentam na fachada. O saguão constitui-se, assim, um espaço rodeado por uma dupla sequência de pilares em forma de U que dirige a atenção à abertura transparente que dá à pista de pouso.
A modulação transversal dos intercolúnios em AABBA, ou melhor, a presença de um primeiro intercolúnio A que rompe a simetria ABBA, se explica pela determinação do intercolúnio em U do saguão principal, que dá espessor a esse espaço, assim como ao acesso principal ao edifício. Não obstante, a modulação ABBA faz-se presente no próprio saguão principal a partir da eliminação de certos pilares, ou seja, a área interna e sem pilares do saguão está determinada pela modulação simétrica ABBA. O primeiro intercolúnio A é aquele que dá espessor à fachada frontal do edifício.
A fachada posterior voltada à pista mantem a simetria do fachada de acesso, porém quebrada através de volumes que avançam sobre o limite dos pilares, e pela inexistência de três pilares na área que abriga o saguão principal. Em outras palavras, a simetria da fachada posterior do edifício é quebrada por volumes positivos e negativos, avanços e retrocessos sobre o limite dos pilares. Nessa fachada, ao contrária da fachada de acesso, a ordem vertical básica é bipartida: os pilares elevam-se separados do limite dos pavimentos até a platibanda de coroamento do terceiro pavimento. O quarto pavimento é recuado, por isso pouco perceptível nessa fachada. Os volumes que rompem a simetria e se destacam nessa fachada são: (a) a torre de controle unida ao edifício, localizada na extremidade norte, que se projeta como a proa de uma navio, (b) o volume envidraçado de dupla altura do saguão principal no primeiro pavimento, e (c) o volume do restaurante, no segundo piso próximo à extremidade sul.
As fachadas laterais também se diferenciam entre elas. Ambas são similares à composição tripartida da fachada de acesso, porém a fachada lateral norte apresenta brises verticais oblíquos com pouco espaçamento entre eles, configurando uma superfície sombreada e visualmente fechada.
O Aeroporto Santos Dumont foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) após incêndio ocorrido em 1998. Em 2007, foi inaugurado um novo terminal de embarque, localizado ao lado sul do antigo.
- Ano: 1944