Imagine viver em um lugar verdadeiramente vivo: um bairro alegre, dos sonhos! Imagine-se nas ruas, na praça local, na orla ou no mercado público. Pense nas cores, nas panorâmicas, nos odores, nos sons. Imagine as crianças brincando, a atividade no exterior das lojas e dos espaços de trabalho, vendedores de comida, eventos culturais locais e festivais ao ar livre. Pare um minuto, agora mesmo, feche os olhos e realmente imagine.
E agora a pergunta: nesta visão, o que você vem fazendo para colaborar com esta comunidade?
Se a vibração são as próprias pessoas e a cidadania é realmente criativa, segue-se pensando mais que os cidadãos sentem que são capazes de contribuir aos espaços públicos, e quanto mais contribuírem, mais vivas serão as suas comunidades. A função básica do lugar, como um bem compartilhado, é facilitar a participação na vida pública para o maior número possível de indivíduos.Em última estância, o verdadeiro sentido de um lugar provém da forma como as pessoas que o utilizam se sentem pertencentes aos espaços e sobre suas capacidades de relacionar-se com os demais. "Há uma coisa inegável que cada vizinho traz para a conversa", disse Katherine Loflin, que dirigiu o estudo “A Alma da Comunidade”, da Fundação Knight. “Isso tem a ver com a abertura e a sensação do lugar, e não é algo que se constrói fisicamente, mas que se sente. E somos nós, como seres humanos, que transmitimos este sentimento de um ao outro ou não!”
Os primeiros passos: Como podemos melhorar nossa comunidade de imediato?
Como o fundador da Sustainable South Bronx e defensor de Majora Carter Group disse, “Você não tem que sair de seu bairro para viver em um melhor. Cada um de nós pode participar, neste momento, na criação de uma cidade que gostaríamos de viver. Se você pensa que animar um lugar é uma tarefa monumental, recorde-se que os grandes espaços não são resultado de uma pessoa determinada, mas das ações de muitos indivíduos interagindo entre si. Pode demorar anos para converter uma grande quantidade de grama em uma grande praça, mas pode-se começar hoje, simplesmente cortando a grama e convidando seus vizinhos para um piquenique ali".
Quando se pensa em fazer que um bairro seja um lugar melhor, parece que é preciso voltar a pensar mais leve, mais rápido e mais econômico (Light, Quick e Cheap). No projeto dos espaços públicos, a estratégia LQC (por sua sigla em inglês), é uma maneira para que as comunidades possam experimentar um lugar e aprender como as pessoas querem usá-lo antes de realizar mudanças mais definitivas. Essa atitude experimental pode ser adotada por qualquer pessoa. Simplesmente se pergunte: o que eu gostaria de fazer e poderia levar a cabo no âmbito público?
Torne público: Traga atividade existente à sua própria rua
Para alguns de nós há oportunidades para tomar o trabalho que fazemos em nossa vida profissional e convertê-lo em uma forma de relacionar-nos com nossos vizinhos. Talvez haja certa atividade que realizamos que poderia ser transferida a um parque próximo ou até, uma de nossas habilidades poderia ser ensinada em uma biblioteca local. Uma empresa de design gráfico na Cidade do Cabo, África do Sul, levo a cabo a ideia de interagir com o espaço público, e todo mês muda seu escritório para um espaço diferente, interagindo com os transeuntes curiosos. "Isso nos mantém alerta", diz Lourina Botha, um dos co-diretores da empresa. "Isto obriga-nos a ter consciência do nosso papel como designers e é um lembrete de que nossa profissão tem um real efeito sobre o mundo."
Em outras palavras, este projeto ilustra como um enfoque LQC não somente enriquece o espaço público onde a intervenção acontece, mas também o próprio trabalho e a produtividade de uma empresa. Este tipo de atividade desfoca a linha entre o privado e o público e redefine o trabalho como um mecanismo para a criação de capital social. Segundo Harry Boyte, diretor do Centro para a Democracia e Cidadania na Faculdade de Augsburg, “Necessitamos de profissionais que pensem por si mesmos e não de profissionais estritamente disciplinados cujo trabalho seja simplesmente resolver um problema estrito. Precisamos de pessoas que sejam cidadãos e trabalhem para contribuir à saúde cívica e o bem estar da comunidade.”
Reveja também o outro artigo sobre Placemaking, publicado no ArchDaily Brasil, intitulado "Como um enfoque compartilhado permite construir lugares atrativos?"
Por Natalia Barrientos Barría, via Plataforma Urbana. Tradução Eduardo Souza, ArchDaily Brasil.