Na década de 1980, os moscovitas iniciaram uma série de protestos exigindo que seis parques em Moscou fossem declarados área de proteção, evitando, assim, seu abandono e sua transformação em áreas de especulação imobiliária. As manifestações deste gênero, nunca antes vistas no país, levaram as autoridades a realizar um levantamento de parques urbanos e determinar a proteção destes no IX Congresso dos Deputados do Povo realizado em 1989.
Como os protestos conseguiram que o desenvolvimento urbano e a proteção ambiental obtivessem a mesma importância na legislação russa, eles são considerados uma conquista pelos cidadãos, ajudando a mudar a percepção sobre a capital russa, muitas vezes associada a uma cidade industrial.
No entanto, a primeira estratégia de proteção dos parques urbanos em Moscou, por parte das autoridades, se deu em 1935, quanto foi aprovado um Plano Geral que estabelecia um cinturão verde de 10 a 15 quilômetros de largura em torno dos limites da cidade. Além disso, foi proposto um anel de parques – -Sparrow Hills, Fili, Serebryany Bor, Izmaylovo, Timiryazevo, Pokrovskoe-Stresnevo, Ostankino e Sokolniki - no centro da cidade, gerando micro climas e espaços públicos de conexão entre diferentes áreas da cidade. O progresso apresentado pelo plano pode ser considerado um êxito do planejamento urbano nas primeiras décadas do século XX.
Contudo, os planos de expansão urbana iniciados nas ultimas décadas levaram os cidadãos a defenderem os parques Losiny Ostrov, Bitsa, Teply Stan, Kosino, Tushino e a esplanada Brateevskaya, através de manifestações populares.
Estes feitos incentivaram a criação de novos planos de proteção, como o “Desenvolvimento e Gestão de Áreas Protegidas em Moscou”, que conta com uma lista de locais de interesse que serão trabalhados até 2015. Desta forma, a rede de parques urbanos da cidade pode aumentar ano a ano.
Atualmente Moscou conta com 96 parques, 18 jardins públicos e 100 quilômetros quadrados de bosque dentro da fronteira da cidade, segundo Peter Sigrist, que estudou o sistema de parques urbanos de Moscou. Algumas dessas áreas estão protegidas por seu valor ecológico e outras por sua importância cultural.
No entanto, estes números aumentarão de acordo com um plano municipal do Departamento de Recursos Naturais e Proteção Ambiental, que propõe criar 254 novas áreas naturais até 2020, o que representaria 20% da superfície da cidade. Este programa visa alcançar um equilíbrio entre as próximas construções e a proteção das áreas verdes.
Com as áreas protegidas - um avanço para uma cidade industrializada - os turistas ficam surpreendidos com a qualidade das áreas verdes existentes em Moscou, segundo Sveta Samsonova, membro do Departamento de Geografia da Universidade Estatal de Moscou. No entanto, ela questiona o que acontecerá com esses territórios com o adensamento da cidade.
Temos que ver o que acontecerá.
Por Constanza Martínez Gaete, via Plataforma Urbana. Tradução Isabela Costa, ArchDaily Brasil.