Em preparação para a edição de dezembro, intitulada The Law and its Consequences, a Volume Magazine convida todos a enviar exemplos de legislações locais que geraram consequências não esperadas - ou apenas incomuns - em nossas cidades. A edição questiona: "Se considerarmos a lei como uma parte do projeto, podemos aplicar inteligência de projeto na lei?"
As leis tem uma longa história de afetar o caráter das cidades. Talvez a mais antiga norma de projeto esteja no livro de Deuteronômio (22:8): "Quando você construir uma casa nova, faça um parapeito em torno do terraço, para que não traga sobre a sua casa a culpa pelo derramamento de sangue inocente, caso alguém caia do terraço." Desde então, leis como as normas contra incêndio, zoneamentos e diretrizes de preservação se tornaram um dilema cotidiano para arquitetos, afetando, em última análise, no resultado dos projetos. No entanto, estas leis frequentemente criam brechas inesperadas, que podem levar a peculiaridades projetuais que definem o sentido de lugar da cidade.
Continue lendo para ver alguns exemplos de consequências da lei.
Super-porões em Londres
Como uma cidade histórica, Londres apresenta fortes medidas para prevenir edifícios altos. Entretanto, como centro financeiro global, a cidade também apresenta um grande número de habitantes muito ricos, para os quais uma casa de três pavimentos não é o bastante. Legalmente proibidos de ampliar para cima, muitos dos habitantes mais abastados estão escavando enormes porões para aumentar significantemente a área de suas residências.
Escadarias em Montreal
Uma lei bem intencionada em Montreal estipula uma distância mínima entre novas casas e a rua, encorajando jardins em frente às casas. Com menos espaço para construir, os construtores revidaram, deslocando as escadarias para fora dos edifícios, aumentando a área interna disponível. Agora, ao invés de pitorescos jardins em frente às casas, muitas ruas de Montreal são caracterizadas pelas escadarias de aço que dão acesso ao segundo pavimento das residências.
Edifícios inacabados na Grécia
Na Grécia, os novos edifícios não precisam pagar impostos até serem concluídos, ou seja, seus habitantes têm um incentivo econômico para deixar suas casas visivelmente inacabadas. O modo mais comum para alcançar tal estética é deixar vergalhões de aço aparentes na cobertura dos edifícios, aguardando a construção de um hipotético novo pavimento. Em alguns casos, esta aparência de inconclusão se torna, de fato, funcional, já que os proprietários podem facilmente ampliar suas residências no caso de suas famílias crescerem.
Torres no Líbano
No Líbano, as restrições quanto a altura dos edifícios são calculadas em função do afastamento destes em relação à rua. Isto levou os investidores a adquirir grandes extensões de terra, sabendo que podem construir na altura que desejarem, contanto que afastem as construções da rua. Esta prática está destruindo a paisagem urbana de algumas cidades como Beirut, já que estes recuos, parcamente projetados, estão aparecendo em ruas por toda a cidade.
Estes são apenas alguns exemplos de como o projeto pode explorar as brechas da legislação. Se você conhece algum outro exemplo, escreva na seção de comentários logo abaixo.