Esta semana na nossa série de Fotografia de Arquitetura apresentamos Pablo Casals-Aguirre, arquiteto, fotógrafo e diretor chileno. Seu trabalho como diretor e como fotógrafo tem sido comissionado por grandes figuras como Mauricio Rocha, José Cruz, Albert Tidy, FAR Architekten, T38studio, Michel Rojkind, S3 Arquitectos, José Domingo Peñafiel e Germán del Solentre outros.
Dentro de seu trabalho fotográfico e audiovisual, e na ocasião da mostra Blanca Montaña / Registro dos últimos 20 anos de Arquitetura contemporânea Chilena, recebe uma premiação pela archiworld.tv no 5th Budapest Architecture Film Days, como melhor Landscape Architecture Film.
Participou de diversas exibições entre as quais se destaca o GAM em Santiago, o CENTEX em Valparaíso, o Uffzi Museum em Florência, Itália na IUAV em Veneza, na Galeria Aedes em Berlim, Alemanha e recentemente no The London Design Festival_Design Junction na Inglaterra.
Em paralelo a seu trabalho como fotógrafo, se dedica à arquitetura, liderando seu próprio estúdio onde desenvolve projetos no Chile e no México.É também Acadêmico nas Escolas de Arquitetura da UNAB, Campus Criativo e da Universidade Finis Terrae.
Faz parte da equipe do Arqfilmfest, primeiro Festival de Cine Arquitetura no Chile e América Latina, que atualmente está em cartaz no GAM e em Matucana 100 em Santiago, onde recentemente estreou seus três últimos trabalhos audiovisuais; Biblioteca para Cegos e Deficientes Visuais dos Arquitetos Mexicanos Mauricio Rocha e Gabriela Carrillo, Monasterio Beneditinos de Gabriel Guarda e Martín Correa, e a Biblioteca Pública do México do Arquiteto Alberto Kalach.
A seguir, uma entrevista exclusiva, uma seleção de suas melhores fotografias e curta-metragens de arquitetura.
1. Quando e como você começou a fotografiar e fazer curta-metragens de arquitetura?
Me lembro quando acompanhava meu pai, que é engenheiro, nas obras que ele construía. Era quando eu então fazia registros de cada um dos edifícios tanto em fotografias analógicas como em formato video VHS.
Foi então que me aproximei indiretamente no mundo do registro fotográfico e audiovisual. Alguns anos mais tarde, quando tinha 9 anos, ganhei minha primeira câmera analógica de filme. Câmera de vídeo nunca tive, sempre pegava emprestada do meu pai para brincar e filmar planos diferentes quando ele não usava.
Foi só quando eu entrei para a faculdade, que comprei um sony que tirava fotos e fazia videoclipes curtos, de não mais do que 1 minuto.
Com ela fazia apresentações com meus parceiros da escola de arquitetura, lembro-me bem do Pink Floyd ao fundo... Filmávamos percursos pelos interiores das maquetes e fazíamos vôos de pássaros... Nessa época era um recurso pouco habitual.
2. Você é arquiteto?
Sim, formado pela Universidad Andres Bello, UNAB, em Santiago, Chile. Após concluir, trabalhei 3 anos com os Arquitetos Francisca Pulido e Felipe Assadi, e colaborarei em diversos projetos com diferentes estúdios de arquitetura tanto locais como estrangeiros, a exemplo do T38Studio no México, Alvano & Riquelme, Gross Arquitectos, Alejandro Soffia e Gabriel Rudolphy com quem atualmente estamos desenvolvendo o projeto do edifício Anexo Recoleta Dominica, concurso público que vencemos em 2011.
3. Por que você gosta de fotografar e fazer curta-metragens de arquitetura?
Eu considero isso um estilo de vida. É onde eu me sinto mais completo e confortável, onde eu posso encontrar comigo mesmo.
Quando eu estou parado frente à uma obra de arquitetura, é um momento especial e um desafio. Tenho que saber mesclar meu ponto de vista e minha interpretação da obra do Arquiteto. Quanto a isso tenho uma grande responsabilidade, pois é a oportunidade de mostrar a obra para milhões de pessoas que podem não ter a sorte de visitá-la. O poder as permite viver a experiência, de estar nele por alguns minutos, para mim é uma grande honra e um grande desafio.
4. Arquiteto favorito?
Impossível citar apenas um, eu tenho mais afinidade com aqueles que trabalham e exploram temas como a luz, materiais e poesia, no seu sentido mais amplo.
Se tivesse que mencionar alguns, ficaria com Solano Benitez e Mauricio Rocha.
5. Obra favorita?
Nenhuma em particular, todas elas possuem algo que as fazem únicas.
6. Como você trabalha? (independente? com revistas, arquitetos? você viaja muito?)
Faz 4 anos que tenho meu próprio estúdio dedicado à arquitetura, fotografia e registros audiovisuais. Eu costumo trabalhar sozinho ou com assistentes, dependendo do trabalho. Os projetos editoriais e documentais eu faço com o meu parceiro e amigo Mark Mendizabal.
Dividido os registros de arquitetura em duas áreas. 50% corresponde basicamente à pesquisa e registro de caráter puramente pessoal e os outros 50% são trabalhos para arquitetos ou empresas, isso me levou a estar constantemente em movimento tanto dentro e como fora do Chile. Publiquei meu trabalho em algumas revistas e tive contato com algumas editoras estrangeiras para fazer reportagens de projetos construídos aqui no Chile.
Paralelamente leciono projeto no Campus Criativo da UNAB e na Faculdade de Arquitetura, Arte e Design da Universidade Finis Terrae. Faço parte da equipe do ArqFilmFest e do Colectivo Animales Arquitectos.
7. Que equipamento e softwares você usa?
Tenho vários aparatos. Dependendo do lugar e do tipo de trabalho e equipamento que uso, mas basicamente trabalho com câmeras full frame da Canon.
Uso lentes de diferentes, em alguns casos, fixas bem abertas, em outros macro ou tele para os detalhes. Também uso diversos grips e, para as tomadas aéreas, um drone controlado por rádio.
Sobre o uso de softwares, para fotografia, Photoshop CC - CS6, Lightroom e Adobe Bridge. Para os curtas, FinalCut Pro.
8. Quais são as qualidades que vídeo ou curta-metragem trazem para a percepção de uma obra?
A arquitetura permanece estática no tempo e no espaço, no lugar onde foi projetada. Nós, as pessoas, os habitantes, somos os encarregados de percorrê-la, de vivê-la, de senti-la. O cinema, o vídeo, o curtametragem, por outro lado nos dá possibilidade de ver como esses lugares ganham vida nos mostrando através do movimento da luz e do som sua própria identidade. Através do formato vídeo se procura mostrar a obra tal como é. Sem maiores pretensões. Deixando que ela fale por si só com um roteiro de caráter sensorial, contemplativo, ligando e envolvendo os sentidos do espectador, conseguindo transportá-lo por alguns minutos ao lugar onde se projeta. Em muitos casos se mostra como a obra é habitada pelo usuário em movimento em seu interior. Em outros, por outro lado, como esta se mimetiza com a natureza, passando a formar parte da paisagem local.
Na arquitetura, nós arquitetos lidamos com o espaço no tempo, ao contrário do Cinema, onde o desafio está em trabalhar com o tempo no espaço.
Acesse aqui para ver mais vídeos publicados de Pablo Casals-Aguirre.
Você pode seguí-lo no Twitter @p_casalsaguirre,Instagram e também no facebook.
