Berlim é a cidade capital da República Federal da Alemanha, com seu distrito central de 3,4 milhões de habitantes e centro da área metropolitana de Berlim/Brandenburgo, com 4,4 milhões de habitantes. Sua população tem aumentado significativamente desde o final da Segunda Guerra Mundial. Após a reunificação alemã. Em 3 de outubro de 1990, Berlim converteu-se em uma cidade-estado independente, assim como Hamburgo e Bremen.
A construção em Berlim é particularmente dinâmica devido ao processo do pós-guerra ainda vigente mais de meio século depois e a renovação dos espaços que o muro desarticulou. A então divisão da cidade em seus quatro setores determinou o início de diferentes programas de obras que deixaram marcas no território, dando a essa cidade uma arquitetura eclética. A cidade possui 892 km² e uma densidade de 3.848 hab/km². Divide-se em 12 delegações e estas, por sua vez, em localidades reconhecidas por sua unidade.
Durante 2009, foram construídas 3.815 novas habitações em Berlim. Essas correspondem a uma área de 572.250 m² de novas edificações. Há 20 anos da queda do muro e há 10 que voltou a ser capital do país, todos se beneficiaram com algum subsídio. O certo é que Berlim segue reconstruindo-se. Tanto é que alguns especialistas locais têm apontado que “talvez seja necessário uma pausa para que a cidade reencontre-se consigo mesma, acomode-se e os berlinenses que ainda temem um futuro – que nunca acaba de chegar– deixem de temê-lo.”
O papel da habitação
O uso predominante do solo em Berlim é o residencial. Em 2009 foram construídas 3.815 novas unidades habitacionais, sobre uma quantidade total de 1.895 unidades. Desse total em 2009, 36,3% corresponde a habitações de três ambientes. Vale destacar que dos dois milhões de lares, metade corresponde a residências de um só habitante, e 25% a locais ocupados por duas pessoas.
A média de área habitável das unidades residenciais é de 117 m². Este indicador tem aumentado na última década – em 2001 eram 96 m² e em 2005, 112 m²– demonstrando uma tendência a criar residências maiores, ainda que a para uma só pessoa.
Em Berlim, a participação do setor da construção no total de empregos formais é menor que 5% e, segundo indicam os dados estatísticos oficiais, este índice tem decrescido em pouco mais de um ponto (1%) na década passada. Vale destacar que o setor que maior quantidade de empregos gera é o denominado “outros serviços”, que compreende atividades comerciais, hoteleiras, gastronomia e transporte, com 23% dos empregos gerados.
Identifica-se nos distintos indicadores certa constância nos últimos 3 anos a respeito da quantidade de novas unidade de habitações construídas. Em 2001 esse valor havia sido notavelmente mais elevado (praticamente o dobro), mas baixou em 2002 e 2003, e logo se manteve com pequenas variações com cerca de 3.000 unidades novas.
A cidade não parece seguir a lógica de outras cidades européias que foram afetadas pela crise mundial em 2008/2009. Outra tendência importante que se observa é a predominância do uso residencial e, em particular, o aumento das áreas das habitações, apresar de haver uma tendência em se construir espaços menores.
Uma cidade em obras
O Plano de Usos do Solo de 1994 planeja objetivos e propostas para toda a área urbana. Foi aprovado pelo Conselho Municipal e encontra-se em vigência, ainda que tenha sido atualizado através de periódicas emendas. O Plano encontra-se integrado ao marco amplo que outorga o Plano Metropolitano Berlim-Brandenburgo e serve também como Plano Regional, que constitui a base para aprofundar nos modelos de planejamento detalhados para as áreas de desenvolvimento estratégicos e outros subsetores da cidade.
A distribuição de usos que compõe o plano delineia os solos para construção, instalações comunitárias, transportes, prestação de serviços, espaços abertos, reservatórios de água e áreas de proteção ambiental. Duas vezes por ano são feitos ajustes no plano, que são trazidos à comunidade por um período de quatro semanas.
Berlim é uma cidade que está reconstruindo-se. Os bombardeios destruíram importantes edificações e, posteriormente, a divisão da cidade marcou uma desproporção nos programas iniciados em cada um dos seus setores para reconstruir o parque edilício.
Nesse contexto, enquanto edifícios antigos mantém-se de pé e demonstram sua força ante os dramáticos acontecimentos, novos edifícios são construídos. Muitos deles são definidos como desproporcionais à escala da cidade e sua estética, em contraste com os edifícios históricos. Berlim é uma cidade atualmente em obras, onde grande parte da paisagem é ocupada por guindastes e gruas. No entanto, muitos consideram que a cidade, em sua reconstrução, não articula o antigo com o novo.
Por Guillermo Tella, via Plataforma Urbana. Tradução Eduardo Souza, ArchDaily Brasil.