Perspectivas sobre Nova Iorque: uma aproximação ao modelo morfológico

Nova York é a cidade mais populosa do Estado de Nova York, nos Estados Unidos. Com 8,4 milhões de habitantes em 830 km² é centro de uma região metropolitana com 22 milhões de pessoas. É um dos centros nevrálgicos da economia mundial, juntamente com Paris e Tóquio, sendo um dos principais centros de finanças, seguradoras, imobiliárias, meios de comunicação e artes dos Estados Unidos.

É composta de cinco boroughs, ou distritos: Bronx, Brooklyn, Manhattan, Queens e Staten Island, cada qual com uma densidade particular, estilos arquitetônicos e usos, contando com sua própria identidade cultural. Nova York possui importantes edifícios em uma ampla gama de estilos arquitetônicos; como os edifícios Woolworth de estilo neogótico, o projeto artdeco do Crysler Building, o Seagram, de estilo internacional, entre outros. Os distritos residenciais definem-se por seus elegantes pátios e petit hotel, conhecidos como browstone, que foram construídos durante um período de expansão da cidade, compreendido entre 1870 e 1930.

Desde sua consolidação em 1898, a cidade de Nova York tem sido uma municipalidade metropolitana, com um sistema de governo liderado por um prefeito e a Câmara Municipal. O distrito de Manhattan é o mais denso e onde se encontram a maioria dos arranha-céus da cidade, além do Central Park.

O distrito é o centro financeiro da cidade e localiza as sedes gerais de importantes corporações, como a ONU, além de grandes universidades e muitas atrações culturais, incluindo museus, os teatros da Broadway, Greenwich Village e o Madison Square Garden. Manhattan divide-se, basicamente, nas regiões de Lower, Midtown e Uptown. Essa última é dividida pelo Central Park em Upper East Side e Upper West Side, e ao norte do parque, recebe o nome de Harlem.

Evolução da construção na última década

Apesar da crise econômica que afetou o país, a construção em pequena escala aumentou na cidade desde 2010, demonstrando que o setor da construção segue sendo uma das atividades econômicas mais importantes. A quantidade de grandes construções decresceu durante esse ano.

As grandes obras começam a concentrar-se no Ground Zero, como a reconstrução do World Trade Center, com a denominada Torre da Liberdade (com 541 metros de altura) que ocupará o lugar onde se encontravam as Torres Gêmeas antes dos atentados de 11 de setembro de 2001. Instaurou-se, inclusive, um intenso debate entre aqueles que defendem a liberdade de religião e os que priorizam a segurança nacional, a respeito da construção de uma mesquita próxima à área do Marco Zero.

Por ser um dos principais centros econômicos financeiros do mundo, Nova York tem um importante parque edificado dedicado a escritórios e sedes de corporações. O edifício mais associados a imagem da cidade é justamente o arranha-céu, aproximadamente 4.500 deles. Quanto ao uso residencial, em 2000 foram contabilizados 3,2 milhões de unidades residenciais e 3 milhões de casas. A família média possui 2,59 membros.

Na cidade, o setor da construção representa 4,25% dos empregos formais gerados dentro da população ocupada, que é de 3,3 milhões de pessoas. Destaca-se que em Nova York a quantidade de pessoas empregadas na construção é maior do que gera o setor do comércio atacadista e um pouco menos do que o número de empregos criados pelo governo.

Para analisar as tendências, é necessário observar os diferentes processos que se produzem em cada distrito, e que são muito distintos entre si. Por exemplo, identificamos como primeiro dado uma tendência à maior concentração das novas edificações no distrito de Manhattan, seguido por Brooklyn.

Permissão para construir outorgada em cada distrito.. Image Cortesia de Departamento de Construção, Governo de Nova Iorque

Em 2008, houve uma redução nas taxas que vinham dando a concessão de licenças. Menos licenças significa menos intenção de construção. Por outro lado, em todos os distritos o número de licenças cresceu durante a década de 2000. Finalmente, dentro desses crescimentos, enquanto Manhattan ostentou altos indicadores em comparação com outros distritos, os demais tendem a um crescimento acentuado (Brooklyn, Queens e Bronx). Em sua evolução tendencial, apresentam-se alguns dados específicos relativos à última década para cada um dos diferentes distritos da cidade.

Evolução na tendência construtiva em cada distrito na última década. Image Cortesia de Governo de Nova Iorque, Departamento dePlanejamento

Forte dinamismo imobiliário nos bairros "da moda"

Em Nova York, a principal ferramenta normativa é a Resolução de Zoneamento, que consta de 12 artigos que estabelecem os distritos de zoneamento e normas que regulam o uso do sole e o desenvolvimento. Os artigos I a VII contemplam o uso, estacionamentos e demais normativas aplicáveis a cada distrito de zoneamento. Os três artigos principais são: Artigo II, com os regulamentos para os distritos residenciais; Artigo III, dos distritos comerciais e Artigo IV, dos distritos industriais. Os artigos VIII e XII estabelecem a finalidade e os regulamentos para cada Distrito Especial de Propósito.

Em 2005, incorporou-se o inovador Programa de Habitação Inclusiva para promover habitações a preços acessíveis nos novos empreendimentos residenciais. O programa favorece a integração econômica dentro da reurbanização de bairros, aproveitando a atividade do mercado privado para gerar habitações a preços razoáveis. Ao proporcionar um bônus para área construída ou conservação de habitações de menor renda, o zoneamento inclusivo aproveita a força do mercado da habitação da cidade para criar uma mescla de unidades para famílias com menos recursos, junto com apartamentos a preço de mercado.

Quanto à regulação de alturas nos distritos de zoneamentos densos, existem dois tipos de critérios utilizados na Resolução de Zoneamento. O primeiro é o “Não Contextual ou Normas de Fator de Altura” (Non-Contextual or Height Factor Regulations) e baseia-se em promover o desenvolvimento de edifícios em altura de perímetros livres. Em cada distrito, a altura permitida é fixada por um conjunto de critérios relacionados com a ocupação do solo e do espaço. Quer dizer uma relação entre o fator de ocupação de solo (pegada do edifício) e o fator de ocupação total (área total construída).

O segundo correspondente ao modelo Contextual ou Normas para Habitações de Qualidade (Contextual or Quality Housing Regulations), dos anos 80 para dar resposta à preocupações derivadas das normas de alturas que resultavam em edifícios fora de escala com seu entorno construído. Com o qual, para promover a construção da habitação qualificada, criou-se um programa que permite que os edifícios tenham maior ocupação do solo (do terreno) dentro de limites de altura pré-fixados. Deixa-se menos espaço aberto para estacionamentos e estes são locados no subsolo, retirando os recuos frontais.

Tipologia resultante da aplicação de: 1) critériosnão contextuais e 2) critérios contextuais. Image Cortesia de Governo de Nova Iorque, Departamento dePlanejamento

Em Nova York, faz aproximadamente quatro anos que se iniciou o processo de “gentrificação” do setor norte do Central Park, com o Projeto 111 Central Park North como âncora deste novo impulso ao desenvolvimento imobiliário. No entanto, a parte da cidade sobre o Parque Central, entre as Avenidas Quinta e a Oitava, é quase o mesmo que anteriormente ao projeto.

O bairro, na realidade está desolado: "Ninguém está morrendo de vontade de chegar lá", assegura o setor imobiliário. É um ótimo lugar com vista para o parque, mas não há bairro. Contudo, isso pode mudar se for produzido um forte dinamismo imobiliário como nos bairros mais procurados que oferecem uma boa qualidade de vida, como Park Slope e Lower East Side.

Em consequência, em Nova York, a construção é a atividade mais importante, onde os edifícios altos são uma das tipologias distintivas. Apesar do cenário de crise, o número de licenças cresceu ao longo da década, com um forte dinamismo imobiliário em bairros mais movimentados. Finalmente, de acordo com esses processos evolutivos, também se tende a mudar o uso, tão consolidadas como tais, com as áreas centrais vão cedendo usos residenciais por espaços destinados a escritórios, lojas e serviços.

Por Guillermo Tella, vai Plataforma Urbana. Tradução Eduardo Souza, ArchDaily Brasil.


Sobre este autor
Cita: Romullo Baratto. "Perspectivas sobre Nova Iorque: uma aproximação ao modelo morfológico" 11 Dez 2013. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-159458/perspectivas-sobre-nova-iorque-uma-aproximacao-ao-modelo-morfologico> ISSN 0719-8906

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