Em setembro deste ano foi realizado o oitavo Hay Festival, na cidade de Segovia, Espanha. O festival reuniu um interessante programa de atividades culturais, que este ano celebravam os 40 anos de relação entre a Espanha e a China, ocasião que atraiu o laureado do Pritzker 2012, Wang Shu. No entanto, Shu não apenas aceitou o convite, mas também participou de conferências e debates sobre a arquitetura contemporânea chinesa, juntamente com sua esposa, Lu Wenyu.
A arquiteta Lu Wenyu fundou, ao lado de Wang Shu, o escritório "Amateur Architecture" em 1998, e tem participado, juntamente com seu marido, de todos os projetos do estúdio. Por isto, a nomeação de Shu, apenas, para o Prêmio Pritzker causou reações diversas no mundo da arquitetura. Em ocasiões anteriores, o renomado prêmio já havia sido entregue a sócios, como em 2001 para Herzog & de Meuron, e em 2010 para o SANAA, estúdio liderado por Kazuyo Sejima e seu sócio e companheiro Ryue Nishizawa. Décadas antes, o Pritzker já havia experienciado um episódio polêmico ao entregar o prêmio exclusivamente a Robert Venturi, desmerecendo, assim, o trabalho conjunto que realizara com sua esposa e sócia Denise Scott Brown. Ressurge, então, a pergunta: Por que a esposa de Wang Shu e sócia fundadora do "Amateur Architecture" não havia recebido o prêmio Pritzker?
Em uma entrevista com o jornal El País, durante o festival Hay Segovia, Lu Wenyu disse que seu marido e sócio quis compartilhar com ela o Prêmio Pritzker de Arquitetura 2012. Segundo Lu Wenyu, as razões que a fizeram não aceitar o Pritzker tem a ver com o custo da fama: "Na China, se você fica famoso, não vive mais. Quero uma vida e prefiro passá-la com meu filho."
Além disso, Lu Wenyu realiza um importante trabalho acadêmico. Há doze anos leciona da Escola de Arquitetura que fundou juntamente com Wang Shu na cidade de Ningbo. Quanto a isso, comentou com o El País: "Com um edifício pode-se fazer pouco. Dar aulas era a única maneira de multiplicar o impacto do que nos parece fundamental: não destruir a China. A globalização começou há séculos, porém, deveria representar melhorias, não destruição. No meu país as antigas vilas estão sendo destruídas, por isso decidimos trabalhar com os destroços, para construir a partir desta destruição.
Em 2011, contudo, Lu Wenuy aceitou receber o Prêmio Schelling juntamente com seu marido. Sobre isso, responde: "Sabia que não mudaria minha vida. Sou feliz por poder praticar a arquitetura que acredito que pode ajudar nosso povo e nossas cidades a serem melhores. Estou convencida de que falar disto desperta interesse em outras pessoas, porém, não quero ser famosa. E se estou equivocada, sei que o erro é um efeito secundário de se tomar decisões. Se não admitimos o erro, convertemo-nos em pessoas monotemáticas"