O projeto Plug-In City, do grupo Archigram, nunca foi construído, mas seus conceitos e ideias provocaram (e ainda provocam) intensos debates que mesclavam arquitetura, tecnologia e sociedade. Quando a Plug-In City foi proposta em 1964, o projeto oferecia um enfoque novo e fascinante ao urbanismo, invertendo a percepção tradicional do papel da infraestrutura na cidade.
Mais sobre este inquietante projeto seguir.
Entre 1960 e 1974 o grupo Archigram concebeu mais de 900 projetos, entre eles o plano para a “Plug-In City” de Peter Cook. Este projeto provocador sugere uma cidade fantástica cujas unidades residenciais modulares se “conectam” a uma máquina central que proveria toda a infraestrutura necessária. A Plug-In City não é de fato uma cidade, mas uma megaestrutura em evolução constante que incorpora residências, transporte e outros serviços essenciais – todos transportáveis por enormes guindastes.
As preocupações e precedentes da modernidade colocam como questão central da Plug-In o impulso teórico da Cidade, que não se limita ao conceito da vida coletiva, à integração do transporte e à acomodação das mudanças rápidas no entorno urbano. Em seu livro Archigram: Arquitetura sem Arquitetura, Simon Sadler sugere que “A estética do incompleto, evidente em todo o sistema plug-in, e mais marcada nas megaestruturas precedentes pode ter derivado das obras de construção que acompanharam a reconstrução econômica da Europa”.
A insatisfação com o status quo impulsionou a experimentação arquitetônica coletiva a sonhar com cenários urbanos alternativos, que se elevam sobre a face do formalismo superficial e das tendências suburbanas tediosas e comuns do modernismo britânico da época. Plug-In City, junto com outros projetos como The Walking City ou The Instant City, sugeriu um modo de vida nômade e, sobretudo, uma libertação da resposta modernista dos subúrbios.
O Archigram foi formado em 1960, na Associação de Arquitetos de Londres, por seis arquitetos e designers: Peter Cook, Warren Chalk, Ron Herron, Dennis Crompton, Michael Webb e David Greene. Em 1961, Archigram (uma publicação de mesmo nome, que deriva da combinação das palavras “arquitetura” e “telegrama”) nasceu como uma revista cheia de poemas e desenhos. Como David Greene escreveu no primeiro número, a revista constitui uma plataforma para as vozes de uma geração jovem de arquitetos e artistas.
“Uma nova era da arquitetura deve surgir com formas e espaços que parecem rejeitar os preceitos do ‘Moderno’ porém, também, conservando estes preceitos. Optamos por ignorar a imagem Bauhaus em decomposição, que é um insulto ao funcionalismo.”
As visões do Archigram conseguiram, efetivamente, inspirar uma nova geração de arquitetos e de arquitetura. O mais evidente é sua sugestão radical de revelar elementos de infraestrutura e inverter as hierarquias tradicionais da construção, gestos que inspiraram o famoso Centro Pompidou de Richard Rogers e Renzo Piano. Além disso, seus projetos e visões continuam sendo invocados no pensamento urbano na atualidade.
Por Karina Duque, via Plataforma Urbana. Tradução Naiane Marcon, ArchDaily Brasil.