Postada originalmente na Metropolis Magazine, Samuel Medina fala sobre os danos irreparáveis causados pelo vandalismo na Capela de Ronchamp, de Le Corbusier.
Na semana passada, uma freira alertou que a Capela de Ronchamp, considerada por muitos uma das mais incônicas obras arquitetônicas do último século, foi vandalizada. Quando a polícia chegou na cena do crime, encontraram sinais que os vândalos forçaram a entrada: uma das jalenas executadas por Le Corbusier estava quebrada e alguns elementos de concreto estavam faltando. Assim como publicado no Le Monde, os criminosos também tentaram invadir através da porta principal. De acordo com alguns, não é possível estabelecer o valor do dano geral, já que um dos vidros quebrados continha uma ilustração original do arquiteto. Uma avaliação inicial do departamento de monumentos históricos considera a janela irreparável.
A Fundação Le Corbusier, que protege as obras artísticas e arquitetônicas de Le Corbusier, declarou que medidas emergenciais fossem tomadas para garantir a segurança do local tombado. A declaração, de Antoine Picon, Presidente da Fundação, citou a Associação Oeuvre Notre-Dame-du-Haut quando disse que "deveria proteger melhor o patrimônio do século XX e este de Le Corbusier em particular." Picon também se aproveitou da oportunidade para apontar o triste estado da estrutura e conservação da Igreja, em particular "problemas com mofo, infiltrações e conservação precária da alvenaria."
Ronchamp é um dos edifícios mais idiossincráticos de Le Corbusier. O projeto da igreja mescla elementos católicos tradicionais - o crucifixo, uma efígie da Virgem Maria, com um léxico de símbolos do própro arquiteto. A porta de cerâmica pintada à mão na parede oeste contém símbolos que pouco tem a ver com a história da arquitetura e design eclesiásticos. O mesmo acontece com a parede modular com aberturas em vidraças coloridas, que recria os vitrais medievais numa versão modernista. A janela quebrada é relatada ter sido assinada pelo próprio arquiteto, embora as imagens da janela intacta parecem contradizê-los. Cerca de 80 mil turistas visitam anualmente Ronchamp, enquanto a paróquia continua a usar a igreja para os serviços.
Veja os danos neste vídeo: