Grandes eventos esportivos implicam em grandes investimentos públicos, e foi pensando nisso que Estocolmo, capital sueca, optou por não sediar os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022.
A decisão foi tomada através de uma votação entre partidos políticos e teve, inclusive, o apoio do prefeito, que não via necessidade da cidade se candidatar à disputa para receber o evento.
O argumento: a cidade tem prioridades mais importantes e o dinheiro público dos contribuintes deve antes ser usado para fins mais democráticos e urgentes. Não se pode negar que se trata de uma argumento bastante convincente e que deveria ser considerado por outras cidades que visam sediar tais eventos.
Não posso recomendar à Assembleia Municipal que dê prioridade à realização de um evento olímpico. Temos outras necessidades, como a construção de mais moradias", disse o prefeito Sten Nordin.
No jornal Dagens Nyheter, o secretário municipal de Meio Ambiente de Estocolmo, Per Ankersjö, escreveu um artigo defendendo a decisão.
“Os cidadãos que pagam impostos exigem de seus políticos mais do que previsões otimistas e boas intuições [sobre o orçamento]. Não é possível conciliar um projeto de sediar os Jogos Olímpicos com as prioridades de Estocolmo em termos de habitação, desenvolvimento e providência social", disse.
Impossível não traçar um paralelo entre a decisão tomada pelas autoridades de Estocolmo e as recentes manifestações que ocorreram nas ruas de várias cidades brasileiras contra o modo como as decisões públicas são tomas em relação aos eventos esportivos que acontecerão nestes dois anos que estão por vir.
No Brasil – bem como na África do Sul, sede da Copa do Mundo de 2010 – além das enormes despesas, as obras voltadas aos Jogos - direta ou indiretamente – implicaram numa série de transformações espaciais que, não surpreendentemente, elevaram o preço do solo e implicaram, com isso, na remoção de centenas de famílias dos locais onde habitavam.
Como disse o partido sueco Kristdemokraterna, "apresentar uma candidatura aos Jogos Olímpicos seria especular demais com o dinheiro dos contribuintes.”
Referência: exame.abril