Quando o petróleo começou a fluir, a cidade de Abu Dhabi tinha apenas 46.000 habitantes, quatro doutores e cinco escolas. Os ricos tinha casa de barro; as famílias mais pobres construíam suas casas com bambu. Passados 50 anos, em 1958, os exploradores britânicos descobriram que ali se encontrava a quinta reserva de petróleo do mundo, e 90% desta estava, precisamente, abaixo de Abu Dhabi.
Hoje esta cidade, capital dos Emirados Árabes Unidos, conta com a decima parte de todo o petróleo na terra, mais de $1 trilhão de USD investidos no exterior, e uma cidade que cresce de uma maneira inimaginável, gerando alianças e projetos urbanos de grandes proporções com as grandes potências mundiais.
Localizada a uns 130 km de Dubai, outra das grandes cidades do país, Abu Dhabi conta com um desenvolvimento urbano caraterizado pela abundância de recursos baseados nos petrodólares. Esta cidade, em pleno boom imobiliário e com mais de $200 bilhões de dólares destinados à inversão urbana nos próximos 10 anos, conta uma historia de desenvolvimento pouco comum no mundo interior, unicamente comparável na atualidade com os gigantes asiáticos, China e Índia.
A imagem em Abu Dhabi é esperançosa para tudo aquilo que se relacione com a construção civil. Não é por coincidência, que se construíra um dos complexos hoteleiros mais caros do mundo, com $1,3 bilhões de USD para a construção de três arranha-céus, dois hotéis cinco estrelas e um souk. O souk corresponde a praça de mercado e intercâmbio das cidades islâmicas. Esta tipologia de praça é possível encontrar em grande parte do norte da África, Oriente Médio, e as cidades da Península Árabe.
Pode-se conseguir um bom cartão postal da cidade fixando o olhar na costa, marcada pelo intenso azul das águas do Golfo Pérsico, e onde começaram a construção de pequenas ilhas (construídas artificialmente com terra obtida em grandes escavações dos arranha-céus na parte continental) que acolherão novos grandes edifícios, hotéis, museus, hospitais e indústrias, que em parte, são financiadas pelo governo e por capitais privados.
Abu Dhabi se move rápido. Tanto que Khaldoon Khalifa al Mubarak, um executivo da Mubadala Development, uma das empresas de desenvolvimento imobiliário mais importantes de Abu Dhabi, conta sua experiência. Em que cidade do mundo pode-se dizer “quero uma companhia aérea”, e depois boom, dois anos depois você tem 21 aviões e 37 destinos habilitados. Em quantos lugares do mundo pode-se dizer “necessito de 15 mil quartos de hotel” e boom, já tem 100 novos hotéis operando na cidade. Em quantos lugares do mundo pode-se dizer “quero um hospital de escala mundial, universidades e museus” e boom, ali se instala a Sorbonne de Paris, a Cleveland Clinic, o Guggenheim e o Louvre, todos em um mesmo lugar.
A coisa parece tomar cada vez mais extensão. Deve-se experimentar a oportunidade de visitar uma destas cidades petrodolarescas, e comparar a vivência com as cidades ocidentais que já passaram por seu processo de desenvolvimento urbano, como os EUA e a Europa.
Neste caso assincronia do processo urbano nos mostra que esta cidade nos anos 50 alcançou seu desenvolvimento de maneira surpreendente, e o resultado é mais ou menos previsível. A imagem da urbe occidental começa a superar as fronteiras culturais, com uma imagem que não se distancia muito de Chigaco, Seattle, para citar algumas cidades americanas. A globalização a serviço do desenvolvimento e dos petrodólares.