Este ano é Victoria-Gasteiz a cidade que ostenta o titulo da Capital Verde Europeia, incentivando a orientação de todos seus atributos ao desenvolvimento da qualidade de vida urbana de seus cidadãos. Este prêmio é baseado na premissa de que as principais ações sobre o meio ambiente dever ser exercidas sobre os espaços locais, embora os impactos transcendam a uma escala global. É nas cidades onde podem acontecer as maiores transformações em relação às praticas de quem ali habita e se relaciona. Ainda assim, este reconhecimento se internacionaliza ao gerar uma rede de práticas inovadoras, que possam ser aplicadas por outras cidades que buscam comprometer-se com a sustentabilidade em seu desenvolvimento. Vitoria-Gasteiz se posiciona assim no mapa.
Com capital de fato do país Basco e por estar encravada em uma intersecção de caminhos, ergue-se historicamente em um terreno estratégico no âmbito militar, cultural e comercial. Também foi uma cidade planificada e replanificada, desde sua ampliação medieval no começo do século XIII, que gerou espaços emblemáticos de costura na defasagem entre a cidade antiga e sua expansão. Atualmente, mantem-se como um foco estratégico dentro do eixo Atlântico e posiciona-se como uma cidade ponte e bem conectada dentro de seu sistema regional.
O desafio para uma cidade desse tipo é gerar redes eficientes que permitam internalizar os benefícios de sua conectividade sem perder a qualidade de seu território urbano e natural. Para alcançar a maior rentabilidade em sua condição de cidade em rede, a prefeitura busca construir um selo verde, gerido não por um só departamento, mas derivado do trabalho conjunto e transversal do Urbanismo, Via Pública, Cultura, Limpeza, entre outros. O Selo Verde permite aos governos locais construir uma política transversal que construa espaços de interação entre os distintos setores administrativos, dando resultados de maior inovação.
Assim, os projetos verdes estão dotados de uma visão integral. Há um ano, desenvolve-se o Plano de Mobilidade Sustentável associado às linhas de ônibus na cidade, enquanto ao mesmo tempo potencializa-se a gestão da água e dos resíduos urbanos. Os projetos sobre as áreas verdes tendem a uma integralidade, resolvendo o anel verde periférico, que traça uma franja de restauração e recuperação ambiental na periferia, na busca em realçar o valor paisagístico de certos encraves ecológicos existentes. Também está pensado como um circuito alternativo de mobilidade, a pé ou em bicicleta.
Estas aspirações da cidade não surgem do nada. Pode-se dizer que Vitoria-Gasteiz veio cultivando sua vocação verde há 30 anos, quando se buscou articular a participação dos cidadãos com a dos políticos, técnicos e todos aqueles encarregados de construir cidade. Quando não existem estes espaços de participação devidamente consolidados, dificulta-se a tarefa de gerar mudanças nas práticas do habitar e do consumo dos habitantes. Cidades com essa cultura de participação manifestam resultado mais eficientes na resposta social frente à implementação de projetos e programas de caráter sustentável. É possível afirmar que para alcançar o status de cidade verde é necessária, antes de tudo, a construção de espaços de comunicação, que, em última instância, orienta até a maior rentabilidade em qualquer plano que seja projetado na cidade.
Por: Dominique Mashini